quinta-feira, 29 de julho de 2010

Amar é... cair de quatro
Por Tadeu Nascimeno


Os amores, por mais desastrados que foram nas nossas vidas, são muito importantes, posto que ocupam nossas lembranças. Uns mais, outros menos. Com eles aprendemos, choramos, tivemos filhos, tivemos grandes momentos, brigamos, também fizemos as pazes, viajamos, nos entregamos de alma, nos separamos, nos distanciamos, nos... até nunca mais, seja feliz. Quis o destino que seria preciso passar por todos esses amores. Fico a imaginar, quando o sol das nossas vidas baixar na linha do horizonte; quando a morte estiver batendo nas nossas portas, eu me perguntaria: o que foi feito de fulana? O que ela estaria fazendo hoje? Ela estaria mais gorda? Ela se cortou nos cabelos? Será que se envelheceu, tanto quanto eu? Será que ela sabe, se eu ainda existo? Será que ela sabe que padeço do diabetes? Será que guardou mágoas de mim, ou será que não tive importância alguma na sua vida? E de Beltrana, que acabou com o nosso relacionamento para se casar com outro, e que passou a viver às turras com o marido, será que ela o deixou? Mudou-se para Paris? Jurava ela que não morreria antes de morar, pelo menos um ano, em Paris? Nunca mais, tive dela notícias. Como era bela! E o que foi feito daquela que eu tinha absoluta certeza que eu enlouqueceria sem o seu amor? E ainda daquela outra que achava que eu seria último homem da sua vida e que- no entanto- me trocou por outro 5 anos mais novo e que dias depois ela também foi trocada por uma, 10 anos mais nova? Eu sei, isto acontece com todo mundo.
Ficção à parte, não me arrependo de nenhum relacionamento, aliás, sou eternamente grato. Peço sinceras desculpas pelas faltas cometidas- que não foram poucas- Por ação ou por omissão. Sei que a vida é um sopro de tão rápida e que é preciso que sejamos intensos- isto, sei que fui- senão os relacionamentos morreriam rapidamente por inanição e não teria sentido esta crônica. Para viver um grande amor não é só preciso ser um bom sujeito, ter muito peito- peito de remador- como dizia Vinicius de Moraes, mas também é preciso cair...cair de quatro e é por isso que os meus joelhos (e o coração) estão sempre escalavrados! Por mais que sejamos ridículos (o amor é ridículo), cafonas (o amor é brega), tolos (o amor é insano) e que acabemos dando com os burros n'água, os amores são inesquecíveis.
Quem, caro leitor, honestamente, não se lembra de alguém que um dia mexeu com a sua vida? Não muito raro, amores se reencontram décadas depois, já avôs e avós, e que se acertam e misturam as suas intimidades já bastante conhecidas, num gesto de uma nova promessa de amor para sempre.
Reencontros. Imagine você admirando títulos de livros através de uma vitrine de um shopping e de repente, reflete no vidro a imagem de alguém que um dia você se entregou de corpo e alma e rapidamente você se vira como tivesse levado um choque de 220 volts e os seus olhares se cruzam e ela o cumprimenta sem graça, com um "oi, tudo bem?", e você, com a voz embargada, repete a mesma pergunta e acabam sem saber como estão porque apenas se perguntaram e não se responderam nada. E você fica sem chão o resto da noite; fica fora do ponto e atônito, sua mente navega num passado que gostaria que não estivesse. Anda alguns passos bem medidos e se vira para trás, justamente quando ela também volta o rosto e depois de flagrados os olhares, baixa a cabeça e vai tomar um chope para acalmar o coração (pra isso, serve o chope). Parece que ainda existe uma pequena chama que só faltaria alimentá-la. Gostaria de perguntar tantas coisas, de dar um abraço apertado, talvez um beijo, mas a distância que se perdeu no tempo, impede. Votam a caminhar em sentidos opostos. Fatos como esse, são os que nos levam a nos perguntar sobre as pessoas que passaram pelas nossas vidas e que servem para confirmar que foram muito importantes. Que bom que inventaram o chope!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Cinturinha de Pilão


O sexy appeal das mulheres

Por Tadeu Nascimento

Falemos da atração feminina, falemos do sexy appeal das mulheres. Sexy appeal são nuances de atração entre humanos. Atração que se baseia em muitos detalhes como na visão, no odor, nos pequenos e sutis sinais como a voz, o movimento de cada um. É quando alguém exala sensualidade. É o que muitas vezes entendemos por tesão.
A química da atração é um mistério. Pode ser por um corpo num todo ou por uma parte específica deste. Tem homens para todo tipo de tesão. Há quem tem atração/tesão por pés. São os chamados podólatras. Esses fazem apaixonados discursos enaltecendo o tamanho, a delicadeza, o formato, os detalhes das unhas de um par de pés bem cuidados. Outros, por nádegas grandes (seriam nadególatras ou bundólatras?). Existem os que são atraídos por saboneteiras- dos ombros- que só existem em mulheres magras. Há quem defende teses sobre o sexy appeal que possuem as mulheres de peiadores (tornozelos) finos. Quando menino, ouvi muitas vezes os mais velhos dizendo "Nada melhor que uma cabrochinha de 'piador' fino!" ou ainda "Dou uma fazenda por uma mulata de 'piador' fino!"" Esses obcecados por essa parte final das canelas, viajam na batatinha imaginando o poder da libido dessas mulheres. Outros, ao contrário, deliram por mulheres que tem o sexy appeal nas pernas torneadas e roliças. Tem aqueles que se vem enroscados num par de pernas de uma mulher magra e esguia como uma gazela. Muitos sucumbem diante de um par de seios com bicos apontados pra lua ou ainda por um colo de seios bem harmonioso. Conheço um cidadão que perde o rumo quando vê uma escurinha e quanto mais caída pra negritude, mais se desorienta; assim como há que tem tesão por gordinhas; por mulheres com cabelos tipo Joãozinho, bem curtinhos. Há também quem é chegadinho a mulheres com bocas grandes. Quando cursava universidade, tive um amigo que tinha frisson por axilas. Para ele, certas mulheres tem o sexy appeal debaixo dos braços. Ele se justificava dizendo que a axila tem o formato que lembra o órgão sexual feminino. E ele realmente não tirava os olhos das axilas às mostras, de qualquer mulher que estivesse próxima, principalmente se a mulher tivesse as axilas depiladas há poucos dias. Outro conhecido, tinha tesão por mulheres com sardas. "Por mim, todas mulheres deveriam tomar banho de sol com peneira para se enfeitarem com sardas!"-, brincava. Vai entender os homens!..Tem gosto pra tudo e pra todos.
Mulheres com cinturas finas. Não há quem não admire e não se desconcerte. Mulheres com esta anatomia- tem um par de covinhas um pouquinho acima da região glútea e tal qual as formigas, tem nádegas empinadas, arredondadas e perfeitas- Cinturinhas finas também chamadas de pilão elevam a testosterona a níveis insuportáveis e provocam quase sempre doloridos torcicolos, alucinações e principalmente insônias nos machos convictos, garantem os bundólatras. A bem da verdade, as mulheres que mexem com a nossa libido e que nos fazem suspirar, trazem-nos felicidade e dão sentido às nossas vidas. Amém.

quinta-feira, 15 de julho de 2010



O vendedor de algodão-doce

Por Tadeu Nascimento


Já vem de alguns anos, a obsessão do empresário Eike Batista em ser o homem mais rico do mundo. Para ele a felicidade passa pela vaidade de ser o homem mais cobiçado do planeta. Não pelo que é, mas pelo que tem. Problema dele. Pragmático, não se importa se dele querem só o dinheiro. Aliás, grande parte sua riqueza material é herança de seu pai Eliezer Batista, presidente da Companhia Vale do Rio Doce, na época da ditadura. Ex-esposo da linda Luma de Oliveira, Eike viu o poder de sua grana, ser rebaixado às cinzas, quando Luma o traiu com um simples policial do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Pior ainda quando, meses depois, ela desfilou na Marquez de Sapucai, - mais uma vez semi-nua- com uma coleira no pescoço, escrito Eike, sugerindo perdão e submissão ao marido traído. O mundo todo viu tamanho mico. Problema dele. Divorciaram-se. Em 2008, Eike numa coletiva à imprensa, disse que no ano seguinte, seria o homem mais rico do mundo. Os fiscais da Receita Federal, diante de tamanha exteriorização de riquezas, fizeram-lhe uma visitinha que lhe causou uma pequena dor de cabeça e algumas multas de alguns milhares de reais. Neste caso, não se tratou de um simples mico, mas de um King Kong. Problema dele.
Eduardo de Tal, anda- à noite- a passos largos, quase correndo, carregando como quem carrega um estandarte, um tubo de PVC cravado de palitos com algodão-doce coloridos envolvidos em saquinhos plásticos que ele vende pelo simples valor de um real, a unidade. Com um pequeno boné que protege a sua cabeça de senhor de meia idade com poucos cabelos, da friagem da noite, atravessa boa parte da cidade, a pé, vencendo 15 kms na vinda e outros tantos para voltar para sua pequena casa escondida, perto do trevo que dá destino à Inhumas, além de outras distâncias indefinidas de bar-em-bar. Uma versão urbana e atual de Dom Quixote. Faça frio ou chuva, o nobre guerreiro de açúcar- sem se derreter e sem se render- percorre os bares de Goiânia a vender doçura. E o mais interessante, a venda não é para crianças, mas para adultos, quase sempre para mulheres. Se não bastasse tanta singeleza, traz sempre no bolso da camisa dezenas de "santinhos" com dizeres religiosos que não são mais que convites para se interagir com Deus que ele distribui aos seus clientes. É de se perguntar: como este pobre homem, vive sempre a sorrir? Com que força tem este pobre andarilho-vendedor que percorre- de bem com a vida- os quatro cantos do Setor Oeste, do Marista, do Bueno às vezes, nas horas altas da madrugada?
A princípio, parece um pobre coitado. Não o é. Eduardo é apenas um homem simples, humilde, que estampa na face um sorriso imenso de causar inveja. Acho que este é o seu único mal- se realmente causa. Eduardo não tem problemas existenciais, não corre o risco de sequestro, não paga duplicatas, não tem cheques pre-datados a cobrir e tampouco, recebe cheque sem fundos e o melhor, não tem o fisco como algoz. Sempre que o encontro, faço-lhe a mesma pergunta:
-Meu amigo, você ainda é feliz?
E ele, me reponde com um sorriso largo:
-Felicíssimo!
E com esta certeza fica, para mim, mais evidente que precisa-se de muito pouco pra ser feliz!

quarta-feira, 7 de julho de 2010


Johnny Depp e suas tatuagens


Até que o raio laser nos separe

Por Tadeu Nascimento



É sabido que a cirurgia plástica tem muito contribuído para beleza das mulheres. Nada contra. Todavia, sempre fui adepto às coisas naturais, principalmente as que se referem ao corpo humano. E tudo que força a barra, me intriga. As tatuagens e os piercings, por exemplo. Outro dia, vi uma mulher, cujo corpo, lembrava mais uma das pinturas de Salvador Dali. Quando ela se sentou e cruzou as pernas, a tatuagem que trazia em uma das pernas, causava a impressão de um relógio se derretendo. Na nuca, uns dizeres que eu não sei era em grego, japonês ou em dialeto africano. Sem contar que pendia três argolinhas em uma das narinas; nas orelhas, dois enfeites que pareciam duas rolhas enfiadas nos lóbulos. Imagino- melhor nem ousar- o que se poderia estar grafado ou incrustado no resto corpo que ficava por debaixo dos panos. E para completar, um par de olheiras roxas que sugeria que era filha de Bento Carneiro, o Vampiro Brasileiro. Uma agressão ao bom senso. Quem conhece a banda de rock Sepultura, sabe que seus componentes são todos tatuados com as figuras mais horripilantes, inclusive com a figura do demo. Há quem goste de uma borboleta, um beija-flor ou uma rosa, em tamanhos delicados, tatuados no corpo. Tudo bem, estou até acostumando, mas ainda prefiro a pele imaculada. Acho- não, tenho certeza- que estou ficando muito careta!
Quais são as razões dessas agressões ao próprio corpo? A internet está cheia de fotografias de pessoas estranhas que cometem tais atitudes. Outro dia, entrando no elevador, todo distraído, dei-me de cara com um casal- suponho, de namorados- ambos, com dois chifrinhos sob a pele da testa, tal qual, "o coisa ruim" que habita as profundezas. Nas costas de ambos, inúmeras tatuagens. Os cabelos coloridos dela, sugeriam uma homenagem as araras brasileiras; os dele, aos índios moicanos (cabeça raspadas nos lados). Passado o susto, me perguntei: o que estes dois seres estranhos querem mostrar? Agredir a sociedade? Rebelar-se contra o quê? Mais um casal de rebeldes sem causa ou seria uma resposta ao mundo, por serem filhos de pais separados? Os pais não estiveram presentes para educá-los? Faltou amor? Lar desajustado? Por que muitas das tatuagens são feitas nas costas, na bunda, na nuca, se os próprios tatuados não conseguem vê-las? Outros, vão mais além, tatuando quase o corpo todo! Aliás, sempre me pergunto, quando me surge alguém assim: por que uma moça tão bonita estragou a sua pele desse jeito?.. O leitor, já imaginou, se a tatuagem fosse obrigatória a todos os humanos? Isso me remete aos versos de "Disparada" de Geraldo Vandré: "Porque gado a gente ferra/... mas com gente é diferente..." Qual o prazer em suportar tais desenhos picotados, se não temos pele grossa dos bichos? Não posso acreditar que seja simplesmente, modismos. Que me respondam os psicólogos e psiquiatras!
Há poucos dias vi- creio que na Uol.com, ou na Glogo.com- um rol de pessoas que se submeteram a raios laser, para tirar de seus corpos, tatuagens de desafetos que num passado próximo, foram seus amores "ad eterno". Como fosse possível, apagar parte do passado. Neste caso, não se trata de agressões ao corpo e a sociedade, mas de atos impensados que quase sempre, resultam em grandes enganos. Mal gosto à parte, a cantora brasileira Kelly Key deletou- através de raio laser- da panturrilha, a cara do cantor Latino. O artista que havia também jurado amor absoluto pela parceira e com ela teve uma filha, retribuiu o gesto na mesma dose. Mas assim que começou a namorar o empresário Mico Freitas, Kelly fez uma homenagem ao novo namorado, no pescoço. A atriz Débora Secco, tirou da pele- também com ajuda do laser- o nome de Falcão- que também tem várias tatuagens e uma imensa cabeleira rastafari-, cantor de rap, artista pós-moderno que ofende os meus ouvidos e de quem tem bom gosto. A modelo Viviane Araújo, por sua vez, declarou o seu amor, tatuando no seu antebraço o nome do cantor Belo (condenado por ligação com o tráfico de drogas) e, após o término do namoro, apagou a tatuagem com sessões de laser. O ator Johnny Depp, quando noivo da atriz Winona Ryder, tatuou "Winona Forever". No entanto, a relação não durou muito e Johnny, o " Don Juan de Marco", mudou a frase para "Wino Forever, ou seja "Bêbado Forever". Faz sentido! Acredito que uma das profissões de sucesso, num futuro próximo, será a dos especialistas em apagar tatuagens com raio laser. Tira João, entra Joaquim; sai Maria, (das Dores), entra Maria (das Graças); Sai Jesus Cristo, entra Che Guevara. Sai fulana, entra beltrana. E por aí, vai.
Tempos modernos. O amor agora é registrado à agulha e expulso a laser, o raio. Conheço um cidadão que tirou o nome do "filho" inscrito em um das suas próprias pernas por que descobriu que não era o pai da criança. O DNA, decididamente, também se uniu ao laser para desunir os casais. E o rebento que se arrebente. E com isso, as pessoas vão se revelando cada vez mais carentes e inseguras. E eu, me tornando mais careta e mais quadrado.