terça-feira, 14 de dezembro de 2010


Palácio Taj Mahal, construido pelo príncipe Shah Jahan para sua amada, a princesa Muntas Manhal

Quanto custa uma paixão


Por Tadeu Nascimento

Você pode usufruir de uma vida calma, sem atribulações, sem grandes problemas, quase sem graça; ou optar por viver uma existência, às vezes conturbada, porém, rica em emoções. A vida é feita de escolhas. Faça a sua. Sendo eu cronista, e lembrando que os cronistas são os retratistas da vida, com as minhas lentes multi-almas-focais, registro pessoas de todos os tipos. Entretanto, as que me chamam, à atenção, são as que morrem de medo se arriscar; de se envolver com outras, de se apaixonar. Outras, as que me parecem assexuadas. Mesmo nesse mundo moderno de hoje, com a liberdade sexual a todo vapor, ainda existem insistentes virgens com mais de 20 anos de idade. Parece mentira, mas não é. Basta se atentar para as evangélicas ferrenhas e constatará que muitas estão ainda invictas -e convictas- pois se dizem felizes, o que não acredito! Outras- não necessariamente luteranas ou calvinistas- com histórias de relacionamento mal resolvidas ou fracassadas, se fecham como um caracol para um novo afair. Trata-se do risco de quebrar a cara mais uma vez. Mariana, nome fictício de uma linda mulher de 35 anos, mais se parece uma moça de 20, ainda virgem, segundo personagens reais- línguas do ofidiário que a circunda-, com poucos namorados no currículo com quem mal teve beijos relâmpagos, sem reticências ou etcétaras, parece não saber que o tempo é implacável. Tenho pena dessa delicada flor que há de murchar-se se não abrir suas pétalas. Sob a desculpa de uma falsa moralidade, está ela perdendo o melhor da vida!
Transitam desapercebidas pelas calçadas da vida pessoas que passam dois, três, cinco anos sem um relacionamento, embora estivessem no auge de suas sexualidades. Não é pelo fato de não serem desejadas, mas sim, por seus conceitos morais arraigados e por isso preferem a solidão a se exporem como "pecadoras" ou imorais. Enquanto, na verdade, o grande pecado é não ser feliz! Assim como vulgar é ser infeliz! Todos infelizes são chatos e todos chatos são infelizes! E com isso se martirizam, se tornam amargas e até insuportáveis. Não estou fazendo apologia ao sexo pelo sexo, mas combatendo a hipocrisia. Uma mulher desimpedida, solitária, sabe muito bem do cotidiano e do caráter do seu interessante vizinho que- por acaso- está nas mesmas condições que as dela e, no entanto, ela se mantém austera como aço, mais dura que uma bactéria resistente. Vai morrer enferrujada (e, possivelmente, ele também)! É do tempo da pedra lascada a máxima segundo a qual "Leva-se dessa vida, somente a vida que se leva e não o que se leva dessa vida!" A vida tem que ser compreendida como uma grande aventura. Assim como muitas das telas do cinema. Aventura é a materialização do sonho. E como disse o poeta Carlos Nejar, imortal da ABL, "Os sonhos são mais definitivos do que a gente".
Uma paixão pode custar decepção, angústias, amarguras, cabelos gris, rugas e até tragédias. Vide Shakespeare que melhor explorou esse assunto. Mas a paixão pode também custar pouco: basta somente soltar os freios da moral e dar uma chance a si mesmo. Isto posto, a paixão faz remoçar, tornam o amantes mais alegres, mais dispostos para vida e principalmente os fazem sonhar sonhos inebriantes. Tenho no meu rol de amigos, um senhor, que embora rico e que poderia se esbaldar pelo mundo afora, andava com os olhos pregados nos mocassins (de tristeza) esperando pela libertadora morte. De repente arranjou um novo amor e como numa reação em cadeia, perdeu peso, tonificou a pele, trocou os inseparáveis mocassins por um par de tênis; mandou a morte baixar noutra freguesia e agora anda de mãos de dadas com a sua distinta, serelepe da vida! Pelo jeito, vai viver mais uma década, fácil, fácil. Nunca é tarde para viver uma aventura de um Montechio por uma Capuletto.
Enquanto a chama arder, conjuga-se, numa miscelânea ilógica, o futuro do verbo viver no mais que perfeito, o infinitivo do mesmo verbo no presente e o presente pra lá do infinito. Paixão é auge dos romances famosos; razão da existência dos poetas e romancistas. Soneto de Vinicius enquanto dure. Romeu Shakespeare Julieta. Anna de Assis Os sertões Dilermando. Elizabeth Taylor Cleopatra Marco Antonio Burton. John Lennon Imagine Yoko. Peter Abelard Castrado Heloise. Príncipe Shah Jahan Taj Mahal Muntaz Mahal.
Como disse na introdução, a escolha é sua.

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