sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Como eu era feliz!


A Insustentável leveza da vida


Por Tadeu Nascimento


Chega o dia em que você para tudo e faz um balanço do tempo vivido. Pesar o que restou do que ficou. Talvez um patrimônio invejável. Um histórico de conquistas materiais etc. A imensidão de personalidades que passaram por sua vida. Mil mulheres fascinantes. Mas, diante do espelho, você se vê e pesa- outra realidade: os vincos da própria face, os cabelos ralos e dispersos como um cotonete desfiado de um homem que vai deixar a vida à qualquer hora e que não há dinheiro no mundo que evite isso. Deixará o seu patrimônio para seus filhos, talvez para os genros ou até para o Ricardão. Belo retrospecto! Nessa hora a gente se lembra que viemos nus e que ninguém levará um centavo sequer, quando partir. Há poucos dias, ouvi de um amigo médico que nas UTIs, não raramente, pacientes terminais dizem que dariam todo o seu patrimônio para ter mais um ano, 6 meses de vida para fazer coisas que não fizeram na vida." Devia ter amado mais, ter visto o sol nascer!- como cantam os Titãs. Devia ter conhecido Paris, talvez o Tibet, ter curtido a vida! Nesta vida, só trabalhei, doutor!" I'm so sorry, my friend. Is too late! it's over, meu caro!- pensa o médico. Antes que esse dia chegue, é bom que façamos uma autocrítica daquilo que fizemos e/ou que ainda continuamos a fazer. Se realmente gastamos parte de nossa preciosa vida lembrando dos nossos semelhantes, se cuidamos do meio ambiente não só para nossos filhos e netos, mas para humanidade. Se fizemos para nossos pais o que fazemos para nossos filhos. Se as pessoas com quem nos relacionamos só estão conosco pela beleza dela ou pelo nosso dinheiro para nos vangloriarmos para os amigos. Se reservamos um dia por mês para sentarmos numa grama de uma praça para lambermos felizes um chicabom. Se um dia na vida nos preocupamos com os doentes da Colônia Santa Marta ou de São Cotolengo e se fizemos alguma coisa amenizar as dores dos que ali sofrem. Se tivemos um amor daqueles de arrastar a bunda por alguém e de termos chorado a cântaros, num lugar público, por essa pessoa. Se plantamos uma árvore no chão da vida, ou ainda, uma rosa no coração de alguém. Se perdoamos realmente a quem nos tem ofendido. Se só pensamos na barriguinha de tanquinho e esquecemos dos nossos intelectos que estão saturados de gorduras também saturadas de ignorância que saem pelos poros e que apesar disso, continuamos a nos esticar nas academias de ginásticas, sugando- com magrelos canudinhos- o insosso Herbalife, nos iludindo que não nos envelheceremos jamais, e o pior, desprezando o conteúdo das bibliotecas e a sabedoria dos mais humildes. Se nos prometemos, a cada ano novo, ler a Montanha Mágica de Thomas Mann, se nunca lemos nem o Grande Sertão: Veredas, do nacional João Guimarães Rosa. Se a promessa de evoluirmos, adotando uma criança pobre e negra que ficou para o ano-que-vem-que-nunca-chega que- na verdade- perde para a nosso apoio à pena de morte- dispondo assim, da vida como se fôssemos Deus! Se ensinamos aos nossos filhos que não se deve bater nos filhos como fizemos com os nossos. Que Deus é luz e a razão de todos os seres. Que o amor se confunde com Deus. E que o amor é o único caminho. Que o dinheiro é a provação pela qual passamos. É a maior ilusão que se opõe à felicidade. É a confusão que nos apresenta e nos desafia todos os dias. O dinheiro tem um aliado forte e covarde: o medo. Aliam-se para nos governar, pois morremos de medo de ficarmos mais pobres.
Mas, prestando atenção, tudo que há na vida não nos pertence. A natureza que chamamos Deus nos dá tudo como usufruto o que ela tem. O grande lance é saber usar. Quanto tempo que você não presta atenção no céu em busca de uma estrela cadente das madrugadas de cada dia? Quanto tempo você não mergulha num córrego perto e sua cidade, onde você pescava lambaris e bagres e voltava sorrindo pra casa?
Quantos anos fazem que você não busca uma goiaba ou uma manga nas gripas das alturas; que não joga peão na terra vermelha de um chão batido? Que não solta uma pipa ou que não joga uma partida com bolinhas de gude? Ah, você não é mais criança? Mas também não é mais tão feliz! Por onde anda aquele menino que morava tão feliz dentro de você? Onde está aquele menino que sonhava um futuro de paz, tal qual quando você cantava e dançava a ciranda cirandinha sem a ansiedade que hoje carrega no peito? Cadê aquele menino que tomou conta do seu coração quando você deu o primeiro beijo na primeira namorada? Na porta do tempo, amigo, mais um ano novo está batendo. Ainda é tempo de se encontrar. Feliz Ano Novo.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010


Palácio Taj Mahal, construido pelo príncipe Shah Jahan para sua amada, a princesa Muntas Manhal

Quanto custa uma paixão


Por Tadeu Nascimento

Você pode usufruir de uma vida calma, sem atribulações, sem grandes problemas, quase sem graça; ou optar por viver uma existência, às vezes conturbada, porém, rica em emoções. A vida é feita de escolhas. Faça a sua. Sendo eu cronista, e lembrando que os cronistas são os retratistas da vida, com as minhas lentes multi-almas-focais, registro pessoas de todos os tipos. Entretanto, as que me chamam, à atenção, são as que morrem de medo se arriscar; de se envolver com outras, de se apaixonar. Outras, as que me parecem assexuadas. Mesmo nesse mundo moderno de hoje, com a liberdade sexual a todo vapor, ainda existem insistentes virgens com mais de 20 anos de idade. Parece mentira, mas não é. Basta se atentar para as evangélicas ferrenhas e constatará que muitas estão ainda invictas -e convictas- pois se dizem felizes, o que não acredito! Outras- não necessariamente luteranas ou calvinistas- com histórias de relacionamento mal resolvidas ou fracassadas, se fecham como um caracol para um novo afair. Trata-se do risco de quebrar a cara mais uma vez. Mariana, nome fictício de uma linda mulher de 35 anos, mais se parece uma moça de 20, ainda virgem, segundo personagens reais- línguas do ofidiário que a circunda-, com poucos namorados no currículo com quem mal teve beijos relâmpagos, sem reticências ou etcétaras, parece não saber que o tempo é implacável. Tenho pena dessa delicada flor que há de murchar-se se não abrir suas pétalas. Sob a desculpa de uma falsa moralidade, está ela perdendo o melhor da vida!
Transitam desapercebidas pelas calçadas da vida pessoas que passam dois, três, cinco anos sem um relacionamento, embora estivessem no auge de suas sexualidades. Não é pelo fato de não serem desejadas, mas sim, por seus conceitos morais arraigados e por isso preferem a solidão a se exporem como "pecadoras" ou imorais. Enquanto, na verdade, o grande pecado é não ser feliz! Assim como vulgar é ser infeliz! Todos infelizes são chatos e todos chatos são infelizes! E com isso se martirizam, se tornam amargas e até insuportáveis. Não estou fazendo apologia ao sexo pelo sexo, mas combatendo a hipocrisia. Uma mulher desimpedida, solitária, sabe muito bem do cotidiano e do caráter do seu interessante vizinho que- por acaso- está nas mesmas condições que as dela e, no entanto, ela se mantém austera como aço, mais dura que uma bactéria resistente. Vai morrer enferrujada (e, possivelmente, ele também)! É do tempo da pedra lascada a máxima segundo a qual "Leva-se dessa vida, somente a vida que se leva e não o que se leva dessa vida!" A vida tem que ser compreendida como uma grande aventura. Assim como muitas das telas do cinema. Aventura é a materialização do sonho. E como disse o poeta Carlos Nejar, imortal da ABL, "Os sonhos são mais definitivos do que a gente".
Uma paixão pode custar decepção, angústias, amarguras, cabelos gris, rugas e até tragédias. Vide Shakespeare que melhor explorou esse assunto. Mas a paixão pode também custar pouco: basta somente soltar os freios da moral e dar uma chance a si mesmo. Isto posto, a paixão faz remoçar, tornam o amantes mais alegres, mais dispostos para vida e principalmente os fazem sonhar sonhos inebriantes. Tenho no meu rol de amigos, um senhor, que embora rico e que poderia se esbaldar pelo mundo afora, andava com os olhos pregados nos mocassins (de tristeza) esperando pela libertadora morte. De repente arranjou um novo amor e como numa reação em cadeia, perdeu peso, tonificou a pele, trocou os inseparáveis mocassins por um par de tênis; mandou a morte baixar noutra freguesia e agora anda de mãos de dadas com a sua distinta, serelepe da vida! Pelo jeito, vai viver mais uma década, fácil, fácil. Nunca é tarde para viver uma aventura de um Montechio por uma Capuletto.
Enquanto a chama arder, conjuga-se, numa miscelânea ilógica, o futuro do verbo viver no mais que perfeito, o infinitivo do mesmo verbo no presente e o presente pra lá do infinito. Paixão é auge dos romances famosos; razão da existência dos poetas e romancistas. Soneto de Vinicius enquanto dure. Romeu Shakespeare Julieta. Anna de Assis Os sertões Dilermando. Elizabeth Taylor Cleopatra Marco Antonio Burton. John Lennon Imagine Yoko. Peter Abelard Castrado Heloise. Príncipe Shah Jahan Taj Mahal Muntaz Mahal.
Como disse na introdução, a escolha é sua.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010


John Lennon e Yoko Ono

Imagine o mundo sem os Beatles


Por Tadeu Nascimento



Paul McCartney está no Brasil emocionando gerações.
A propósito, imagine o mundo, se os Beatles não tivessem existido. Sei que isso é metafísica, coisa que não se questiona. Mas ousemos. Com certeza, seria muito diferente. Possivelmente seria um mundo com menos graça, mais conservador e, acredito, mais belicoso. Pra minha geração, a história se divide em duas eras: a. B e d.B. Antes e depois dos Beatles. Algo paralelo- mas não parecido- com o que pensam os insensíveis analistas políticos. Para estes, a história moderna se divide em antes e depois da destruição das Torres Gêmeas em New York. Para imaginarmos o mundo sem os Beatles, convém voltarmos às décadas de 1960 e 1970. Os rapazes de Liverpool, com seus cabelos ainda começando a cobrir as orelhas, bateram de frente com o conservadorismo (lembro-me dos meus 14 anos- como eu amava os Beatles e ainda os amo!- querendo deixar meus cabelos crescerem e meus pais me mandando de volta ao barbeiro) e inspiraram a juventude do mundo todo a contestar as guerras, as opressões de quaisquer naturezas e ainda provocaram a bandeira a favor da liberdade sexual- que notabilizou Betty Frieddan, quando numa passeata, queimou sutiãns pregando a igualdade entre os homens e mulheres. O movimento irreverente do rock and rool, iniciado por Elvis Presley, ainda limitado nos inocentes requebros (das cinturas, óbvio) dos jovens, ganhou conotação política com os Beatles e os Rolling Stones. A partir daí, o mundo nunca mais foi o mesmo. O Movimento Hippie, fruto da rebeldia contra o alistamento dos jovens americanos para a Guerra do Vietnã, fez com que esses rebeldes ficassem impossibilitados de conseguir documentos que os levassem ao mercado de trabalho. As esquinas das grandes cidades da América do Norte tornaram-se embriões de um movimento anárquico-pacifista que contaminaram o planeta: "Peace and love". Jonh Lennon foi um dos principais porta-vozes desse movimento. E os cabelos foram descendo pelas omoplatas, as roupas passaram a ser coloridas e as flores se tornaram armas. E os Estados Unidos com milhões de desempregados. Milhões de hippies. Enquanto isso, a dupla Lennon-McCartney dava ao mundo canções de amor: "Yesterday", "And I love her", "All is need is love", "Strawberry fields forever", "In my live", "Hey Jude" e dezenas de outras maravilhas que os jovens- que ficavam à margem do sitema capitalista- cantavam (e tocavam violões) nas esquinas. Vieram os festivais de Woodstock (fazenda Bethel, New York, EUA, 1969) onde Joe Cocker tornou-se herói lendário cantando "Whit a litle help for my friend" de Lennon e McCartney (veja no youtube, vale a pena); e o da ilha de Wight (Inglaterra, 1970). A música (o rock), o sexo e as drogas deram o tom de uma nova ordem mundial. Conseguiram: a guerra do Vietnã foi vencida por aqueles que pregavam "Paz e amor"!
Mas o mundo continuou violento. Os Beatles não são mais das canções inocentes. Lançaram o revolucionário album Sargent Peppers Lonely Hearts Club Band que foi um marco na história da música. "A day in the life" é escolhida- décadas depois- pela revista Rolling Stones, a melhor música dos Beatles. Depois , o Album Branco (Revolution). No ano seguinte, Abbey road e o último em 1969, "Let it be". Tornaram-nos mais contudentes a favor da Paz. Jonh gravou "Give Peace a chance" ( Dêem uma chance à paz). Em março de 1969, enquanto morriam soldados aos montes no Vietnã, John Lennon com Yoko Ono, fazem uma campanha a favor da paz, com o título "Make love, not war", ficando nus (e fazendo amor) por uma semana, em um hotel em Amsterdan. Fotografias de Jonh e Yoko nus ganharam repercussão mundial. Meses depois, John devolveu a medalha MBE (membro do Império Britânico) que ele havia recebido da rainha Elizabeth II em novembro de 1969, em protesto contra o envolvimento britânico na guerra da Biafra e contra o apoio dado aos Estados Unidos na guerra do Vietnã. Lennon foi assassinado em dezembro de 1980 por um fã. Em 9 de outubro de 2010, John faria 70 anos.
Como tudo tem fim, os Beatles se separam em junho de 1969. Em carreiras solo, Lennon gravou a antológica "Mother" e Paul, "Another day". Logo depois Lennon lança o maravilhoso album "God" que traz a faixa "Love". Paul também lança o seu "Raim". George Harrison grava a bela "My sweet lord" e Ringo Star, "I don't come easy". Lennon chega ao ápice com "Imagine" e depois "Woman", duas belíssimas canções.
Os Beatles mudaram o mundo: influenciaram Caetano, Gil (criadores da Troplicália) os Mutantes; Raul Seixas, os Novos Baianos (os primeiros que viveram em comunidade hippie), Roberto Carlos e outros astros tupiniquins. São notórios acordes dos Beatles nas sequências melódicas em canções de outras bandas como Queen (de Fred Mercury), The Who, Led Zeppelin, Pink Floyd, U2, e tantas outras. É comum ouvir obras dos Beatles executadas por sinfônicas e filarmônicas de todo o planeta. Coisa impensável (principalmente pelos conservadores) nas décadas de 60 e 70.
Decididamente, não dá para imaginar o mundo sem os Beatles.
Ás vezes, penso que os Beatles, sob o comando de John Lennon eram (ainda são) avatares, seres iluminados que vem ao mundo para colocar ordem no caos.
Imagine o mundo sem "Imagine":

"Imagine there's no coutries, ,
I t isnt hard to do,
Nothing to Kill or die for,
No religion too, ,
Imagine all the people
Living life in peace..."
(John Lennon, 1971)

("Imagine que não há nenhum país,
Não é difícil imaginar,
Sem nenhum motivo para matar ou morrer,
E nem religião também,
Imagine todas as pessoas
Vivendo em paz")

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Palmeiras de 45 anos da Praça Major Frederico Jayme (Rio Verde - GO)


Por que me ufano de Rio Verde


Por Tadeu Nascimento



No final do século dezenove, precisamente em 1900, o conde Afonso Celso, filho do Visconde de Ouro Preto, publicou a obra "Porque me ufano do meu país". Como visto, o verbete ufano é pouco conhecido e significa orgulhar-se de alguém ou de alguma coisa. Celso, exalta as riquezas naturais do Brasil a grandeza do seu povo "sui generes" pela sua miscigenação e enaltece os personagens da época, como Pedro II, Princesa Isabel, José do Patrocínio, os irmãos negros André Rebouças (o primeiro negro brasileiro, a concluir um curso superior, tornando-se engenheiro, além de inventor e abolicionista. Rebouças, o mesmo que empresta o seu sobrenome aos viadutos das cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo) e Antônio e José Rebouças - também engenheiros-, entre outros vultos da pátria amada.
Ufano-me de Rio Verde não só pelas suas riquezas naturais e agropastoris, mas principalmente, por seus muitos filhos ilustres nascidos ou adotados (por terem bebido e gostado de sua água). Dizia o meu velho pai, prof. Clóvis: "Pai não é aquele que fez, mas aquele que cria!" Assim, me orgulho de minha terra por ter em seu berço homens "sui generes" da envergadura de Pedro Ludovico nascido na cidade de Goiás, mas foi pra Rio Verde exercitar a medicina e e fazer política que o levou à glória de triunfar-se como estadista. Em Rio Verde, se casou e deu à terra vários filhos, entre eles, o nobre engenheiro e governador Mauro Borges. Pai e filho que tiraram o Estado da visão míope do coronelismo de barranco, por décadas dominantes. Pedro, expoente de um dos fatos mais importantes da história de Goiás e do Brasil, a Revolução de 30 e fundador de Goiânia. Mauro Borges, o primeiro mandatário do estado que fez um governo planejado: criou a Secretária de Planejamento, a Iquego, a Metago e outras tantas empresas estatais.
Rio Verde é também de Jerônimo Coimbra Bueno, filho nobre de Rio Verde, foi também um notável governante que urbanizou Goiânia com a criação dos setores Coimbra, Bueno e outros. Deixou uma fundação com o seu nome, mas que infelizmente, não foi valorizada pelos governos posteriores e acabou por encerrar suas portas.
Rio Verde do patriarca meia-pontene Major Frederico Gonzaga Jayme (irmão do senador Luis Gonzaga Jayme), intendente municipal, rábula, médico e dentista amador provedor de uma prole de mais de 100 filhos com suas inúmeras "esposas".
Rio Verde do revolucionário de 30, Oscar Campos, preso com Pedro Ludovico.
Rio Verde de Paulo Campos, de César da Cunha Bastos, de Sebastião Arantes, homens de compreensão universal que dispensam comentários.
Rio Verde do folclórico/humanista ex-prefeito por 3 vezes, Eurico Veloso do Carmo (Nenzinho Veloso).
Rio Verde que adotou os médicos o americano Dr. (Donald) Gordon, criador do Hospital Evangélico um dos maiores- se não o maior- do Centro Oeste; os notáveis médicos Wilson Mendonça, Alcyr Mendonça; o juiz Paranaíba Piratininga Santana, nascido em Catalão, filho do grande goiano, o intrépido Moisés Santana (o único goiano que participou da Guerra de Canudos (4ª expedição), segundo o historiador Humberto Crispim Borges), pai do meu amigo, o juiz aposentado, Moisés Santana Neto, também filho ilustre do meu chão.
Rio Verde do médico, coronel e meu amigo Dr. Walter de Castro, (graças ao Criador, cheio de vida aos 90 anos) fundador do Hospital Santa Maria em Goiânia e um dos antigos donos do histórico Hospital Santa Terezinha da minha cidade; dos primos também excelentes médicos, Edsel Emerich e Júlio Emerich.
Rio Verde de Gumercindo Ferreira, ex-intendente municipal, comerciante de sucesso, boêmio, femeeiro, frequentador do Cassino da Urca no Rio de Janeiro e que, segundo a lenda, teve um romance com Carmen Miranda. Morreu pobre.
Rio Verde dos saudosos amigos professores Ricardo Campos Sobrinho (Tim), Chafick Antônio e Olga Nascimento. Abro um parênteses para relembrar Ricardo Campos Sobrinho, o professor Tim; não bastasse ser um homem extremamente gentil, educado e culto foi o maior carnavalesco e boêmio da cidade. Com seu corpo redondo, vestia-se por 4 dias, de Rei Momo, bebia cerveja em um penico (impoluto, claro) e no primeiro dia , após a festa de momo,, às 15 pras 7, lá ia o prof. Tim, que nunca faltou ao trabalho, subir a Coronel Vaiano para ministrar suas aulas de Ciências no Colégio Martins Borges.
Rio Verde do professor de Português, Sherlock Holmes da Silva (graças a Deus, jorrando saúde!), ex-zagueiro que jogou no Cruzeiro Sport Clube de Belo Horizonte: craque nas duas profissões.
Rio Verde dos grandes carnavais com Tim, Sherlock, Jerônimo Carmo Moraes, Iachid Matomoto, Domingos "Tata" Moni, Ênio e Tão Rattes.
Rio Verde de homens cultos da estirpe de João Ford, de João Proto de Sousa (o inesquecível João Surdo da confeitaria Zig-Zag), do ambidestro e inteligentíssimo Abel Pereira de Castro com suas cabeleira e barba brancas; de Olinto Pereira de Castro, um homem à frente do seu tempo, empreendedor que criou várias empresas e gerou centenas de empregos e cujos filhos investiram positivamente na cidade com lojas de livros, de automóveis, hospital e cinema.
Rio Verde de Rosulino Campos- cuja prole rendeu grandes educadores- que fazia aniversário no primeiro dia do ano e que se comemorava- durante décadas- após a última nota musical do Reveillon, com o sol inaugurando a manhã de um Feliz ano Novo- na sua residência, com muita cerveja com tira-gosto e café com pão de queijo!
Rio Verde de Jerônimo Martins e dos irmãos Orcalino e Evangelino Guimarães, de Nestor Fonseca que dedicaram suas existências à comunidade.
Rio Verde dos escritores Onaldo Campos da obra "Rio Verde histórico" e Oscar Cunha Neto da "Rio Verde e apontamentos para História", trabalhos importantíssimos para a preservação da memória histórica da cidade e de seu povo. Daqui a séculos, as obras de Onaldo e Oscar serão bases de pesquisas de mestrados e doutorados!
Rio Verde das Abóboras, título honrado devido ao fato de ter sido entreposto de abastecimento na Guerra do Paraguai, onde havia, óbvio, abóboras nativas que serviam de referência, para abastecimento das tropas, comprovado pelos documentos de Visconde Taunay;
Rio Verde da Marcha para Oeste de Getúlio Vargas. À época, Rio Verde recebeu como hóspede, por 2 vezes, o representante de Vargas, o ex-revolucionário de 1930 e o futuro ex-governador-interventor de São Paulo, João Alberto Lins de Barros.
Rio Verde do Córrego do Sapo, da Poço da Matinha, da Praça Major Frederico Jayme com suas araras cortando céu entre as longas palmeiras plantadas (e cuidadas para se tornarem frondosas), há mais de 45 anos pelo funcionário da prefeitura, o italiano Palastrino, na administração de Paulo Campos. Rioverdenses, vocês se lembram do Palastrino?
Rio Verde, da minha infância, da minha juventude e que me dará o último descanso.
No meu caso, caro leitor, a máxima "eu era feliz e não sabia" não procede, pois eu era feliz e tinha plena consciência disso.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Mickey Hourke e Kim Bassinger em "9 e 1/2 Semanas de amor"



NO AMOR, TEM QUE HAVER PEGADA

Por Tadeu Nascimento


Tudo na vida, pra dar certo, é preciso vontade. No amor, para mim, esta vontade, está escondida na misteriosa química que atrai os casais. No embate homem-mulher é preciso ter pegada. Caso contrário, o amor esfria e bye-bye o tesão de um pelo outro. É quando o tesão sai pela porta da frente e o amor pela janela. Convém se concentrar nos detalhes. Pra isso o ser humano é dotado de sensores em várias partes do corpo. Na boca, nos lóbulos das orelhas, no pescoço, nos joelhos, etc. Há, pois, de se incendiar os corpos! Não há limites entre os amantes, posto que são governados pela audácia e pela liberdade. Pela luxúria e pela entrega. Prevalece-se a fome de um pelo outro. Que maravilha!
É a melhor parte da vida!
Mas como explicar casais que- aparentemente- entre si, não tem nada ver? Casais, não só contrários, mas, desconexos: mulher bela como homem feio; baixinha com altão; loiro com escurinha; inteligente com desprovida de neurônios; coroa com moça vinte anos mais nova e rapazinho com balzaca. Ela ama MPB, o cidadão, música sertaneja; ele é fanático por futebol, ela adora cinema e teatro . Nesses casos, longe a quetão de interesses escusos do poder do dinheiro, pois conheço gente que trocou a harmonia de uma vida a dois, aparentemente perfeita, sem problemas financeiros, por um relacionamento de uma vida modesta, sem grana, porém feliz. Conheço uma comunista convicta que se apaixonou por um defensor do capitalismo selvagem e ele por ela. Vai entender! Quantos casais se separam e partem em busca da felicidade e acabam encontrando-a em pessoas totalmente diferentes daquelas que sempre sonharam e se unem a esses seres carentes de beleza, de dinheiro e até com filosofias de vida diametralmente opostas? Conheci certa vez, uma madame que deixou o marido e o conforto de sua bela mansão (além de muita grana do banco) para fugir com um caminhoneiro! E com ele, vive, até hoje, numa boléia de caminhão, rodando Brasil afora.
Lembro-me da milionária Patricia Hearst, neta do magnata das comunicações Willian Randolph Hearst (cuja biografia se baseia Cidadão Kane, filmado em 1941 por Orson Welles) que foi sequestrada em 1974 pelos membros do Exército Simbionês de Libertação, se apaixonou por um dos seus algozes (Síndrome de Estocolmo) e passou também a sequestrar e roubar bancos! Não é o máximo, em se tratando de amor? Quem pode explicar esses fatos? Para mim, só resta uma única explicação: a química! Para os místicos, almas afins. Para os materialistas, apenas o par de chinelos que calça o outro. Mas vai se saber o que se rola sob os brancos dos lençóis; o prazer que se exala desses corpos incandescidos; o relaxe, depois de abrandado o fogo que incendeia os seus corpos e por último, o amor- de ambos- saciado!
Mas... se um dia um desses relacionamentos se rompe, por qualquer motivo, só restará o que está gravado a ferro e fogo nas suas memórias e que ficará até os últimos suspiros de suas vidas: a glória de um dia ter sido feliz. Pois se trata de um tempo em que viveram, sob uma perigosa dependência química: a mais bela, porém, a mais alucinógena e a mais voraz: o amor enquanto paixão.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010


Michael Douglas, entre o amor e a dor

Por Tadeu Nascimento



Eis, duas palavras tão antônimas quanto próximas: nunca e sempre! Nunca esperamos e sempre acontece. Nunca nos atentamos para os detalhes e sempre, somos surpreendidos. Se hoje estou forte e irradiando felicidade, amanhã poderei estar debilitado e deprimido. É o caso do ator Michael Douglas, que sabidamente passa por garanhão das telas de cinema -e também na vida real- padece de um mal de câncer implacável. O estereótipo do homem viril, bonito- que não incomum, freqüenta o imaginário feminino-, que fez grande sucesso em "Atração fatal", "Assédio sexual", "Instinto selvagem", entre outros, e que também fora internado algumas vezes em uma clínica por compulsão sexual, surgiu surpreendentemente, há 2 semanas, nos jornais e na tv, totalmente debilitado. Sua mulher, a belíssima atriz Catherine Zeta-Jones, está vivendo o seu calvário com a doença do seu amado, e com isso, perdeu muito peso ao ponto de ficar irreconhecível posto que um dia foi uma das mulheres mais belas do cinema. No contrato de casamento do casal, consta uma cláusula (exigência dela) que penalizaria com U$ 4,5 milhões, o cônjuge que traísse o outro. Até então, não se sabe se algum deles pulou a cerca. Na verdade, trata-se de um seguro contra as estripulias de Michael que- antes do matrimônio- estava acostumado a aprontar. E com padecimento de Michael, Catherine, a personagem namorada do Zorro (interpretado por Antônio Bandeiras), demonstra um amor incondicional ao marido. No entanto, essas fatalidades "sempre" aconteceram: Rodolfo Valentim, James Dean, Marelin Monroe, Elvis Presley, e mais algumas centenas de estrelas, só que "nunca" aceitamos os reveses com naturalidade. Trata-se de algo indefectível e inexorável: a morte.
O pai, o ator Kirk Douglas, filho de imigrantes russos, cujo nome de batismo é Issur Danielovitch (cuja tradução, é Issur, filho de Daniel) deixou de herança ao filho, o talento de representar. Hoje o valente "Spartacus" (o também intrépido bêbado Doc Holliday no excelente "Sem lei, sem alma"- título do original de "Gunfight at the Ok Curral"- com Burt Lancaster no papel de delegado federal Wyatt Earp; e ainda, em outra película- também ótima- no papel do delegado Morgan em de Duelo de Titãs, contracenando com Antony Quinn (o rancheiro poderoso Craig Belden), além de dezenas de outros filmes, nos quais vende valentia, atualmente com 94 anos - sem poder fazer nada- vê, desolado, seu filho despedir-se da vida de forma, se não trágica, mas surpreendente. Triste, muito triste.
Ao ser entrevistado, esta semana, bem mais magro e quase tão velho quanto ao pai, Michael com dignidade, declarou: "O câncer não poderia ter escolhido hora melhor!" E ainda, seguro de si, pediu aos fãs que não tivessem pena dele! Todavia, o que me chamou mais atenção foi Catherine por sua dedicação e amor a Michael. Está tão voltada para saúde do marido que deixou de lado a própria saúde. É a leitura que se faz de sua aparência- pelas fotos dos jornais: macérrima e circunspecta. Mais, está desesperada. Logo que soube da doença de Michael, abdicou-se de três milionários contratos de filmagem para dedicar-se exclusivamente ao companheiro.
Razão desta crônica: a ironia do destino. O garanhão todo poderoso, filho da ficção hollywoodiana, onde ser macho, destemido e que “sempre” se dá bem, -próprio do mundo masculino- é o máximo. O invejável predador de fêmeas, motivador da cláusula contratual que se relaciona com sexo e traição, está agora, a mercê, no apagar das luzes, próximo do The End, não mais do sexo, mas de um amor verdadeiro. Não existem códigos, leis, cláusulas que assegurem a vida de alguém. Nem a do mais poderoso, a do mais viril ou a do mais bonito. Por outro lado, Catherine, nesse momento, tem a perfeita compreensão que tal cláusula nupcial não passou de uma grande bobagem, que é o amor sobrepõe o sexo, pois debilitado como está Michael, não se cogita em conjunção carnal, mas sim, no amor que os une. Embora o homem que ela ama, daqui a alguns dias, não mais fará parte deste mundo.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010


O porquê das mulheres nas nossas vidas

Por Tadeu Nascimento


Descobri o porquê das mulheres nas nossas vidas. Digo, na vida dos machos convictos. Elas vieram ao mundo para nos fazer purgar os pecados. Inclusive, os cometidos com elas em vidas passadas. Portanto, devemos agradecê-las (e orar por elas). Evidente também que somos gratos pelas delícias que nos proporcionam. Conclui que a purgação começou quando Eva fez Adão comer a maçã. Foi a "comida" mais cara e sem graça da história! Contudo, é de se questionar a razão pela qual ela insistiu com o primeiro bobo do mundo a comer o fruto proibido, se não existia fome (a felicidade era plena) e muito menos vidas passadas. Resta apenas uma hipótese para questão: que seria para o homem ir logo se acostumando com o principal desejo da mulher: fazer raiva no seu companheiro. "Meu negócio é atazanar!", explicou Eva a Adão, num longo bate-boca depois de expulsos do paraíso . "Mas Eva, a gente era tão feliz!", disse Adão. "Quem disse que eu quero você tão feliz?", esbravejou Eva. Ali começou a expiação de Adão. E, depois, as de todos os homens. Não estou generalizando. Claro que umas atazanam mais do que outras. Todavia, todas conjugam o mesmo verbo. Acho que a razão pela qual de eu não gostar de maçã tem um porque inconsciente e temerário embasado na bíblia. Sem contar que a serpente, o terceiro personagem da primeira atazanação da história, fez o papel do cabelereiro dos dias atuais: palpiteiro e fuxiqueiro. Eis o porquê das mulheres se darem tão bem com os do sexo indefinido. São a corda e a caçamba; o arco e a flecha. Depois de anos de pesquisa em busca da razão pela qual a mulher não fica uma semana sem enraivecer o seu companheiro, descobri que Deus colocou um chip- com pimenta- em cada mulher. Há quem o chame de TPM, de menopausa e ainda de neura feminina. Mas Deus é justo: colocou um chip com Halls- sabor eucalipto- em cada gay! Pra Deus tudo é possível. Depois de um longo estudo, conclui que, assim como na gestação vão se formando os bracinhos, as perninhas, o chip também vai formando em cada mulher, os dez mandamentos da atazanação:
1º- Atazanar seu homem acima de todas as coisas- Faça raiva no seu parceiro pelo menos, uma vez ao dia, de preferência quando ele estiver calmo ou ainda, quando forem pra cama, faça-o engolir um Viagra e coloque no aparelho de dvd um filme de sexo explícito e quando ele estiver à ponto de bala, diga-lhe que está prestes a vomitar aquela torta de camarão que você sugeriu no almoço.
2º- Irritar o seu homem como não houvesse uma outra oportunidade- Nunca se esqueça que sua mãe é uma parceira experiente para ajudar elevar a pressão arterial do seu parceiro- pergunte a seu pai! Por isso existem mais viúvas do que viúvos.
3º- Seja coerente (na atazanação)- Mude sempre de opinião para que ele não siga os seus pensamentos. Ex.: mude sempre -de lugar- os móveis da suite para que ele, à noite, quando for fazer xixi e beber água, acabe por mijar na cozinha e beber água da torneira do lavatório do banheiro. E, claro, você há de contar a todos que ele está ficando gagá.
4º- Não atazanar a ex-mulher do próximo- Fique amiga da ex dele, mesmo que você tenha vontade de cortar a carótida da "falecida" ! Só por saber que ficaram amigas, é motivo para ele mudar para Azrsbaijão. Ele sabe que vocês se darão tão bem que passarão espetar agulhas em um boneco de vodu com o nome dele.
5º- Não matar (de raiva), só judiar o seu companheiro. Convença-o de abrir uma conta bancária conjunta com direito a cartão de crédito e gaste- sempre- além do limite.
6º- Não desejar outro próximo perto do seu próximo, só insinue- Diga ao seu marido que o patrão dele é muito charmoso; que deve ter uma barriguinha de tanquinho; que tem um olhar de safado... e que você faria o sacrifício "em nome do nosso amor"- de ir com uma mini saia e uma blusinha bem decotada- pedir um aumento de salário pra ele, o seu querido esposo! Se ele, o seu parceiro, se enfurecer, diga-lhe que vai contar pra todo mundo que o seu querido marido tem um caso com a esposa do patrão.
7º- Honrar pai e mãe (só os seus) - Leve sua mãe para morar junto. Mas nunca se esqueça que sua mãe não pode comer sal; tem sono muito leve; ronca como um leão, padece do mal de Parkinson e tem incontinência urinária (mas não reclame, um dia você será igualzinha a ela).
8º- Quando ele conseguir juntar uma graninha, diga-lhe que você cansou da relação e que a partir de agora, você entrará com o pé e ele, inevitavelmente, com a bunda. No caso de ele quebrar financeiramente, que ele participará, com a bunda e você, piedosamente, com o pé.
9º- Esparrame pela cidade a notícia que ele tem ejaculação precoce, isto, quando consegue ereção.
10º- Diga-lhe sempre que quando ele partir pra outra vida, você, depois de cremá-lo e enterrá-lo para não correr o risco de catalepsia (morte aparente), dirá a todos que ele era o homem mais feliz do mundo. E que nunca mais vai arrumar outro, a não ser que Deus lhe dê de presente, outro igualzinho!
Se ainda ele sobreviver, entre no Vaticano com o pedido de beatificação em vida. Só pra atazanar!
E assim, de purgação em purgação, vamos evoluindo.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Sônia Braga em "Gabriela"


Cadê o IBAMA?

Por Tadeu Nascimento



Nas décadas de 70, 80, Luiza Brunet, Magda Cotrofe, Sandra Bréa, Sônia Braga, Lúcia Veríssimo, Maitê Proença, Bruna Lombardi, Vera Fischer e Cláudia Raia foram as musas brasileiras- além de mais algumas- que povoavam e brincavam com o imaginário masculino da época. Não é como agora que uma ou outra se destaca, a exemplo da atriz Juliana Paes. As revistas masculinas faturavam aos montes em cima dessas maravilhas. Lembro-me da estréia da nudez pública de Sônia Braga nas bancas de revistas. Não houve macho (urbano) em exercício que não se deliciou, passando e voltando páginas, com vontade de morder, beijar, etc a Gabriela Cravo e Canela do vídeo que estava ali, nas mãos... nuinha, nuinha! Como se o papel fosse a pele... e o cheiro da revista (tinta do papel) fosse o perfume daquela deusa dos anos 80. Se não me engano, existiam poucas revistas do ramo: a Play Boy, a Ele e Ela e a Sexy que estava surgindo (sem se esquecer que a Play Boy ocupou o lugar da comportada Status, que mostrava os seios, as pernas, as bundas, mas- cuidadosamente- negava aos leitores, o principal). Atualmente as bancas de revistas ocupam um terço do seu espaço físico, com dezenas revistas de sexo- sem qualquer pudor- além de DVDs e coisas afins. É a prova do poder do sexo.
Qual a diferença (dos conteúdos) das revistas de ontem com as de hoje? Os pêlos, meu caro, os pêlos! Luiza Brunet, no auge dos seus vinte anos, linda como a juventude é linda, trazia no meio das pernas uma respeitável moita (não era moitona, nem moitinha). Dizem os portais de notícias que ela voltará a posar nua, agora aos 48 anos- e, sabe-se que ainda é muito interessante. Mas aposto uma long neck que ela não ousaria expor-se com aquele buquê de pêlos! Seria, agora, algo como um bigodinho atravessado, ou um montinho muito discreto, à moicano, com a virilha cavada, ou ainda ao extremo, à moda Kojak, o que não escaparia, pelos indícios, que ali um dia foi uma virgem e densa mata! Cadê o IBAMA?
Sônia Braga, a Gabriela mostrava uma mata que não existiria na Bahia, mas sim nas mais distantes terras da Amazônia. Bruna Lombardi mostrou que sua vereda (como as do Grande Sertão) é tão bela-que se Riobaldo não fosse ficção, não deixaria que o peludo Tony Ramos pousasse o olhar- estupefato- na mata íntima da personagem Diadorim (Bruna)- no último capítulo da mini-série. A belíssima Lúcia Veríssimo também não subtraía pêlos. Sandra Bréa, idem. Cláudia Raia, bidem.
Todavia, isto ocorreu no mundo todo. As americanas com os seus mega seios (e com suas mini bundas) também expunham suas touceiras. As francesas, com suas anatomias quase anoréxicas, também. Obedecendo a nova ordem mundial do desmatamento, as mulheres modernas submetem-se a verdadeiras torturas chinesas: depilação com cera quente (e fria), na pinça, ou com lâminas (as famosas Gilette ou GII) e até a laser. Não há como negar, o planeta libido está ficando careca! Voltando pra cá, para o chão quente da parte de abaixo da linha do Equador, chamou-se atenção de muita gente a nudez de Cláudia Ohana, com seu imenso repolho negro, a um palmo abaixo do umbigo. Quem não se lembra? Há pouco tempo, Ohana voltou às bancas- vinte anos depois da primeira aparição na mesma Play Boy- com sua nudez, agora com uma modesta plantação de cerrado. Quem viu, não achou graça e os demais sexo-ecologistas não deram à mínima! Alô, Ministério Público!
Não mais que de repente, há alguns anos, a atriz e ex-miss Brasil, Vera Fischer surge com uma floresta tropical, digna de prêmio da ONU pela preservação. Foi um choque, agora para machos e fêmeas: muitos não gostaram! Como, meu amigo, se a 30 anos atrás não havia devastação rural, urbana e muito menos, pubiana?! Estamos mal de memória e mal acostumados! Ou você leitor, não gostava do que via? Às vezes, recebo emails com fotos de mulheres nuas. Não digo que não aprecio- ao contrário-, mas constato uma produção em série, de tão parecidas. O desmatamento é total, ou quase. Acho que é o reflexo inconsciente do que acontece com o nosso planeta. Do jeito que o mundo vai, vamos viver no (e do) deserto. Chame o Protógenes! Acorde o Romeu Tuma!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Maurício Kubrusly entrevistando o presidente da ASCRON

É preciso ser muito macho pra ser corno


Por Tadeu Nascimento


Corno, antes não sê-lo, mas não o sendo, como sabê-lo? Quem não tem um na família? E se não o tem, não tenha dúvida, é porque ainda não se tem conhecimento de sua existência. Trata-se do corno invisível. E mesmo se realmente não existir, creia, está a caminho. É o corno futurista ou corno download (está baixando). A cornoedade está ficando tão comum que o corno está perdendo sua importância. Daqui algum tempo, não ser corno, será uma desonra: "Olha lá, o anticorno do seu Antero com sua mulher! Que vergonha! Eles não se corneam, logo eles, nascidos de famílias tão defensoras dos bons costumes dos chifres!" Foi-se o tempo do corno sair por aí, dando tiros. Não se vê mais chilique de cornudo. Mário Prata (mineiro de Uberaba), em uma de suas crônicas, disse que em Minas, além de uma associação de machões tem uma de cornos. Por que não, penso eu, se existe a de gays, lésbicas e simpatizantes? Fui conferir no Google: meu amigo, tem associação de cornos até em Fortaleza- terra de cabras machos- cuja razão social é Associação dos homens mal amados do Ceará conhecida com Associação dos cornos que saiu até no Globo Repórter e conta com 8 mil integrantes, com estatuto registrado em cartório e cadastro na Receita Federal. Existe uma em Capão da Canoa, Rio Grande do Sul (mas também com este nome...). E também a ASCRON- Associação dos Cornos de Rondônia- que tem convênio (descontos) com farmácias, supermercados e táxi para os seus 7.800 associados- além de churrasco com cerveja todos os domingos- palavras do presidente, Pedro Soares. Todo conquistador de sucesso é um corno em potencial ou em estado latente. Se você deixa uma para conquistar outra, claro, você deixou a primeira para quem chegar, sentar (e chamar de sua), tomar o seu lugar e, claro, corneá-lo, enquanto você está corneando outro (a) lá na frente. A vida é assim: o garanhão de hoje é o corno de amanhã!

Têm cornos para todos os gostos. Se antes falava-se cochichando nos ouvidos que alguém era corno, hoje a coisa não é bem assim. Alguns cornos contam- com certo orgulho- pra todo mundo- as suas condições de galheiros. Existe a figura do corno que sabe, se faz de inocente, mas que também está ciente que um terceiro está botando um par de córneos no seu concorrente principal que eu o batizei de co-corno. Há quem garante que o amante sofre mais por ciúme que o corno. O amante passa o natal, o fim de ano, o dia dos namorados etc, sem a sua cara-corno-metade. Agora pense na possibilidade de ser um corno feliz e que o amante nunca está feliz, pois sempre falta um elemento básico: a tranquilidade. É a doce vingança do corno! Engraçado, ninguém pronuncia o plural de corno, com o "o" aberto e sim fechado, acho que é pra chamar atenção. "Os dois são cornos!"- disse um cidadão. Alguém o corrige: "Não são cornos com o "o" fechado e sim cornos com o "o" aberto". "Desculpa-me, se eu ofendi a classe!"-responde o primeiro.
Mas a figura do corno é muito interessante. De repente o corno passa a ser mais feliz do que antes. Livrou-se da mocréia. Na separação, compreensivo, o juiz até manera na pensão ou até, o desonera da mesma. E a sociedade não mais se surpreende ou diz mal do corno. Aliás, está cada vez mais solidária com o tipo. É como a Parada Gay. Antigamente, neguinho tirava maior sarro com o desfiles dos rosas-choques. Hoje ninguém liga. Voltando aos cornos: Antes um corno conhecido do que um corno esquecido, diria o corno político. Há quem esteja colhendo assinaturas para se tornar lei, o Dia nacional dos cornos, com data prevista para 16 de setembro, dia de São Cornélio. Nesse dia, nenhum corno deverá trabalhar. O próprio Poder Público há de declarar ponto facultativo. É o governo ao alcance do corno. A bem da verdade, o tipo corno está sempre por perto, todos estão acostumados com ele. Os amigos lhe são generosos, pagam a sua conta; "É cedo, toma mais uma!" E ainda, solidários, dão uma força: "Não fique assim, sabe quem está também passando por isso? O Ricardão, logo ele, com a fama de garanhão que tem! A mulher (dele) plantou um galho na cabeça dele com o vizinho, aquele que tem toda pinta de gay; aliás, até o nome é de gay: Armando Rosa! Viu quanta ironia, meu amigo?! Mas... não liga não, chifre é igual a morte: um dia chega pra todo mundo! Seja forte, é preciso ser macho pra ser corno, muito macho! E você é macho, é ou não é?"

quinta-feira, 19 de agosto de 2010


O clipe censurado de Michael Jackson

Por Tadeu Nascimento


A princípio não esperava grande coisa do email que recebi que leva o nome de "O clipe censurado de Michael Jackson". Os dias se passaram e o email ficou esquecido no envelope eletrônico. Resolvi, esta semana, abri-lo, sem pretensão alguma. Abrir por abrir. Para minha surpresa, trata-se de um belo clipe que recomendo ao leitor. Aliás, digno de nota dez. Para vê-lo, basta entrar no www.youtube.com e buscar Earth Song Michael Jackson, ou ainda pedir- via email- a este cronista. Trata-se de um clipe que denuncia o quanto o ser humano é imbecil por ser ávido por dinheiro e com isso, acaba por destruir florestas, fazer guerra e exterminar animais. Tudo com um único objetivo: grana. Filmado na floresta Amazônica, New York, Croácia e Tanzânia, o clipe é de muito bom gosto- e politicamente correto- e traz uma música belíssima, com uma letra dramática e interessante (legenda em português) que empresta seu título ao vídeo: Earth Song (Canção da Terra). Acredito ser desconhecido do grande público- inclusive do americano- pois o clipe ficou escondido por muitos anos. Claro, o governo Bush impediu a publicação do vídeo filmado em1996, pois chocaria o mundo como tardiamente me chocou. Se o clipe viesse ao público, à época, os EUA não teriam como negar a assinatura do Protocolo de Kioto em 2001. Justificou Bush, que a implantação das metas do protocolo prejudicaria a economia do país. Vale ressaltar que a Esso (ou ExxoMobil, como é conhecida nos EUA) foi a companhia que mais doou dinheiro (1,2 milhões de dólares) para campanha de George W. Bush para presidente e é a maior empresa dos EUA e se opõe a qualquer ação governamental que vise mudança climática, limpeza do ar ou investimento em energia limpa e ainda financia críticos contrários a ecologia. A música e por conseguinte o clipe, não tornaram sucesso, por força de interesses claramente imorais.
O clipe tem seu início com a floresta amazônica, onde se vê um tucano, depois alguns macacos e em seguida, uma patrola com sua lâmina que vai derrubando impiedosamente árvores como jequitibás, mognos e outras árvores seculares. Muda-se a cena: uma ex-floresta com sobras de arvores com sinais claros de moto-serra, fumaça e carvão que restaram da selva queimada. É quando surgem as primeiras notas de piano e em seguida, Michael Jackson aparece com sua voz inesquecível. Cena seguinte: alguns indígenas da amazônia com feições desoladoras pelo fato da floresta ter sido arrasada pelo "branco civilizado". Este cronista pergunta: quem é o selvagem, cara pálida? Os cortes de filmagem são como punhaladas na humanidade! A seguir, um elefante em estado de decomposição, sem- claro- os dentes de marfim e em seguida, negros africanos da tribo Masai, da Tanzânia- estampam suas grandes tristezas nos rostos (e corpos) esqueléticos- diante dos restos do grande mamífero. Outra cena: um pai em busca do filho e o encontra em outra cena, morto- em meio a tanques de guerra e bombardeios na Croácia. Neste momento a música chega ao cume, com seu refrão perguntando o que fizemos com o nosso planeta. Dramáticas as cenas dos índios, dos negros Masai, dos croatas e também de Michael Jackson- todos em cenas distintas- de joelhos, enfiando as mãos na terra pedindo desesperadamente clemência a mãe natureza, pela imbecilidade do ser humano. As filmagens dos Masai foram feitas em seus próprios vilarejos e enquanto filmavam, um elefante foi morto por caçadores, a milhas do local de gravação. Os indígenas do vídeo são os nativos da região e não atores profissionais. Uma grande parte da floresta vista nesse clipe, não mais existe. Foi destruída uma semana depois das filmagens. Onde havia floresta, hoje é uma imensa área de capim para engorda de gado.
A visão humanista e contestadora de M. Jackson, ainda hoje, quatorze anos depois, bate de frente com o mundo que não mudou, ou se mudou, é quase imperceptível. O grande artista se revela eterno diante das próprias indignações: John Lennon quando da sua campanha pela paz, se guardou por uma semana com Yoko Ono, nus, por uma semana, em um apartamento em New York, justamente para chamar atenção do mundo para que acabasse com as guerras, no caso, a do Viet-Nam. Falar em Lennon é lembrar-se dele em sua nobre campanha: "Give peace a chance" (Dê uma chance à paz).
Como os homens dependentes de lucro são pobres de espírito! E o pior, se acham espertos: deixarão aos seus descendentes muito dinheiro e um planeta destruído!
Caro leitor, vale à pena assistir.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010


Fim de Relacionamento

Por Tadeu Nascimento


Quando um relacionamento vai para o brejo, fica a dor, às vezes raiva, e o mais cruel, a dúvida. Desta vez foi pra sempre? Difícil responder: enigma das pirâmides. O fato é que uma inquietação passa a tomar conta da gente e os dias seguintes ficam estranhos, sem sal, sem açúcar, sem aspartame. Começar de novo? Tocar a vida pra frente? Focar somente no trabalho? Fugir das tentações, amém? Mudar os hábitos, dormir cedo-acordar cedo? Fazer caminhada, perder peso? Dar um tempo aos botecos? Levar vida de monge, ser um santo que nunca foi? Ler "O amor no tempo do cólera" de Gabriel Garcia Marques, ou o último da Danuza Leão? Para as mulheres, Lia Luft, e ou Augusto Cury podem aliviar quem precisa de (auto) ajuda! Quem sabe um de Martha Medeiros, a papisa dos fins dos relacionamentos? Árduas promessas! Não conseguimos. Sai tudo ao contrário: o trabalho não rende, porque está disperso; dormir cedo, impossível- a insônia não deixa. Ficar quieto em casa, ver um filme? Os barzinhos nos puxam como um imenso imã! Ler?- não se tem espírito nem para ler as horas no relógio! Caminhar, queimar calorias, nem pensar! Pode-se até perder peso por comer e dormir mal, mas o inverso é o que mais acontece: come-se mais por ansiedade e o ponteiro da balança impiedosamente acusa: a vida está péssima! Pra variar, sonhou com ela de novo! De repente, descobre-se uma nova ruga- a enésima (no caso delas é uma tragédia!) ou uma mecha de cabelos gris. Pronto: instalou-se o caos.
Uma coisa é certa. Agora é pra nunca mais! O problema é que não se consegue facilmente se livrar do fantasma dela/dele. Tira-se o cd do toca-cd do carro porque as músicas são a cara dela, insere-se outro no aparelho: piorou, cai na música que ela mais gosta. Muda-se para FM e o meloso Roberto Carlos pega na veia. E não é só isso: tudo lembra o ser amado que agora está na categoria de ex. Os lugares que freqüentavam, os amigos em comum e até o perfume (quando passa alguém com o mesmo aroma). Custa-se entender que o amor foi feito pra doer, pra machucar, pra judiar, para infernizar nossas mentes. Fosse eu um ditador (como todo ditador é insano) decretaria: "É proibido sentir saudade, sob pena de fuzilamento ou amputação de membro- (isto mesmo: castração!- o mesmo para as mulheres: cortar o cartão de crédito!" Freud explicaria: o cartão de crédito é o pênis feminino) conforme o grau de tristeza. Mas não tem jeito, o amor é uma demência no seu mais alto grau. Coisa pra camisa de força e pra muito Zoloft. Mas o pior dos piores é não vivê-lo, como acontece com os covardes que tem medo de se envolver. Como se alimentassem somente com salada de alface com chuchu a vida inteira. Vida mais ruminante! No nosso DNA está escrito, como uma sentença: "Nada é para sempre e o amor não tem termo de garantia!" Então quem não quiser sofrer, que não se envolva, não ame; que alugue um pasto e rumine capim até o fim da vida!
Um dia, essa história- que um dia foi bela- irá se apagar, como tudo na vida-inclusive as estrelas-; mas vai levar um bom tempo. Enquanto isso, melhor juntar uma boa grana para o botox, para muitas tintas para esconder os brancos das melenas e, óbvio, para o milagreiro cirurgião plástico, até que venha (caia do céu) a delícia de um novo amor.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010


Duas estrelas: a minha e a do Botafogo


Por Tadeu Nascimento


Feliz no jogo, infeliz no amor (e vice-versa) é um dos mais conhecidos ditos populares. Não tenho que concordar com essa máxima. O Botafogo, time do meu coração, já fez o diabo comigo. Pra começar, ficou 21 anos sem ganhar um campeonato e só conseguiu tal façanha- depois de um longo jejum- graças a uma obra cabalística: no dia 21 de junho de 1987, aos 21 minutos do segundo tempo, justamente contra o seu arqui inimigo, Flamengo. Imagine o leitor, se realmente prevalecesse essa máxima, eu não teria- justamente na época que o Botafogo não ganhava nada, uma filha- única- que amo tanto, cuja mãe, é torcedora- advinha de que time- do Mengão, claro.
A vida tem sido assim. O Botafogo foi finalista do Campeonato Carioca nos 5 últimos anos e ganhou apenas um. E tal qual o meu time, eu quase fui feliz nestes 5 anos. Estou me referindo a minha vida particular. Quando iríamos (o Botafogo nos gramados e eu na vida) passar a mão na taça da felicidade, vem o destino e chuta a bola na trave, ou o juiz apita falta, ou uma bandeirinha exibicionista- que sairia na Playboy- ergue a famigerada bandeira, coisas que impedem de sermos felizes.
A minha estrela e a do Botafogo, andam quase sempre apagadas. Ás vezes, uma labareda vem iluminar o nosso caminho. O botafogo já foi rebaixado (2002)- pra Segundona do Brasileirão- ou quase, por muitas vezes, como no ano passado. Eu- nem é bom falar-, vivo sempre tentando me manter na primeira divisão do meu campeonato particular. Às vezes caio também. Aliás, o Botafogo e eu, infelizmente, sofremos a síndrome da perseguição: "tem coisas que só acontecem com o Botafogo" e, claro, comigo. Sempre achamos que somos injustiçados- pra não falar, ludibriados. Mas o que fazer? O cidadão muda de cidade, de país, de mulher, de até de sexo, mas não muda de time.
Coincidência ou não, a estrela sempre foi característica dos perseguidos: os judeus tinham como o símbolo uma estrela de 5 pontas, a de Salomão, como a do alvinegro carioca. Depois, com a perseguição de Hitler, os judeus adotaram (na sua bandeira) uma seis pontas- acho que é por mais um sofrimento-, a estrela de Davi. Se o Botafogo fosse um time israelense, teria sua sede ao lado do Muro das Lamentações e seria trapaceado pelos times do Hamas, do Hezbollah, ou do Fatah, sei lá! Só ganharia dos Kibutz Futebol Clube que seria o Vila Nova deles. O Botafogo e eu somos totalmente passionais. Vivemos de ilusões. Mal surge um razoável jogador, ou ganha uma partida de um time de renome, pronto, somos os melhores do mundo! Lotamos os estádios, vestimos a camisa do time, contamos vantagens mil. Basta uma derrota para um time pequeno e logo caímos na real. Na vida pessoal, não é diferente, quando entendo que tudo está bem, eis que cai um chuvisco que se transforma em tempestade, o teto desaba e o sonho acaba.
Botafogo Futebol e Regatas. Há muitos anos, ouvi de um comentarista esportivo que deveriam excluir o sobre nome Regatas- pois se o Botafogo é o clube mais supersticioso do Brasil, "a diretoria do clube deveria entender que o azar do time está no prefixo 'Re' que puxa as 'gatas' para trás e isso não é legal! Daí a sina de ser re-bai-xa-do, ou quase. Acho,- defendia ele- que se mudassem pra Posgatas ou Progatas, cabalisticamente o Botafogo seria o maior de todos"- Faz sentido.
Pra terminar, estive no Rio de Janeiro em junho de 2009. Final do Campeonato Carioca. Botafogo x Flamengo. Uma voz sobrenatural (talvez de algum parente meu Almeida) ou a minha insegurança, aconselharam-me a não ir ao Maracanã. Não fui. Dito e feito: o Mengo foi campeão e o Bota, vice. E bota vice nisso! Pela terceira vez consecutiva! Mais uma vez, quase feliz. No céu do Rio estouravam foguetes e rojões! Me senti um idiota, por torcer para um time que tem vocação pra ser vice. Vice é pior que ex-namorado, ex-marido. É algo parecido com ex-corno. Ex-corno não existe, mas o cidadão antes de ser corno, poderia ter sido feliz um dia, mas vice nunca é feliz; é um ser que existe-não-exite! Serve pra quê? A gente nunca se lembra de quem foi vice de qualquer coisa! O Brasileirão/2010 está na 11ª rodada campeonato e o Botafogo se encontra na faixa do rebaixamento (escrevo esta crônica no dia 30 de julho). Lá vai o Tadeu para o mesmo destino! Mais uma vez. Mas um dia, o Bota vai ser muito feliz e eu também. Como viu o leitor, sou um otimista!

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Amar é... cair de quatro
Por Tadeu Nascimeno


Os amores, por mais desastrados que foram nas nossas vidas, são muito importantes, posto que ocupam nossas lembranças. Uns mais, outros menos. Com eles aprendemos, choramos, tivemos filhos, tivemos grandes momentos, brigamos, também fizemos as pazes, viajamos, nos entregamos de alma, nos separamos, nos distanciamos, nos... até nunca mais, seja feliz. Quis o destino que seria preciso passar por todos esses amores. Fico a imaginar, quando o sol das nossas vidas baixar na linha do horizonte; quando a morte estiver batendo nas nossas portas, eu me perguntaria: o que foi feito de fulana? O que ela estaria fazendo hoje? Ela estaria mais gorda? Ela se cortou nos cabelos? Será que se envelheceu, tanto quanto eu? Será que ela sabe, se eu ainda existo? Será que ela sabe que padeço do diabetes? Será que guardou mágoas de mim, ou será que não tive importância alguma na sua vida? E de Beltrana, que acabou com o nosso relacionamento para se casar com outro, e que passou a viver às turras com o marido, será que ela o deixou? Mudou-se para Paris? Jurava ela que não morreria antes de morar, pelo menos um ano, em Paris? Nunca mais, tive dela notícias. Como era bela! E o que foi feito daquela que eu tinha absoluta certeza que eu enlouqueceria sem o seu amor? E ainda daquela outra que achava que eu seria último homem da sua vida e que- no entanto- me trocou por outro 5 anos mais novo e que dias depois ela também foi trocada por uma, 10 anos mais nova? Eu sei, isto acontece com todo mundo.
Ficção à parte, não me arrependo de nenhum relacionamento, aliás, sou eternamente grato. Peço sinceras desculpas pelas faltas cometidas- que não foram poucas- Por ação ou por omissão. Sei que a vida é um sopro de tão rápida e que é preciso que sejamos intensos- isto, sei que fui- senão os relacionamentos morreriam rapidamente por inanição e não teria sentido esta crônica. Para viver um grande amor não é só preciso ser um bom sujeito, ter muito peito- peito de remador- como dizia Vinicius de Moraes, mas também é preciso cair...cair de quatro e é por isso que os meus joelhos (e o coração) estão sempre escalavrados! Por mais que sejamos ridículos (o amor é ridículo), cafonas (o amor é brega), tolos (o amor é insano) e que acabemos dando com os burros n'água, os amores são inesquecíveis.
Quem, caro leitor, honestamente, não se lembra de alguém que um dia mexeu com a sua vida? Não muito raro, amores se reencontram décadas depois, já avôs e avós, e que se acertam e misturam as suas intimidades já bastante conhecidas, num gesto de uma nova promessa de amor para sempre.
Reencontros. Imagine você admirando títulos de livros através de uma vitrine de um shopping e de repente, reflete no vidro a imagem de alguém que um dia você se entregou de corpo e alma e rapidamente você se vira como tivesse levado um choque de 220 volts e os seus olhares se cruzam e ela o cumprimenta sem graça, com um "oi, tudo bem?", e você, com a voz embargada, repete a mesma pergunta e acabam sem saber como estão porque apenas se perguntaram e não se responderam nada. E você fica sem chão o resto da noite; fica fora do ponto e atônito, sua mente navega num passado que gostaria que não estivesse. Anda alguns passos bem medidos e se vira para trás, justamente quando ela também volta o rosto e depois de flagrados os olhares, baixa a cabeça e vai tomar um chope para acalmar o coração (pra isso, serve o chope). Parece que ainda existe uma pequena chama que só faltaria alimentá-la. Gostaria de perguntar tantas coisas, de dar um abraço apertado, talvez um beijo, mas a distância que se perdeu no tempo, impede. Votam a caminhar em sentidos opostos. Fatos como esse, são os que nos levam a nos perguntar sobre as pessoas que passaram pelas nossas vidas e que servem para confirmar que foram muito importantes. Que bom que inventaram o chope!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Cinturinha de Pilão


O sexy appeal das mulheres

Por Tadeu Nascimento

Falemos da atração feminina, falemos do sexy appeal das mulheres. Sexy appeal são nuances de atração entre humanos. Atração que se baseia em muitos detalhes como na visão, no odor, nos pequenos e sutis sinais como a voz, o movimento de cada um. É quando alguém exala sensualidade. É o que muitas vezes entendemos por tesão.
A química da atração é um mistério. Pode ser por um corpo num todo ou por uma parte específica deste. Tem homens para todo tipo de tesão. Há quem tem atração/tesão por pés. São os chamados podólatras. Esses fazem apaixonados discursos enaltecendo o tamanho, a delicadeza, o formato, os detalhes das unhas de um par de pés bem cuidados. Outros, por nádegas grandes (seriam nadególatras ou bundólatras?). Existem os que são atraídos por saboneteiras- dos ombros- que só existem em mulheres magras. Há quem defende teses sobre o sexy appeal que possuem as mulheres de peiadores (tornozelos) finos. Quando menino, ouvi muitas vezes os mais velhos dizendo "Nada melhor que uma cabrochinha de 'piador' fino!" ou ainda "Dou uma fazenda por uma mulata de 'piador' fino!"" Esses obcecados por essa parte final das canelas, viajam na batatinha imaginando o poder da libido dessas mulheres. Outros, ao contrário, deliram por mulheres que tem o sexy appeal nas pernas torneadas e roliças. Tem aqueles que se vem enroscados num par de pernas de uma mulher magra e esguia como uma gazela. Muitos sucumbem diante de um par de seios com bicos apontados pra lua ou ainda por um colo de seios bem harmonioso. Conheço um cidadão que perde o rumo quando vê uma escurinha e quanto mais caída pra negritude, mais se desorienta; assim como há que tem tesão por gordinhas; por mulheres com cabelos tipo Joãozinho, bem curtinhos. Há também quem é chegadinho a mulheres com bocas grandes. Quando cursava universidade, tive um amigo que tinha frisson por axilas. Para ele, certas mulheres tem o sexy appeal debaixo dos braços. Ele se justificava dizendo que a axila tem o formato que lembra o órgão sexual feminino. E ele realmente não tirava os olhos das axilas às mostras, de qualquer mulher que estivesse próxima, principalmente se a mulher tivesse as axilas depiladas há poucos dias. Outro conhecido, tinha tesão por mulheres com sardas. "Por mim, todas mulheres deveriam tomar banho de sol com peneira para se enfeitarem com sardas!"-, brincava. Vai entender os homens!..Tem gosto pra tudo e pra todos.
Mulheres com cinturas finas. Não há quem não admire e não se desconcerte. Mulheres com esta anatomia- tem um par de covinhas um pouquinho acima da região glútea e tal qual as formigas, tem nádegas empinadas, arredondadas e perfeitas- Cinturinhas finas também chamadas de pilão elevam a testosterona a níveis insuportáveis e provocam quase sempre doloridos torcicolos, alucinações e principalmente insônias nos machos convictos, garantem os bundólatras. A bem da verdade, as mulheres que mexem com a nossa libido e que nos fazem suspirar, trazem-nos felicidade e dão sentido às nossas vidas. Amém.

quinta-feira, 15 de julho de 2010



O vendedor de algodão-doce

Por Tadeu Nascimento


Já vem de alguns anos, a obsessão do empresário Eike Batista em ser o homem mais rico do mundo. Para ele a felicidade passa pela vaidade de ser o homem mais cobiçado do planeta. Não pelo que é, mas pelo que tem. Problema dele. Pragmático, não se importa se dele querem só o dinheiro. Aliás, grande parte sua riqueza material é herança de seu pai Eliezer Batista, presidente da Companhia Vale do Rio Doce, na época da ditadura. Ex-esposo da linda Luma de Oliveira, Eike viu o poder de sua grana, ser rebaixado às cinzas, quando Luma o traiu com um simples policial do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Pior ainda quando, meses depois, ela desfilou na Marquez de Sapucai, - mais uma vez semi-nua- com uma coleira no pescoço, escrito Eike, sugerindo perdão e submissão ao marido traído. O mundo todo viu tamanho mico. Problema dele. Divorciaram-se. Em 2008, Eike numa coletiva à imprensa, disse que no ano seguinte, seria o homem mais rico do mundo. Os fiscais da Receita Federal, diante de tamanha exteriorização de riquezas, fizeram-lhe uma visitinha que lhe causou uma pequena dor de cabeça e algumas multas de alguns milhares de reais. Neste caso, não se tratou de um simples mico, mas de um King Kong. Problema dele.
Eduardo de Tal, anda- à noite- a passos largos, quase correndo, carregando como quem carrega um estandarte, um tubo de PVC cravado de palitos com algodão-doce coloridos envolvidos em saquinhos plásticos que ele vende pelo simples valor de um real, a unidade. Com um pequeno boné que protege a sua cabeça de senhor de meia idade com poucos cabelos, da friagem da noite, atravessa boa parte da cidade, a pé, vencendo 15 kms na vinda e outros tantos para voltar para sua pequena casa escondida, perto do trevo que dá destino à Inhumas, além de outras distâncias indefinidas de bar-em-bar. Uma versão urbana e atual de Dom Quixote. Faça frio ou chuva, o nobre guerreiro de açúcar- sem se derreter e sem se render- percorre os bares de Goiânia a vender doçura. E o mais interessante, a venda não é para crianças, mas para adultos, quase sempre para mulheres. Se não bastasse tanta singeleza, traz sempre no bolso da camisa dezenas de "santinhos" com dizeres religiosos que não são mais que convites para se interagir com Deus que ele distribui aos seus clientes. É de se perguntar: como este pobre homem, vive sempre a sorrir? Com que força tem este pobre andarilho-vendedor que percorre- de bem com a vida- os quatro cantos do Setor Oeste, do Marista, do Bueno às vezes, nas horas altas da madrugada?
A princípio, parece um pobre coitado. Não o é. Eduardo é apenas um homem simples, humilde, que estampa na face um sorriso imenso de causar inveja. Acho que este é o seu único mal- se realmente causa. Eduardo não tem problemas existenciais, não corre o risco de sequestro, não paga duplicatas, não tem cheques pre-datados a cobrir e tampouco, recebe cheque sem fundos e o melhor, não tem o fisco como algoz. Sempre que o encontro, faço-lhe a mesma pergunta:
-Meu amigo, você ainda é feliz?
E ele, me reponde com um sorriso largo:
-Felicíssimo!
E com esta certeza fica, para mim, mais evidente que precisa-se de muito pouco pra ser feliz!

quarta-feira, 7 de julho de 2010


Johnny Depp e suas tatuagens


Até que o raio laser nos separe

Por Tadeu Nascimento



É sabido que a cirurgia plástica tem muito contribuído para beleza das mulheres. Nada contra. Todavia, sempre fui adepto às coisas naturais, principalmente as que se referem ao corpo humano. E tudo que força a barra, me intriga. As tatuagens e os piercings, por exemplo. Outro dia, vi uma mulher, cujo corpo, lembrava mais uma das pinturas de Salvador Dali. Quando ela se sentou e cruzou as pernas, a tatuagem que trazia em uma das pernas, causava a impressão de um relógio se derretendo. Na nuca, uns dizeres que eu não sei era em grego, japonês ou em dialeto africano. Sem contar que pendia três argolinhas em uma das narinas; nas orelhas, dois enfeites que pareciam duas rolhas enfiadas nos lóbulos. Imagino- melhor nem ousar- o que se poderia estar grafado ou incrustado no resto corpo que ficava por debaixo dos panos. E para completar, um par de olheiras roxas que sugeria que era filha de Bento Carneiro, o Vampiro Brasileiro. Uma agressão ao bom senso. Quem conhece a banda de rock Sepultura, sabe que seus componentes são todos tatuados com as figuras mais horripilantes, inclusive com a figura do demo. Há quem goste de uma borboleta, um beija-flor ou uma rosa, em tamanhos delicados, tatuados no corpo. Tudo bem, estou até acostumando, mas ainda prefiro a pele imaculada. Acho- não, tenho certeza- que estou ficando muito careta!
Quais são as razões dessas agressões ao próprio corpo? A internet está cheia de fotografias de pessoas estranhas que cometem tais atitudes. Outro dia, entrando no elevador, todo distraído, dei-me de cara com um casal- suponho, de namorados- ambos, com dois chifrinhos sob a pele da testa, tal qual, "o coisa ruim" que habita as profundezas. Nas costas de ambos, inúmeras tatuagens. Os cabelos coloridos dela, sugeriam uma homenagem as araras brasileiras; os dele, aos índios moicanos (cabeça raspadas nos lados). Passado o susto, me perguntei: o que estes dois seres estranhos querem mostrar? Agredir a sociedade? Rebelar-se contra o quê? Mais um casal de rebeldes sem causa ou seria uma resposta ao mundo, por serem filhos de pais separados? Os pais não estiveram presentes para educá-los? Faltou amor? Lar desajustado? Por que muitas das tatuagens são feitas nas costas, na bunda, na nuca, se os próprios tatuados não conseguem vê-las? Outros, vão mais além, tatuando quase o corpo todo! Aliás, sempre me pergunto, quando me surge alguém assim: por que uma moça tão bonita estragou a sua pele desse jeito?.. O leitor, já imaginou, se a tatuagem fosse obrigatória a todos os humanos? Isso me remete aos versos de "Disparada" de Geraldo Vandré: "Porque gado a gente ferra/... mas com gente é diferente..." Qual o prazer em suportar tais desenhos picotados, se não temos pele grossa dos bichos? Não posso acreditar que seja simplesmente, modismos. Que me respondam os psicólogos e psiquiatras!
Há poucos dias vi- creio que na Uol.com, ou na Glogo.com- um rol de pessoas que se submeteram a raios laser, para tirar de seus corpos, tatuagens de desafetos que num passado próximo, foram seus amores "ad eterno". Como fosse possível, apagar parte do passado. Neste caso, não se trata de agressões ao corpo e a sociedade, mas de atos impensados que quase sempre, resultam em grandes enganos. Mal gosto à parte, a cantora brasileira Kelly Key deletou- através de raio laser- da panturrilha, a cara do cantor Latino. O artista que havia também jurado amor absoluto pela parceira e com ela teve uma filha, retribuiu o gesto na mesma dose. Mas assim que começou a namorar o empresário Mico Freitas, Kelly fez uma homenagem ao novo namorado, no pescoço. A atriz Débora Secco, tirou da pele- também com ajuda do laser- o nome de Falcão- que também tem várias tatuagens e uma imensa cabeleira rastafari-, cantor de rap, artista pós-moderno que ofende os meus ouvidos e de quem tem bom gosto. A modelo Viviane Araújo, por sua vez, declarou o seu amor, tatuando no seu antebraço o nome do cantor Belo (condenado por ligação com o tráfico de drogas) e, após o término do namoro, apagou a tatuagem com sessões de laser. O ator Johnny Depp, quando noivo da atriz Winona Ryder, tatuou "Winona Forever". No entanto, a relação não durou muito e Johnny, o " Don Juan de Marco", mudou a frase para "Wino Forever, ou seja "Bêbado Forever". Faz sentido! Acredito que uma das profissões de sucesso, num futuro próximo, será a dos especialistas em apagar tatuagens com raio laser. Tira João, entra Joaquim; sai Maria, (das Dores), entra Maria (das Graças); Sai Jesus Cristo, entra Che Guevara. Sai fulana, entra beltrana. E por aí, vai.
Tempos modernos. O amor agora é registrado à agulha e expulso a laser, o raio. Conheço um cidadão que tirou o nome do "filho" inscrito em um das suas próprias pernas por que descobriu que não era o pai da criança. O DNA, decididamente, também se uniu ao laser para desunir os casais. E o rebento que se arrebente. E com isso, as pessoas vão se revelando cada vez mais carentes e inseguras. E eu, me tornando mais careta e mais quadrado.