quarta-feira, 30 de novembro de 2011


O melhor afrodisíaco da vida

Por Tadeu Nascimento

Sempre defendi a tese que só existem dois mistérios indecifráveis na vida. Em primeiro lugar a morte, pois ninguém voltou do outro lado, pra contar o que rola por aquela banda. Embora, acredito que a alma é imortal. Se não, qual seria o sentido desta vida? Viver, morrer e acabou? Tem que haver um porquê do sol, da lua, do ser humano, do amor e até da própria "morte"! Todavia, respeito quem não crê que haja outra vida depois dessa. E o segundo mistério é o sexo oposto. Bem, esse minha amiga, talvez seja quase complicado quanto ao primeiro. Nem a mãe sabe o que pensa o filho. Tanto o homem quanto a mulher jamais saberão o que pensa o outro. E uma das coisas que mais me intriga- e chega a ser engraçado- são as contradições das mulheres; suas mudanças de opiniões. Exemplo: conheci mulheres que por muitos anos, cultivaram sonhos- com estereótipos de beleza de um Brad Pitt, de um Tom Cruise e sonhavam com eles ao ponto de babarem nos travesseiros. Victor Fazano, ator de novelas, teve seus dias de glória nas fronhas de muitas mocinhas brasileiras. Todavia, o ator bonitão despencou do alto dos sonhos das dondocas, depois que ele se confessou homossexual. Sumiu da mídia! Lamento amiga, mas gosto é gosto! Há de se perguntar: a beleza se confunde com felicidade? Pode ser, mas só até certo ponto. Na hora “dos finalmentes”, nos altares da vida, se casam com seres, cujos biótipos são totalmente contrários as pretensões de antanho. Algumas, passam a ter frissons por carecas; outras por homens de tamanho reduzido- tipo amostra grátis; outras por barrigudinhos- ou barrigudões- ou ainda por coroas de cabelos pintados com Gressin 2000. No frigir dos ovos, o fetiche por homens, ditos bonitos, é muito relativo. Embora, claro, exista um padrão de homem bonito. Que o Gianechini é um homem bonito, assim como Johnny Depp é óbvio, mas na hora da onça beber água, casam-se com o supra sumo de feiúra. Treino é treino; jogo é jogo! Com isso, fica claro que a beleza não governa eternamente as mulheres. A verdade é que as mulheres são muito pragmáticas. Sabem que a realidade é bem diferente da fantasia. O que está no mundo do possível e o que está no mundo dos sonhos. Não estou me referindo as que se apresentam "honestas", mas que se vendem facilmente a qualquer malandro que aparece com uma camionete Hillux último ano. Acontece que muitas dessas não imaginam que irão se casar com os ditos cujos e de quebra acompanhados de oficial de justiça com intimações judiciais a tira-colo. Mas isso é apenas um detalhe. Está no DNA feminino uma palavrinha mágica: segurança! Segurança econômica, óbvio. E quando tomam consciência disso, muda o foco em relação aos homens. Acho que estão corretas. A mulher é mais pragmática que o homem. Qual a mãe que gostaria que a filha se casasse com um duro na vida?

Mas afinal, o que mais atrai a mulher por determinado homem? Melhor, o que deve fazer o homem para ser atraído por uma mulher. A famosa escritora chilena, Isabel Allende autora do best seller "Casa dos Espíritos", numa entrevista à revista Play Boy, creio que na década de 90, sobre o que mais excitava as mulheres sexualmente, respondeu: A inteligência. O repórter, surpreso, indagou o porquê da afirmativa, ela respondeu: "Se você não sabe, fique sabendo que o ponto G está nos ouvidos! E é perda de tempo procurá-lo em outro lugar!" E disse mais: "Ah, o ponto G, esse é o paraíso secreto que leva os homens a explorações minuciosas! Pois saiba, não temos um ponto G, mas dois, um de cada lado da cabeça e não é preciso tirar nossas roupas para nos deixar em êxtase! Falem rapazes! Digam tudo que sentem por nós! Não há estimulante sexual mais forte que as palavras de amor! Não há como se apaixonar sem gostar do que ouve do outro! O melhor afrodisíaco da vida é uma declaração de amor!" A exteriorização da inteligência masculina é o que determina a atração feminina.
Já com os homens, o violino toca notas ainda mais complicadas. Tirante os picaretas e outros canalhas, os homens buscam mulheres que sejam belas em todos sentidos. Não se leva muito em conta a grana. Pode até ser paupérrima, mas sendo bela, elegante... Estou falando de projeto de vida a dois. Só que aí, amiga , para encontrá-la é raríssimo nesse mundo imediatista.

Agora, no que tange ao simples sexo, a performance, por exemplo, de Paola Oliveira, de Guilhermina Guinle não sobrevive mais que poucos minutos na cabeça de um homem. Por mais que a bunda de Juliana Paes seja algo estonteante, é tão passageira quanto da Mulher Melancia ou ainda, da Mulher Samambaia: não passam de pôsteres em borracharias! Pra nós, homens, não há sonho com atrizes de cinema ou de TV. Nunca ouvi dizer- de algum amigo- que ele tenha sonhado com Angelina Joule, por exemplo. Na verdade, passada a fase da puberdade, o que mais nos excita é aquela que esteja- no tempo presente- vivendo conosco uma história de amor, ou que tenha expectativa de dias inesquecíveis. Mesmo que um dia, a história acabe. Pois a mulher quando ama quer se entregar de corpo e alma ao ser amado. Razão pela qual entendo que o melhor afrodisíaco do mundo- perdoa-me o linguajar popular- é a mulher que quer "te dar"! E quando ela chega a tal ponto é porque existe um mínimo de sentimento. O desejo feminino é o que determina o sucesso na relação. Que seja, pois, infinito enquanto dure!- disse o poeta da paixão. Enquanto o fogo arder, nada mais sublime. Apagada a chama, acabou, como tudo nesta vida acaba. C'est la vie!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

"Allons enfants de la patrie"

A Marselhesa (Avante, filhos da pátria!)


Por Tadeu Nascimento



Não é exagero afirmar que o hino nacional da França é o mais belo de todos. Embora o Hino Nacional Brasileiro seja muito bonito, o hino francês é de uma beleza única. O dos EUA, por sua vez, tem uma tristeza de marcha fúnebre. A Marselhesa, oficializada como hino quando das comemorações do 1º centenário da Revolução Francesa (1889) é um brado heróico, canção com espírito de esperança, um hino que mexe com os brios de quem a ouve e emociona quem a canta. Como não poderia deixar de ser, a Marselhesa tem muitas histórias em torno de si. Seu autor, Claude Joseph Rouget de Lisle, capitão da artilharia do exército, a compusera em 1792 em Strasburgo para os seus concidadãos. Rouget de Lisle era monarquista, o que quase o levou a guilhotina. Mas antes de tudo era um compositor. A letra que se inicia por chamar os filhos da pátria a lutar contra a tirania; uma melodia de compassos curtos, próprios de das canções militares, porém tem a doçura de uma obra de Mozart. "Allons, enfants de la patrie/ Le jour de glóire est arrivé/ Contre nous de la tyrannie/ L'étandard sanglant est leve" (Avante filhos da pátria/O dia da glória chegou/ Contra nós a tirania/ O estandarte de sangue se levanta". Tem seu ponto máximo no refrão "Aux armes citoyens! Formez vos bataillons! ("Às armas cidadãos! Formem seus batalhões!") A palavra francesa "enfants" vem da mesma raiz latina de infância, infantil, infante. La Marselhaise levava originalmente o nome de "Canto de guerra do Exército do Reno". Reno é uma região da França por onde passa o rio do mesmo nome. O prefeito de Straburgo, Barão Dietriche, pediu a Rouget de Lisle que ele fizesse uma canção de guerra para encorajar as tropas na guerra contra o exército austríaco. O poeta a compôs em apenas uma noite, em 24 de abril de 1792. Meses depois, na noite da queda da Bastilha, a tropa do exército que vinha de Marselha cantava pela primeira vez em Paris o "Canto de guerra do Exército do Reno". No dia seguinte, milhares de parisienses cantavam pelas ruas "Allons enfants de la patrie!.."

A curiosidade maior é por conta da vida do compositor. Rouget de Lisle, filho de um casal de aristocratas, inconscientemente fez a canção mais revolucionária de toda a história mundial. A mãe, Jeanne Madeleine brigava sempre com o filho, acusando-o de traidor, de um dos responsáveis pelo o sangue que estava derramando por toda França. Tudo por ser o autor do hino dos revolucionários, do hino encorajador do povo que destruiu a realeza e nobreza da França! Mal imaginava que a história havia reservado ao seu filho um lugar no ápice do panteão da glória! Que um dia La Marselhaise seria o Hino da França. O mais belo de todos os hinos do planeta! Tchainkovisk e Schumann a tinham como uma obra de grande beleza e qualidade.

Certa vez foi perguntado a um parisiense o que ele fez nos 10 anos que duraram a Revolução Francesa, ele respondeu simplesmente: "Vivi!" É pouco?- pergunto ao leitor. É de se imaginar o quanto aqueles dias foram conturbados! Uma década de incertezas, fome, tiroteios, barricadas, prisões, patíbulos, guilhotinas...Foram 10 anos únicos na história da humanidade, algo inusitado, espetacular, no sentido mais trágico da palavra. Imagine testemunhar o rolar para o cesto as cabeças de Luis XVI, Maria Antonieta, Marat, Danton, Charlotte Corday, Camilo Desmolins, Lavoisier, Robespierre. A ascensão do megalomaníaco Napoleão Bonaparte. Ver a Revolução devorar seus filhos. Tudo dentro de uma só década! E ainda, depois, após outra década, ver Napoleão preso e os seus 530 mil soldados tombarem nos campos de batalha. Se não bastassem viver um dos momentos mais importantes da história universal, romper com os laços de família, com os amigos da aristocracia, Rouget de Lisle foi da glória ao ostracismo. Seu fim de vida foi melancólico, para não dizer miserável. Maltrapilho, ficava nas tabernas, bebendo vinho barato, posto que ficara pobre com a Revolução e depois amaldiçoado pela a monarquia que fora restaurada. Ninguém acreditava- quando, já sexagenário, com seu violino, executava nas madrugadas de boemia a sua obra maior- que aquele pobre diabo era realmente o autor da imortal La Marselhaise, que um dia seria oficializada Hino Nacional da França.