quinta-feira, 15 de maio de 2014

Cacique Seatlle


O QUE VEJO NÃO É COISA BOA  

 Por Tadeu Nascimento

                  Sou otimista por natureza, mas o que vejo não é coisa boa. O planeta sendo devastado pelos homens, a loucura desses mesmos homens por dinheiro. Irmãos atacando irmãos, como é o caso da Coreia do Norte contra a Coreia do Sul. A Rússia sufocando a Ucrânia. Os Estados Unidos- é mais que sabido- usando e abusando  do seu poder belicoso contra os países pobres! Só não encaram a China e a Rússia porque não sobraria pedra sobre pedra em grande parte do planeta! E também não peitam o Iram, porque Israel sumiria do mapa! Entretanto, mais do que ver, pressinto que alguma coisa de grande proporção está prestes a acontecer. Se acontecesse o apocalipse não me estranharia nenhum pouco, pois todos ingredientes para por fim a raça humana estão na panela a ferver- e  há muito tempo! E o caldo já está grosso e borbulhando!
                                 Nada fica instável por muito tempo. Nenhuma coisa fica se equilibrando muito tempo; não demora, essa coisa volta para o plano. Nenhuma nuvem fica cinzenta por muitas horas, logo desagua sobre a terra! Quem viu o excelente documentário "O mundo sem ninguém", sabe que tudo volta  ao estado pre-histórico. Ou seja, tudo que o homem construiu vai se acabar um dia. Fica evidente o desrespeito a vida.
                                 Um alerta bem claro deixou o cacique Seatlle da tribo Suquamish, perto de Washington, USA. É histórico que o índio sempre foi qualificado como subdesenvolvido, atrasado e infantil. Isto na visão dos capitalistas. Mas aos olhos da ciência, dos humanistas, não é bem assim. Em 1855, o cacique Seatlle, diante do fato de quererem os brancos comprar as terras dos índios, escreveu ao presidente dos Estados Unidos Francis Pierce: "as fragrantes flores são nossas irmãs: o veado, o cavalo e a águia majestosa, são nossos irmãos; as cristas rochosas, as seivas da pradaria, o calor corporal do potrilho e do homem, tudo pertence a mesma família. Sabemos que o homem branco não compreende nossa maneira de ser. Para ele cada pedaço de terra é igual ao outro porque ele é um estranho que chega à noite pra tirar da terra o que necessita. A terra não é sua irmã, porém sua inimiga. Tendo-a conquistado abandona-a e segue seu caminho. Trata sua  mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisa  que se pode comprar, saquear e vender. Seu insaciável apetite devora a terra e deixará atrás de si apenas um deserto. A terra não pertence ao homem, o homem que pertence a terra".  Diz ainda o cacique Seatlle: "Tenho visto milhares de búfalos apodrecendo nas pradarias, abandonados ali pelo homem branco que atirou neles de um trem-de-ferro em  marcha. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo a vapor pode ser mais importante que um búfalo, que somente matamos para poder sobreviver. Se todos os animais desaparecerem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Tudo que afeta a terra afeta os filhos da terra. E a terra pertence ao Deus da Humanidade e a sua compaixão é igual para o homem de pele vermelha  e para o homem de pele branca". Tal carta de qualidade tão elevada, parece ter sido escrita por São Francisco de Assis, ou por Zaratustra, ou ainda pelo Dalai Lama, o líder budista. Pois, o selvagem cacique Seatlle deu um banho de humanismo e civilidade no poderoso presidente dos Estados Unidos e por decorrência ao povo americano. 
                                 Mudando apenas de tempo e de país, agora  no Brasil na época da escravidão, "mutatis mutantes", garante Darcy Ribeiro na sua obra  "O povo brasileiro" que os escravistas do Brasil no século XVIII, tentaram criar negros como se fossem gado. Assim como os fazendeiros escolhiam o seu melhor touro para cruzar com suas vacas, escolhiam negros e negras de melhor saúde para se cruzarem, para depois  venderem as sua crias, além de fazer das negras o alívio para suas taras sexuais. Só não conseguiram fazê-los  porque o negro conseguia quase sempre fugir. Todavia, em pleno terceiro milênio, ainda existem muitos escravistas no Brasil. São os mesmos latifundiários que desmatam as florestas, os donos de garimpos que contaminam os rios, os mesmos donos de bancos que financiam essa gente. Não se expõem como escravista porque a questão moral da humanidade não mais permite.  Mas, nunca vivemos tanto a apologia do ter e não do ser!
                                  Assim é o ser humano. Quanto mais dinheiro, mais poder, mais persistem em vagar nas trevas.  Quem é o mais perverso, o branco ou negro? Quem é mais evoluído o branco ou o índio?