Cacique Seatlle
O QUE VEJO NÃO É COISA BOA
Por Tadeu Nascimento
Sou otimista por natureza, mas o que vejo não é coisa
boa. O planeta sendo devastado pelos homens, a loucura desses mesmos
homens por dinheiro. Irmãos atacando irmãos, como é o caso da Coreia do
Norte contra a Coreia do Sul. A Rússia sufocando a Ucrânia. Os Estados
Unidos- é mais que sabido- usando e abusando do seu poder belicoso
contra os países pobres! Só não encaram a China e a Rússia porque não
sobraria pedra sobre pedra em grande parte do planeta! E também não
peitam o Iram, porque Israel sumiria do mapa! Entretanto, mais do que
ver, pressinto que alguma coisa de grande proporção está prestes a
acontecer. Se acontecesse o apocalipse não me estranharia nenhum pouco,
pois todos ingredientes para por fim a raça humana estão na panela a
ferver- e há muito tempo! E o caldo já está grosso e borbulhando!
Nada
fica instável por muito tempo. Nenhuma coisa fica se equilibrando muito
tempo; não demora, essa coisa volta para o plano. Nenhuma nuvem fica
cinzenta por muitas horas, logo desagua sobre a terra! Quem viu o
excelente documentário "O mundo sem ninguém", sabe que tudo volta ao
estado pre-histórico. Ou seja, tudo que o homem construiu vai se acabar
um dia. Fica evidente o desrespeito a vida.
Um
alerta bem claro deixou o cacique Seatlle da tribo Suquamish, perto de
Washington, USA. É histórico que o índio sempre foi qualificado como
subdesenvolvido, atrasado e infantil. Isto na visão dos capitalistas.
Mas aos olhos da ciência, dos humanistas, não é bem assim. Em 1855, o
cacique Seatlle, diante do fato de quererem os brancos comprar as terras
dos índios, escreveu ao presidente dos Estados Unidos Francis
Pierce: "as fragrantes flores são nossas irmãs: o veado, o cavalo e a
águia majestosa, são nossos irmãos; as cristas rochosas, as seivas da
pradaria, o calor corporal do potrilho e do homem, tudo pertence a mesma
família. Sabemos que o homem branco não compreende nossa maneira de
ser. Para ele cada pedaço de terra é igual ao outro porque ele é um
estranho que chega à noite pra tirar da terra o que necessita. A terra
não é sua irmã, porém sua inimiga. Tendo-a conquistado abandona-a e
segue seu caminho. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como
coisa que se pode comprar, saquear e vender. Seu insaciável apetite
devora a terra e deixará atrás de si apenas um deserto. A terra não
pertence ao homem, o homem que pertence a terra". Diz ainda o cacique
Seatlle: "Tenho visto milhares de búfalos apodrecendo nas pradarias,
abandonados ali pelo homem branco que atirou neles de um trem-de-ferro
em marcha. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo a
vapor pode ser mais importante que um búfalo, que somente matamos para
poder sobreviver. Se todos os animais desaparecerem, o homem morreria de
uma grande solidão de espírito. Tudo que afeta a terra afeta os filhos
da terra. E a terra pertence ao Deus da Humanidade e a sua compaixão é
igual para o homem de pele vermelha e para o homem de pele branca". Tal
carta de qualidade tão elevada, parece ter sido escrita por São
Francisco de Assis, ou por Zaratustra, ou ainda pelo Dalai Lama, o líder
budista. Pois, o selvagem cacique Seatlle deu um banho de humanismo e
civilidade no poderoso presidente dos Estados Unidos e por decorrência
ao povo americano.
Mudando
apenas de tempo e de país, agora no Brasil na época da escravidão,
"mutatis mutantes", garante Darcy Ribeiro na sua obra "O povo
brasileiro" que os escravistas do Brasil no século XVIII, tentaram criar
negros como se fossem gado. Assim como os fazendeiros escolhiam o seu
melhor touro para cruzar com suas vacas, escolhiam negros e negras de
melhor saúde para se cruzarem, para depois venderem as sua crias, além
de fazer das negras o alívio para suas taras sexuais. Só não conseguiram
fazê-los porque o negro conseguia quase sempre fugir. Todavia, em
pleno terceiro milênio, ainda existem muitos escravistas no Brasil. São
os mesmos latifundiários que desmatam as florestas, os donos de garimpos
que contaminam os rios, os mesmos donos de bancos que financiam essa
gente. Não se expõem como escravista porque a questão moral da
humanidade não mais permite. Mas, nunca vivemos tanto a apologia do ter
e não do ser!
Assim
é o ser humano. Quanto mais dinheiro, mais poder, mais persistem
em vagar nas trevas. Quem é o mais perverso, o branco ou negro? Quem é
mais evoluído o branco ou o índio?
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