terça-feira, 22 de setembro de 2009

Meu prato preferido: Os Beatles.

Por Tadeu Nascimento

É verdade, o meu prato preferido são os Beatles. Sem querer comparar, mas ninguém é melhor do que eles. Enquanto juntos, ou carreiras solo. Eles fazem muito bem a mim (e a milhões de seres pensantes das últimas 4 décadas). De todas as formas. Beatles em qualquer versão. Na boca de qualquer intérprete, (ou simplesmente instrumental). De preferência na versão deles mesmos. Mas é ótimo também na versão bossa nova de Sérgio Mendes Brasil’66 (“Fool on the Hill” e “Day Tripper”). Pra quem não conhece é uma grande pedida. Eles, os Beatles, interpretados pela orquestra de Paul Mauriat (no Cine Bagdá, em Rio Verde das Abóboras, antes de abrirem as cortinas ouvia-se “Here, there and everywhere” e “In my life” todas as noites. Joe Cocker no festival Woodstock em 1969, onde arrasou deixando para sempre a sua voz com a “With a litle help for my friend”. Sarah Vaughan cantando Beatles é o supra sumo da beleza. É ótimo na voz de Elvis, de Tony Bennety, Johnny Mathis, Elton John e de Barbra Straisand. “Something” na voz de Andy Willians é muito bom. Até Sinatra gravou Beatles (“Yesterday”). A sinfônica de Londres executando as músicas de Lennon/ McCartney e Harrison é histórico. Na interpretação de Eduardo Lages, maestro da orquestra de Roberto Carlos (“And I love her”). Na boca de Caetano Veloso cantando “Eleanor Rigby”, e “Help” tem cores de brasilidade. Nas infantis traduções feitas para o conjunto Renato e seus Blues Caps e na voz manhosa e cavernosa do antigo Ronnie Von. Beatles em trilha sonora de cinema: O filme “Across of universe” traz o excelente Jim Sturgess cantando a música título do filme e ainda “Girl” e a maravilhosa “All is need is love”. “Simplesmente amor” (com o ator brasileiro Rodrigo Santoro) com a mesma “All is need is love”na voz de um intérprete negro que não sei o nome. Paul McCartney, ex-Beatle, em 007: Viva e deixe morrer. Beatles para crianças na versão Caixinha de músicas é sublime, maravilhoso. O acervo musical deste grupo é de tal qualidade que, imagina o leitor, gravaram as mais belas melodias dos Beatles na versão orquestrada em caixinha de música para bebês! Fica claro que a rebeldia nas letras não implicam na beleza das melodias que encantam todo mundo. Realmente “ Beatles for babies”- em caixinha de música é lindíssimo (compre e ouça!) Meu velho pai que me censurava por eu rodar na minha eletrola os Beatles, o dia inteiro, todos os dias. Mas num belo dia ele chegou com um LP dizendo: isto é melhor do que estas coisas que você ouve! Músicas orquestradas! Só que quase todas músicas eram dos Beatles. Facilmente o convenci que Beatles eram o máximo. É claro que MPB é ótima. Ary Barroso, Dorival Caymmi, Noel, Jobim, Vinicius, Chico, Lupercínio, Caetano, Cazuza agradam qualquer cidadão de bom gosto. São muito bons também Rolling Stones, Queen, Yes, The Who, Led Zeppelin, Pink Floyd, U2, Cat Stevens, Rod Stewart, Stevie Wonder. Aliás, todos estes astros internacionais sofreram influências dos Beatles.

Quem gosta de Beethoven, Bach, Tchaicovsk há de gostar também dos Beatles, pois são revolucionários tanto quanto Beethoven, por exemplo. Aliás, são os músicos mais importantes depois de Beethoven. Tente gravar uma seleção de músicas orquestradas que contenha as músicas dos Beatles juntamente com os clássicos da música universal. “Verá”, ou melhor, ouvirá o leitor, que existe uma continuação, uma simbiose, uma convivência harmônica entre os clássicos de duzentos anos (ou mais) com estes quatro rebeldes cabeludos. Vai demorar muitas décadas ou séculos para surgir um fenômeno igual a este quarteto de Liverpool. Restará aos historiadores, no futuro, confirmarem. Não existe cidade de porte médio que não tenha ao menos uma banda que imite os Beatles.

Em 01 de junho de 1967 os Beatles diziam adeus à beatlemania. O mundo levou um choque. Acusaram Yoko Ono de ser a causa da discórdia, mas não era verdade. Havia chegado a hora. Cada qual com a sua “carreira solo”. Continuaram a fabricar maravilhas. O mundo entendia que os quatro juntos fariam coisas melhores. O mundo os queria de volta. Mas a diáspora fora para sempre. No entanto todos os dias surgiam notícias que eles se reconciliaram. Ledo engano. Anos depois, com o surgimento do Queen, cujo álbum não trazia a fotografia do grupo, diziam que eram os Beatles (camuflados) que haviam voltados, tamanha aparência de estilo. Logo John Lennon surgiria com “Imagine”; “Woman”, Paul McCartney com “Tomorrow”; “My Love”, George Harrison com “My sweet lord” e “Bangladesh” e Ringo Star com “I don´t come easy”.

Os Beatles são a leitura de uma época em que a humanidade dizia um basta aos velhos costumes, às guerras, a intolerância racial e a falsa moralidade ocidental com letras e melodias tão belas que não encaixariam só às circunstâncias da época mas para todo o sempre. John Lennon falava de amor com tal propriedade e simplicidade que seus versos grudaram nos ouvidos de uma juventude que hoje navega com seus 50, 60 anos. Os Beatles mudaram para sempre a humanidade.

Não é difícil ver e ouvir os Beatles, basta buscar na internet e clicar no youtube.com e verá e curtirá (curtir está no Aurélio com o sentido aqui intencionado) todo o acervo da banda. Vale a pena. Beatles 4 ever (Beatles para sempre).

PROCURAR NO YOUTUBE:The Beatles: Hey Jude (Paul MacCartiney cantando)

quarta-feira, 16 de setembro de 2009














Chico versus Caetano

Por Tadeu Nascimento

O brasileiro adora comparações. Nasce, cresce e morre comparando. Fulano é melhor que Cicrano, Beltrano é dez vezes melhor que Fulano. Outro dia, um cronista escreveu neste DM que “Caetano é dez vezes melhor que o Chico”. Na verdade o escriba está em busca de polêmica. Baseado em que, tal afirmativa? O jornalista tem medidor de artista, é? Em que pese o respeito que tenho pelo cronista, acho irrelevante tal paralelo. Desde que eu era menino pequeno lá no chão das Abóboras (Abóboras com “A” maiúsculo, caro revisor) ouço esse tipo de conversa: Pelé é melhor que Garrincha (mas Garrincha foi o artilheiro e o melhor jogador da Copa de 1962 no Chile); Cassius Clay é dez vezes melhor que Joe Frazier (só que Clay não leva vantagem sobre Frazier: perdeu uma beijando a lona e ganhou outra por pontos); John Lennon é melhor compositor que Paul McCartney; (Lennon morreu e Paul ainda pode compor maravilhas). Cada um com seu estilo; cada um na sua época. Pergunta-se: quando Chico e Caetano fizeram o famoso show no teatro Castro Alves, em Salvador, (1975) deu empate, foi? Ou Caetano ganhou nos pênaltis? Então o programa Chico & Caetano da Globo por acaso foi resolvido no tapetão ou foi tudo marmelada? Hoje, menino de cabelos grisalhos aqui em Goiânia continuo achando inócuas e infrutíferas tais comparações. De que adiantou a polêmica sobre quem era o melhor: Ayrton Senna ou Nelson Piquet? Ambos foram tri campeões da Fórmula 1 e fim. Daqui a cem anos- se ainda existir F1- pouco importará quem foi o melhor, até porque ambos venceram igualmente. Quase ninguém sabe quem foi Juan Manuel Fangio, 5 vezes campeão da F1 na década de 50.

Um parêntese. Desde o tempo em que Jesus a falava aos seus discípulos “que os últimos serão os primeiros” deveríamos ter ouvido o mestre e nos tornado mais modestos. Na verdade, Ele queria nos dizer para que sejamos os do meio, medianos- porque os do meio sempre serão os do meio!- Portanto sejamos os do meio. Que mania de querer ser sempre o melhor!? Poxa, quem vai torcer para o mais-ou-menos?

O tempo passou, mas até hoje... Zico ou Sócrates? Luciano Pavarotti ou Plácido Domingo? Maradona ou Pelé? Os esquerdistas: Lula ou Brizola? Os direitistas: Collor ou Maluf? Os da pedra lascada: Emilinha ou Marlene? Os alienados: Xuxa ou Ana Maria Braga (Deus me livre!). Os tantãns: Faustão ou Gugu? O tempo passou, as polêmicas continuam e- no entanto- nada muda na vida de seu ninguém.

Voltemos ao Caetano e ao Chico. Ambos gênios. Todavia querer enaltecer um em detrimento do outro é forçar demais. Não faria, não o farei. Apenas acredito que a modéstia de Chico choca em cheio com a vaidade de Caetano. O baiano acha que reinventou a roda ao descobrir que a polêmica é o meio e a vaidade, o fim. Quem não se lembra de Caetano no Festival Abertura da Globo, 1975, vestindo um bustiê (ninguém entendeu: com os seios tão pequenininhos...). Agora, um pouco de franqueza: o baiano tem feito discos (CDs) horríveis. O seu álbum Cê é de uma tolice sem igual: as melodias, zero. As letras medíocres feitas com intenção clara de gerar polêmicas, como na composição “Homem”: “Eu não tenho inveja da sua lactação e sim de seus orgasmos múltiplos” (êpa! o que quê é isto?! o cara mudou de sexo?!) é de lascar! Em outras gravações: As banais “Leãozinho”, “A luz de Tieta” com seu refrão “Êta, êta, êta é a luz de Tieta (rima que chega ao cúmulo da imbecilidade! Isto não se vê na obra do Chico); “Haiti” é quase um hap (sem melodia, quase monocórdia) e a terrível “Um tapinha não dói” -de um descompositor desconhecido- que é o fim do fim do caos. Aliás, ultimamente, Caetano só faz sucesso com composições dos outros: “Sozinho” do Peninha e “Você não me ensinou a te esquecer” de Fernando Mendes. Aliás, estas músicas são tudo ao contrário do novo e ainda carregadas de tintas da breguisse. Pra quem acha que Chico só faz letras com qualidade (o cronista disse que Chico é medíocre musicalmente) é bom lembrar que ele ganhou o Festival da Record com a “Banda”, de autoria só dele. – coisa que Caetano nunca conseguiu, pelo menos em festival de renome como o da Record. “Carolina” é só dele; assim como são as letras e músicas de “Quem te viu, quem te vê”; “Olê, Olá”; “Roda Viva”; “Noite dos mascarados”; “Folhetim” todas de ótima musicalidade, além de outras centenas. Daqui a cem anos- podem ter certeza- que a “Banda” e “Folhetim” serão tocadas em quaisquer FM da vida- gravadas por qualquer pop star- ao contrário de Haiti, “Tieta” e “Leãozinho” que já não toca nem em Santo Amaro da Purificação, cidade de Caê. Mas tem gente que não vive sem polemizar. Tal qual Caetano. Viver de encrenca (alimentar a vaidade). Ser rebelde. Negar a genialidade do outro (apesar de Caetano babar pelo Chico). Por acaso gostar do Chico é ser de esquerda? Tenho um conhecido canhoto e comunista que adora Milionário e Zé Rico e conheço milhares direitistas que amam Bruno e Marrone. E daí? Por que o cronista underground não os compara? Underground é aquele que acha bonito ser feio. Melhor então polemizar, ser rebelde, ser do contra, usar brinquinhos, se tatuar, parecer-se underground. Em suma: chocar a sociedade. O aluno aprendeu direitinho com Caetano. Quando o sábio aponta a lua o míope enxerga o dedo. Caro leitor, se você fosse professor (mesmo professor de música) você discutiria com seus alunos a obra de Chico ou a do Caetano?

Numa entrevista com o Bussunda, do Casseta e Planeta, o repórter perguntou:

-Vasco ou Flamengo?

Respondeu o humorista: Flamengo.

-Senna ou Piquet?

-Sou hétero.

-Uísque ou cerveja?

-Cerveja.

-Romário ou Ronaldo (Fenômeno)?

-Já disse, sou hétero!

Também sou como o Bussunda (aliás, me simpatizo muito com este nome!), não me coloquem -para escolher- entre o Dunga e Arnold Schwarzenegger para governador de Goiasfórnia (onde tem cada figura...). Sou hétero de nascença e de morrença. Nesta e nas outras encarnações. Amém.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Urubu branco: deve ser mascote do Fluminense, olha o peador verde na perna dele.




SE O URUBU NÃO FOSSE PRETO

Por Tadeu Nascimento

Se assim não fosse, como seria? A história poderia ser diferente, ou não? Se não existisse Pedro Ludovico, o que seria de Goiás? Se Juscelino continuasse a sua vida de médico e se não ingressasse na política, o que seria do Brasil? Antes disso, o que seria do Brasil se não fosse ele descoberto pelos portugueses? E o que seria dos portugueses se não descobrissem o Brasil? O que seria da ditadura de 64 se não existissem os militares? Se Tancredo não morresse antes da posse e fosse presidente, o que seria do Brasil? O que seria do Sarney? O que seria de Brasília se não existisse Goiás? Se não derrubassem o Collor, o que seria de Fernando Henrique? Se os juízes não roubassem do Botafogo- por vários anos- o que seria do Flamengo? O que aconteceria, se o juiz José Roberto Wright na semi-final da Libertadores não tivesse roubado escandalosamente do Atlético Mineiro a favor do Flamengo no Serra Dourada, Goiânia, em 1981? Se Armando Marques, juiz, mais conhecido como Elizabeth Taylor do futebol brasileiro, não cometesse a maior gafe da história do nosso futebol, ao impedir a cobrança do último pênalti do Santos contra a Portuguesa, em 1973? O que seria se a imprensa com o “já ganhou” não mexesse com os brios dos uruguaios na Copa de 50 em pleno Maracanã? Se não existisse John Lennon, o que seria dos Beatles? Do Queen se não existisse Fred Mercury? Se não existisse os Bush, pai e filho, o que seria do Bin Laden? (Bush pai, na década de 80 foi sócio do pai do Osama Bin Laden e patrocinou o mesmo Osama com armas e dinheiro na guerra do Afeganistão contra a Rússia e depois se virou contra o terrorista.)

O que seria da Luciana Gimenez se não existisse Mick Jagger? Da tristeza, se não existisse a alegria? O que seria do verde (principalmente da bandeira nacional), se não fosse o amarelo? O que seria do Clóvis sem a Zaira e vice-versa (meus pais)? O que seria do Tarzan sem a Jane? Do Dom Quixote, sem o Sancho Pança? Do Washington sem o Assis no Fluminense, campeão brasileiro em 85? Do Botafogo campeão brasileiro de 95, sem o artilheiro Túlio Maravilha? O que seria do Nion, se não existisse o Iris? O que seria do sul se não existisse o norte. Da vida, se não existisse a morte? O que seria da minha vida, sem a minha infância no Poço da Matinha do Córrego do Sapo em Rio Verde? Da minha juventude sem o Clube Rioverdense? Do pouco que eu sei sem o Ateneu Dom Bosco em Goiânia? O que seria do Daniel Dantas se não existisse Gilmar Mendes? O que seria do Faustão se não existisse os pobres de espírito? Do Roberto Justo sem os espíritos pobres? Do Big Brother, se todos brasileiros tivessem TV a cabo? Do Gugu Liberato se não existisse a idiotice?

O que seria de Romeu sem a Julieta? De Riobaldo sem Diadorim? De Xuxa, se um dia não namorasse Pelé? De Adriana Galisteu, sem a morte de Ayrton Senna? E o que seria de Pelé se não existisse a bola? De Garrincha se não existisse o drible? E do drible, se não existisse o Garrinha? De Vinicius, se não houvesse a paixão? De Chico Buarque, se não existisse genialidade? De Tom Jobim, se não houvesse o Rio de Janeiro? Da seleção Brasileira sem o Maracanã e vice-versa? Do pão sem a manteiga? Do vinho sem o queijo? O que seria do arroz com pequi, se não existisse Goiás? Da luz se não existissem os olhos? De Brasília se não existisse Goiás? Da Seleção Brasileira de 82 sem o Falcão? A de 70 sem o Jairzinho? Da história do Brasil sem Getúlio Vargas? De Noel sem o samba? Do samba sem o Noel? De Caymmi, sem o mar? De Bilac sem as estrelas- pálido de espanto? De Erasmo sem o Roberto? O que seriam dos “Detalhes” sem estar “Sentado à beira do caminho”? Da “Aquarela do Brasil sem Ary Barroso? De “Amélia que era mulher verdade” sem Mario Lago e Ataulfo Alves? O que seria de Dom Casmurro se não existisse Capitu? O que seria da Literatura Brasileira sem Machado de Assis? Da Capela Cistina sem Michelangelo? De Mona Lisa sem Da Vinci? Da arquitetura, sem Niemayer? O Que seria da “Gabriela, cravo e canela” se não existisse Sônia Braga? O que seria de “Troya” sem Homero? O que seria do “Poderoso Chefão” se não existisse Marlon Brando? O que seria de Casablanca, o filme, sem Humphrey Bogart? O que seria da canção “Smaile” se não houvesse Charles Chaplin?

O que seria do rico sem o pobre? Do sol sem a lua? Da praia sem o mar? Da calçada sem a rua e vice-versa? Das rosas sem o perfume (que exalam de ti- dez para o Cartola!). Do Rosa sem o “Grande sertão: veredas”? O que seria da Revolução Francesa sem Marat, Danton e Robespierre? Da “Marselhesa” (Allons enfaint de la patrie... ) se não houvesse a mesma Revolução Francesa? O que seria de “Guantanamera” sem as pobres da América? O que seria da América Latina sem Simon Bolivar e Che Guevara? Da Inconfidência Mineira, sem Tiradentes? De Tiradentes se não existisse Silvério dos Reis? O que seria de Jesus, se não existisse Judas?

Para o bem ou para o mal, as coisas são como são. É a evolução da vida. E como dizia o escritor Fernando Sabino: “Tudo dá certo no final; se não deu, é porque não chegou ao final”.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009








Daniel Dantas , o ator - Daniel Dantas, o banqueiro


Vende-se macumba semi-pronta

Por Tadeu Nascimento

Está no Google. Aliás, no Google encontra-se tudo. O cidadão anuncia a venda do seu produto como se fosse de um remédio para emagrecer. O interessado então passa um email (ou telefona) e faz o pedido. Deposita- via on line- o dinheiro na conta do vendedor. Exige que a encomenda chegue antes de sexta-feira. Imagino o que passa na cabeça do cliente internauta antes da compra: “Será que a galinha tem boa procedência? É de granja ou é caipira. “Exijo caipira”. Uma coisa é certa: a penosa tem que ser preta. Vem embalada a vácuo? Tem carimbo do CIF? Prazo de validade? Há de se observar, se não o santo pode refugar a oferenda e até reverter o feitiço contra o remetente. O pedido deve chegar numa caixa de isopor com a galinácea congelada. Via aérea. Como é semi- pronta, deve ser pré cozida. Depois, 5 minutos no microondas. A farofa, é de milho ou de mandioca? Melhor de milho. Macumba é coisa de africano, portanto de milho. Farofa de mandioca é produto industrial indígena. E a marafa? Deve chegar em embalagem própria. E tem que ter nome condizente com a cerimônia. Algo como ‘Espirro do demo’, ‘Sai capeta!’ ou ‘Xodó da encruzilhada.’ A qualidade pouco importa, desde que seja pinga, cachaça. Nunca ouvi falar em despacho com uísque ou com vodka. Só se o mandingueiro estiver na Inglaterra ou na Rússia. E por último o charuto. Deve ser daqueles baratos, porque senão a macumba ficará cara demais. E pelo que se sabe escravo não tinha dinheiro pra comprar charuto cubano.”

Razão desta crônica: a questão de homonímia. Pessoas com o mesmo nome e sobrenome. A dita pessoa que vende macumba semi pronta na internet tem simplesmente o seu nome igual ao meu: Tadeu Nascimento. Pior: tem dezenas de Tadeu Nascimento no Google: um apresentador de televisão de Fortaleza, que segundo internautas do mesmo Google, é um senhor estrábico com cara de ramister (espécie primo rico do rato). Um outro Tadeu Nascimento que garante que todo mundo no futuro, será gay. Eu hein? Vá de retro! Até lá, já morri! Outro Tadeu Nascimento é cinéfilo e tem um blog chamado “Comendo filmes”. Outro T.N. é fotógrafo; outro, advogado trabalhista. Ainda outro tem um blog chamado Diário de Bordo com o subtítulo “Porque os Corleones tinham vida pessoal”. Um T.N. é vereador pelo PV em Santa Catarina; um outro, dono do jornal Ampulheta (Isto é nome de jornal?- que nome horrível!) no Ceará. Há ainda, um locutor de rádio; um engenheiro; um vereador do PT de Fortaleza (coitado!); um escritor, também cearense, cujo único livro é “Maracanaú- eu te proponho”- editora do autor- preço: R$ 2,00 (isto mesmo, dois reaiszinhos- deve ser um best seler!) um capitão da polícia de Brasília; um ex-traficante carioca, agora convertido em evangélico pela Igreja Assembléia de Deus. Mas também tem um Tadeu Nascimento juiz federal (graças a Deus!).

É de se imaginar o constrangimento do ator de novelas da Rede Globo Daniel Dantas por ser homônimo do mala-banqueiro do Opportunity. Quantas vezes foi “confundido” o seu nome com o do mega-picareta? “O senhor poderia me arrumar um emprego no STF com seu amigo Gilmar Mendes?”- com certeza o ator ouviu este pedido. No guichê do banco: “O senhor que é o Daniel Dantas? Um minuto, preciso falar com o gerente!” Outras gozações: “O delegado Protógenes veio aqui na Globo pra te prender!” “Daniel, me dá uma oportunidade no seu Opportunity!” “Daniel você é aquele ator que trabalhou naquele filme “Satiagraha” do diretor Gilmar Mendes, patrocinado pelo STF?

Pouco tempo depois da morte da ator Rock Hudson- que morreu de AIDS-, um cidadão batizado Roquiudisson da Silva chegou no escritório modelo da Faculdade de Direito de Uberaba pedindo a um professor, pra que ele ajudasse a mudar na justiça o seu nome de batismo para Joãouaine da Silva (levou o novo nome escrito num pedaço de papel). “Porque- defendeu ele-: sou é cabra macho, sim senhor!”

Outro dia, no Bar do Celso, um cidadão que procurou por meu blog- através do Google- e deparou com o link Tadeu Nascimento, vendedor de macumba semi-pronta, ficou então desapontado comigo que me aconselhou: “Não mexa com macumba meu amigo, macumba é coisa do demo!” Demorei uma hora pra convencê-lo que não se tratava deste cronista.

É um perigo esse tal de Google.