terça-feira, 23 de outubro de 2012

 A Era de Aquário

        Amar é o verbo mais difícil de se praticar

Por Tadeu Nascimento



Desde o dia que Moisés desceu do Monte Sinai com os 10 Mandamentos da Lei de Deus, sabemos que o ato de amar deveria ser a razão do nosso viver. Pelo menos é o que sustentam as culturas cristã e judaica. No entanto, o ser humano tem fracassado ao longo de sua existência. O ódio, a ganância, a vaidade e outros pecados têm consumido os corações dos homens. Se isso não fosse verdade, não precisaria que Jesus viesse à Terra para reafirmar o 2º Mandamento das Tábuas de Moisés, "amai o próximo como a ti mesmo". Cristo- defende Chico Xavier-, "não nos pediu muita coisa, não exigiu que escalássemos o Everest ou que fizéssemos grandes sacrifícios. Ele só pediu que amássemos uns aos outros!" Todavia, todos os dez mandamentos poderiam ser resumidos em um só: Amem uns aos outros! Ou simplesmente, amem! Mas devido à ignorância dos homens daquele tempo, foi preciso destrinchar o verbo amar em 10 mandamentos! Se assim compreendêssemos, não haveria roubos, assassinatos, desonra aos pais e muitos menos guerras. Não haveria a abominável pena de morte. Não haveria cadeias. Não haveria polícia. Não haveria armas. Não haveria leis (inclusive a que Moisés nos deixou). Não haveria sangue derramado! Também não haveria o mais contraditório dos erros humanos, o crime passional. Por conta desse último, quantos relacionamentos terminam em sangue? Quem ama, não mata! E por consequência, também não faria sentido o perdão. O perdão só existe pela nossa deficiência, pois não amamos sem olhar a quem, como, de fato, deveríamos.
          Amamos somente os mais próximos! Uma mãe já tem o seu perdão empenhado antes do erro do filho! Ou seja, quem ama não precisa pedir perdão e/ou mesmo perdoar... Essa máxima deveria ser para toda humanidade, pois somos realmente filhos do mesmo Pai. Mas enquanto atrasados que somos o perdão é o mais nobre e a mais difícil forma de caridade. Por outro lado, dar esmola, é forma mais fácil de praticar a caridade, portanto a de menor valia. Agora, perdoar o seu inimigo que é o "x" da questão! É algo que requer altruísmo, uma dose imensa de humanismo. É descer do topo do próprio orgulho. Perdoar seu inimigo é, na prática, a mais profunda oração a Deus! E por misericórdia divina, quando perdoamos alguém, o Pai nos tira o imenso fardo que carregamos nos ombros! O fardo pesado da mágoa.  Jesus ofereceu a outra face quando lhe esbofeteou o rosto- entendo esse gesto como o mais belo da história da humanidade! Ah, se a humanidade prestasse atenção na história de Jesus...
          Em Pernambuco, na pequena cidade de Exu, perdura uma guerra de mais cem anos entre 2 famílias. As famílias Sampaio e Alencar. Por conta de vinganças já morreram mais de cem filhos de ambos os clãs. As dores, os ódios, não deixam o perdão ser praticado. A questão é: até quando isso vai perdurar?
         Vi, essa semana, o filme "Tropa de Elite 2" e fiquei impressionado com a iniquidade humana! E como se mata no Rio de Janeiro, mais e principalmente nas favelas cariocas! Apesar de ótimo filme e da interpretação do excelente ator Wagner Moura, a história retrata a triste realidade brasileira! O que se rola atrás das ações dos governos, das polícias e das milícias que compõem os sistema e o quanto os inocentes sofrem nas favelas! Quanta maldade! As favelas são necessárias para manter os inescrupulosos no poder! No entanto, - e aí, fazemos de conta que somos cegos- as favelas são compostas também de trabalhadores: garis, garçons, mecânicos, camelôs, etc. Caso contrário as madames da zona sul teriam que fazer o papel de garçonetes, varrerem as ruas da cidade maravilhosa, etc.! Mas a indiferença, a falta de comiseração para com o próximo, a riqueza dos bairros nobres desafiando a pobreza dos morros- tal qual uma metástase- alimentam o mal de qualquer comunidade. Trata-se, na verdade, da falta de amor. De amor ao próximo.
          Quantos crimes pelo mundo afora, são articulados na calada da noite para que na manhã seguinte as mães derramem lágrimas pelos filhos assassinados? Inacreditável tamanha impiedade para com os pais, e o pior, para com os filhos das vítimas! É natural pensarmos que quem tira a vida de outrem não acredita em Deus! E muito menos acredita na justiça divina! Matar alguém é matar um filho de Deus, nosso Pai!
          Desde menino leio, ouço que estamos prestes a entrar na Era de Aquários. Era que se iniciaria mais ou menos nas últimas décadas do século XX. E, no entanto, já estamos na segunda década do século XXI e ainda não raiou a luz da justiça! Seria a era da sabedoria, da paz, da harmonia. Um tempo, no qual o ser humano teria como foco o bem estar do próximo! Seria uma era em que se reinaria a solidariedade, que nada mais é que o amor ao próximo. Então, olho para o horizonte do futuro e não vejo nada! Cadê esse tempo que não chega nunca?