quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Maurício Kubrusly entrevistando o presidente da ASCRON

É preciso ser muito macho pra ser corno


Por Tadeu Nascimento


Corno, antes não sê-lo, mas não o sendo, como sabê-lo? Quem não tem um na família? E se não o tem, não tenha dúvida, é porque ainda não se tem conhecimento de sua existência. Trata-se do corno invisível. E mesmo se realmente não existir, creia, está a caminho. É o corno futurista ou corno download (está baixando). A cornoedade está ficando tão comum que o corno está perdendo sua importância. Daqui algum tempo, não ser corno, será uma desonra: "Olha lá, o anticorno do seu Antero com sua mulher! Que vergonha! Eles não se corneam, logo eles, nascidos de famílias tão defensoras dos bons costumes dos chifres!" Foi-se o tempo do corno sair por aí, dando tiros. Não se vê mais chilique de cornudo. Mário Prata (mineiro de Uberaba), em uma de suas crônicas, disse que em Minas, além de uma associação de machões tem uma de cornos. Por que não, penso eu, se existe a de gays, lésbicas e simpatizantes? Fui conferir no Google: meu amigo, tem associação de cornos até em Fortaleza- terra de cabras machos- cuja razão social é Associação dos homens mal amados do Ceará conhecida com Associação dos cornos que saiu até no Globo Repórter e conta com 8 mil integrantes, com estatuto registrado em cartório e cadastro na Receita Federal. Existe uma em Capão da Canoa, Rio Grande do Sul (mas também com este nome...). E também a ASCRON- Associação dos Cornos de Rondônia- que tem convênio (descontos) com farmácias, supermercados e táxi para os seus 7.800 associados- além de churrasco com cerveja todos os domingos- palavras do presidente, Pedro Soares. Todo conquistador de sucesso é um corno em potencial ou em estado latente. Se você deixa uma para conquistar outra, claro, você deixou a primeira para quem chegar, sentar (e chamar de sua), tomar o seu lugar e, claro, corneá-lo, enquanto você está corneando outro (a) lá na frente. A vida é assim: o garanhão de hoje é o corno de amanhã!

Têm cornos para todos os gostos. Se antes falava-se cochichando nos ouvidos que alguém era corno, hoje a coisa não é bem assim. Alguns cornos contam- com certo orgulho- pra todo mundo- as suas condições de galheiros. Existe a figura do corno que sabe, se faz de inocente, mas que também está ciente que um terceiro está botando um par de córneos no seu concorrente principal que eu o batizei de co-corno. Há quem garante que o amante sofre mais por ciúme que o corno. O amante passa o natal, o fim de ano, o dia dos namorados etc, sem a sua cara-corno-metade. Agora pense na possibilidade de ser um corno feliz e que o amante nunca está feliz, pois sempre falta um elemento básico: a tranquilidade. É a doce vingança do corno! Engraçado, ninguém pronuncia o plural de corno, com o "o" aberto e sim fechado, acho que é pra chamar atenção. "Os dois são cornos!"- disse um cidadão. Alguém o corrige: "Não são cornos com o "o" fechado e sim cornos com o "o" aberto". "Desculpa-me, se eu ofendi a classe!"-responde o primeiro.
Mas a figura do corno é muito interessante. De repente o corno passa a ser mais feliz do que antes. Livrou-se da mocréia. Na separação, compreensivo, o juiz até manera na pensão ou até, o desonera da mesma. E a sociedade não mais se surpreende ou diz mal do corno. Aliás, está cada vez mais solidária com o tipo. É como a Parada Gay. Antigamente, neguinho tirava maior sarro com o desfiles dos rosas-choques. Hoje ninguém liga. Voltando aos cornos: Antes um corno conhecido do que um corno esquecido, diria o corno político. Há quem esteja colhendo assinaturas para se tornar lei, o Dia nacional dos cornos, com data prevista para 16 de setembro, dia de São Cornélio. Nesse dia, nenhum corno deverá trabalhar. O próprio Poder Público há de declarar ponto facultativo. É o governo ao alcance do corno. A bem da verdade, o tipo corno está sempre por perto, todos estão acostumados com ele. Os amigos lhe são generosos, pagam a sua conta; "É cedo, toma mais uma!" E ainda, solidários, dão uma força: "Não fique assim, sabe quem está também passando por isso? O Ricardão, logo ele, com a fama de garanhão que tem! A mulher (dele) plantou um galho na cabeça dele com o vizinho, aquele que tem toda pinta de gay; aliás, até o nome é de gay: Armando Rosa! Viu quanta ironia, meu amigo?! Mas... não liga não, chifre é igual a morte: um dia chega pra todo mundo! Seja forte, é preciso ser macho pra ser corno, muito macho! E você é macho, é ou não é?"

quinta-feira, 19 de agosto de 2010


O clipe censurado de Michael Jackson

Por Tadeu Nascimento


A princípio não esperava grande coisa do email que recebi que leva o nome de "O clipe censurado de Michael Jackson". Os dias se passaram e o email ficou esquecido no envelope eletrônico. Resolvi, esta semana, abri-lo, sem pretensão alguma. Abrir por abrir. Para minha surpresa, trata-se de um belo clipe que recomendo ao leitor. Aliás, digno de nota dez. Para vê-lo, basta entrar no www.youtube.com e buscar Earth Song Michael Jackson, ou ainda pedir- via email- a este cronista. Trata-se de um clipe que denuncia o quanto o ser humano é imbecil por ser ávido por dinheiro e com isso, acaba por destruir florestas, fazer guerra e exterminar animais. Tudo com um único objetivo: grana. Filmado na floresta Amazônica, New York, Croácia e Tanzânia, o clipe é de muito bom gosto- e politicamente correto- e traz uma música belíssima, com uma letra dramática e interessante (legenda em português) que empresta seu título ao vídeo: Earth Song (Canção da Terra). Acredito ser desconhecido do grande público- inclusive do americano- pois o clipe ficou escondido por muitos anos. Claro, o governo Bush impediu a publicação do vídeo filmado em1996, pois chocaria o mundo como tardiamente me chocou. Se o clipe viesse ao público, à época, os EUA não teriam como negar a assinatura do Protocolo de Kioto em 2001. Justificou Bush, que a implantação das metas do protocolo prejudicaria a economia do país. Vale ressaltar que a Esso (ou ExxoMobil, como é conhecida nos EUA) foi a companhia que mais doou dinheiro (1,2 milhões de dólares) para campanha de George W. Bush para presidente e é a maior empresa dos EUA e se opõe a qualquer ação governamental que vise mudança climática, limpeza do ar ou investimento em energia limpa e ainda financia críticos contrários a ecologia. A música e por conseguinte o clipe, não tornaram sucesso, por força de interesses claramente imorais.
O clipe tem seu início com a floresta amazônica, onde se vê um tucano, depois alguns macacos e em seguida, uma patrola com sua lâmina que vai derrubando impiedosamente árvores como jequitibás, mognos e outras árvores seculares. Muda-se a cena: uma ex-floresta com sobras de arvores com sinais claros de moto-serra, fumaça e carvão que restaram da selva queimada. É quando surgem as primeiras notas de piano e em seguida, Michael Jackson aparece com sua voz inesquecível. Cena seguinte: alguns indígenas da amazônia com feições desoladoras pelo fato da floresta ter sido arrasada pelo "branco civilizado". Este cronista pergunta: quem é o selvagem, cara pálida? Os cortes de filmagem são como punhaladas na humanidade! A seguir, um elefante em estado de decomposição, sem- claro- os dentes de marfim e em seguida, negros africanos da tribo Masai, da Tanzânia- estampam suas grandes tristezas nos rostos (e corpos) esqueléticos- diante dos restos do grande mamífero. Outra cena: um pai em busca do filho e o encontra em outra cena, morto- em meio a tanques de guerra e bombardeios na Croácia. Neste momento a música chega ao cume, com seu refrão perguntando o que fizemos com o nosso planeta. Dramáticas as cenas dos índios, dos negros Masai, dos croatas e também de Michael Jackson- todos em cenas distintas- de joelhos, enfiando as mãos na terra pedindo desesperadamente clemência a mãe natureza, pela imbecilidade do ser humano. As filmagens dos Masai foram feitas em seus próprios vilarejos e enquanto filmavam, um elefante foi morto por caçadores, a milhas do local de gravação. Os indígenas do vídeo são os nativos da região e não atores profissionais. Uma grande parte da floresta vista nesse clipe, não mais existe. Foi destruída uma semana depois das filmagens. Onde havia floresta, hoje é uma imensa área de capim para engorda de gado.
A visão humanista e contestadora de M. Jackson, ainda hoje, quatorze anos depois, bate de frente com o mundo que não mudou, ou se mudou, é quase imperceptível. O grande artista se revela eterno diante das próprias indignações: John Lennon quando da sua campanha pela paz, se guardou por uma semana com Yoko Ono, nus, por uma semana, em um apartamento em New York, justamente para chamar atenção do mundo para que acabasse com as guerras, no caso, a do Viet-Nam. Falar em Lennon é lembrar-se dele em sua nobre campanha: "Give peace a chance" (Dê uma chance à paz).
Como os homens dependentes de lucro são pobres de espírito! E o pior, se acham espertos: deixarão aos seus descendentes muito dinheiro e um planeta destruído!
Caro leitor, vale à pena assistir.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010


Fim de Relacionamento

Por Tadeu Nascimento


Quando um relacionamento vai para o brejo, fica a dor, às vezes raiva, e o mais cruel, a dúvida. Desta vez foi pra sempre? Difícil responder: enigma das pirâmides. O fato é que uma inquietação passa a tomar conta da gente e os dias seguintes ficam estranhos, sem sal, sem açúcar, sem aspartame. Começar de novo? Tocar a vida pra frente? Focar somente no trabalho? Fugir das tentações, amém? Mudar os hábitos, dormir cedo-acordar cedo? Fazer caminhada, perder peso? Dar um tempo aos botecos? Levar vida de monge, ser um santo que nunca foi? Ler "O amor no tempo do cólera" de Gabriel Garcia Marques, ou o último da Danuza Leão? Para as mulheres, Lia Luft, e ou Augusto Cury podem aliviar quem precisa de (auto) ajuda! Quem sabe um de Martha Medeiros, a papisa dos fins dos relacionamentos? Árduas promessas! Não conseguimos. Sai tudo ao contrário: o trabalho não rende, porque está disperso; dormir cedo, impossível- a insônia não deixa. Ficar quieto em casa, ver um filme? Os barzinhos nos puxam como um imenso imã! Ler?- não se tem espírito nem para ler as horas no relógio! Caminhar, queimar calorias, nem pensar! Pode-se até perder peso por comer e dormir mal, mas o inverso é o que mais acontece: come-se mais por ansiedade e o ponteiro da balança impiedosamente acusa: a vida está péssima! Pra variar, sonhou com ela de novo! De repente, descobre-se uma nova ruga- a enésima (no caso delas é uma tragédia!) ou uma mecha de cabelos gris. Pronto: instalou-se o caos.
Uma coisa é certa. Agora é pra nunca mais! O problema é que não se consegue facilmente se livrar do fantasma dela/dele. Tira-se o cd do toca-cd do carro porque as músicas são a cara dela, insere-se outro no aparelho: piorou, cai na música que ela mais gosta. Muda-se para FM e o meloso Roberto Carlos pega na veia. E não é só isso: tudo lembra o ser amado que agora está na categoria de ex. Os lugares que freqüentavam, os amigos em comum e até o perfume (quando passa alguém com o mesmo aroma). Custa-se entender que o amor foi feito pra doer, pra machucar, pra judiar, para infernizar nossas mentes. Fosse eu um ditador (como todo ditador é insano) decretaria: "É proibido sentir saudade, sob pena de fuzilamento ou amputação de membro- (isto mesmo: castração!- o mesmo para as mulheres: cortar o cartão de crédito!" Freud explicaria: o cartão de crédito é o pênis feminino) conforme o grau de tristeza. Mas não tem jeito, o amor é uma demência no seu mais alto grau. Coisa pra camisa de força e pra muito Zoloft. Mas o pior dos piores é não vivê-lo, como acontece com os covardes que tem medo de se envolver. Como se alimentassem somente com salada de alface com chuchu a vida inteira. Vida mais ruminante! No nosso DNA está escrito, como uma sentença: "Nada é para sempre e o amor não tem termo de garantia!" Então quem não quiser sofrer, que não se envolva, não ame; que alugue um pasto e rumine capim até o fim da vida!
Um dia, essa história- que um dia foi bela- irá se apagar, como tudo na vida-inclusive as estrelas-; mas vai levar um bom tempo. Enquanto isso, melhor juntar uma boa grana para o botox, para muitas tintas para esconder os brancos das melenas e, óbvio, para o milagreiro cirurgião plástico, até que venha (caia do céu) a delícia de um novo amor.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010


Duas estrelas: a minha e a do Botafogo


Por Tadeu Nascimento


Feliz no jogo, infeliz no amor (e vice-versa) é um dos mais conhecidos ditos populares. Não tenho que concordar com essa máxima. O Botafogo, time do meu coração, já fez o diabo comigo. Pra começar, ficou 21 anos sem ganhar um campeonato e só conseguiu tal façanha- depois de um longo jejum- graças a uma obra cabalística: no dia 21 de junho de 1987, aos 21 minutos do segundo tempo, justamente contra o seu arqui inimigo, Flamengo. Imagine o leitor, se realmente prevalecesse essa máxima, eu não teria- justamente na época que o Botafogo não ganhava nada, uma filha- única- que amo tanto, cuja mãe, é torcedora- advinha de que time- do Mengão, claro.
A vida tem sido assim. O Botafogo foi finalista do Campeonato Carioca nos 5 últimos anos e ganhou apenas um. E tal qual o meu time, eu quase fui feliz nestes 5 anos. Estou me referindo a minha vida particular. Quando iríamos (o Botafogo nos gramados e eu na vida) passar a mão na taça da felicidade, vem o destino e chuta a bola na trave, ou o juiz apita falta, ou uma bandeirinha exibicionista- que sairia na Playboy- ergue a famigerada bandeira, coisas que impedem de sermos felizes.
A minha estrela e a do Botafogo, andam quase sempre apagadas. Ás vezes, uma labareda vem iluminar o nosso caminho. O botafogo já foi rebaixado (2002)- pra Segundona do Brasileirão- ou quase, por muitas vezes, como no ano passado. Eu- nem é bom falar-, vivo sempre tentando me manter na primeira divisão do meu campeonato particular. Às vezes caio também. Aliás, o Botafogo e eu, infelizmente, sofremos a síndrome da perseguição: "tem coisas que só acontecem com o Botafogo" e, claro, comigo. Sempre achamos que somos injustiçados- pra não falar, ludibriados. Mas o que fazer? O cidadão muda de cidade, de país, de mulher, de até de sexo, mas não muda de time.
Coincidência ou não, a estrela sempre foi característica dos perseguidos: os judeus tinham como o símbolo uma estrela de 5 pontas, a de Salomão, como a do alvinegro carioca. Depois, com a perseguição de Hitler, os judeus adotaram (na sua bandeira) uma seis pontas- acho que é por mais um sofrimento-, a estrela de Davi. Se o Botafogo fosse um time israelense, teria sua sede ao lado do Muro das Lamentações e seria trapaceado pelos times do Hamas, do Hezbollah, ou do Fatah, sei lá! Só ganharia dos Kibutz Futebol Clube que seria o Vila Nova deles. O Botafogo e eu somos totalmente passionais. Vivemos de ilusões. Mal surge um razoável jogador, ou ganha uma partida de um time de renome, pronto, somos os melhores do mundo! Lotamos os estádios, vestimos a camisa do time, contamos vantagens mil. Basta uma derrota para um time pequeno e logo caímos na real. Na vida pessoal, não é diferente, quando entendo que tudo está bem, eis que cai um chuvisco que se transforma em tempestade, o teto desaba e o sonho acaba.
Botafogo Futebol e Regatas. Há muitos anos, ouvi de um comentarista esportivo que deveriam excluir o sobre nome Regatas- pois se o Botafogo é o clube mais supersticioso do Brasil, "a diretoria do clube deveria entender que o azar do time está no prefixo 'Re' que puxa as 'gatas' para trás e isso não é legal! Daí a sina de ser re-bai-xa-do, ou quase. Acho,- defendia ele- que se mudassem pra Posgatas ou Progatas, cabalisticamente o Botafogo seria o maior de todos"- Faz sentido.
Pra terminar, estive no Rio de Janeiro em junho de 2009. Final do Campeonato Carioca. Botafogo x Flamengo. Uma voz sobrenatural (talvez de algum parente meu Almeida) ou a minha insegurança, aconselharam-me a não ir ao Maracanã. Não fui. Dito e feito: o Mengo foi campeão e o Bota, vice. E bota vice nisso! Pela terceira vez consecutiva! Mais uma vez, quase feliz. No céu do Rio estouravam foguetes e rojões! Me senti um idiota, por torcer para um time que tem vocação pra ser vice. Vice é pior que ex-namorado, ex-marido. É algo parecido com ex-corno. Ex-corno não existe, mas o cidadão antes de ser corno, poderia ter sido feliz um dia, mas vice nunca é feliz; é um ser que existe-não-exite! Serve pra quê? A gente nunca se lembra de quem foi vice de qualquer coisa! O Brasileirão/2010 está na 11ª rodada campeonato e o Botafogo se encontra na faixa do rebaixamento (escrevo esta crônica no dia 30 de julho). Lá vai o Tadeu para o mesmo destino! Mais uma vez. Mas um dia, o Bota vai ser muito feliz e eu também. Como viu o leitor, sou um otimista!