quinta-feira, 25 de novembro de 2010


John Lennon e Yoko Ono

Imagine o mundo sem os Beatles


Por Tadeu Nascimento



Paul McCartney está no Brasil emocionando gerações.
A propósito, imagine o mundo, se os Beatles não tivessem existido. Sei que isso é metafísica, coisa que não se questiona. Mas ousemos. Com certeza, seria muito diferente. Possivelmente seria um mundo com menos graça, mais conservador e, acredito, mais belicoso. Pra minha geração, a história se divide em duas eras: a. B e d.B. Antes e depois dos Beatles. Algo paralelo- mas não parecido- com o que pensam os insensíveis analistas políticos. Para estes, a história moderna se divide em antes e depois da destruição das Torres Gêmeas em New York. Para imaginarmos o mundo sem os Beatles, convém voltarmos às décadas de 1960 e 1970. Os rapazes de Liverpool, com seus cabelos ainda começando a cobrir as orelhas, bateram de frente com o conservadorismo (lembro-me dos meus 14 anos- como eu amava os Beatles e ainda os amo!- querendo deixar meus cabelos crescerem e meus pais me mandando de volta ao barbeiro) e inspiraram a juventude do mundo todo a contestar as guerras, as opressões de quaisquer naturezas e ainda provocaram a bandeira a favor da liberdade sexual- que notabilizou Betty Frieddan, quando numa passeata, queimou sutiãns pregando a igualdade entre os homens e mulheres. O movimento irreverente do rock and rool, iniciado por Elvis Presley, ainda limitado nos inocentes requebros (das cinturas, óbvio) dos jovens, ganhou conotação política com os Beatles e os Rolling Stones. A partir daí, o mundo nunca mais foi o mesmo. O Movimento Hippie, fruto da rebeldia contra o alistamento dos jovens americanos para a Guerra do Vietnã, fez com que esses rebeldes ficassem impossibilitados de conseguir documentos que os levassem ao mercado de trabalho. As esquinas das grandes cidades da América do Norte tornaram-se embriões de um movimento anárquico-pacifista que contaminaram o planeta: "Peace and love". Jonh Lennon foi um dos principais porta-vozes desse movimento. E os cabelos foram descendo pelas omoplatas, as roupas passaram a ser coloridas e as flores se tornaram armas. E os Estados Unidos com milhões de desempregados. Milhões de hippies. Enquanto isso, a dupla Lennon-McCartney dava ao mundo canções de amor: "Yesterday", "And I love her", "All is need is love", "Strawberry fields forever", "In my live", "Hey Jude" e dezenas de outras maravilhas que os jovens- que ficavam à margem do sitema capitalista- cantavam (e tocavam violões) nas esquinas. Vieram os festivais de Woodstock (fazenda Bethel, New York, EUA, 1969) onde Joe Cocker tornou-se herói lendário cantando "Whit a litle help for my friend" de Lennon e McCartney (veja no youtube, vale a pena); e o da ilha de Wight (Inglaterra, 1970). A música (o rock), o sexo e as drogas deram o tom de uma nova ordem mundial. Conseguiram: a guerra do Vietnã foi vencida por aqueles que pregavam "Paz e amor"!
Mas o mundo continuou violento. Os Beatles não são mais das canções inocentes. Lançaram o revolucionário album Sargent Peppers Lonely Hearts Club Band que foi um marco na história da música. "A day in the life" é escolhida- décadas depois- pela revista Rolling Stones, a melhor música dos Beatles. Depois , o Album Branco (Revolution). No ano seguinte, Abbey road e o último em 1969, "Let it be". Tornaram-nos mais contudentes a favor da Paz. Jonh gravou "Give Peace a chance" ( Dêem uma chance à paz). Em março de 1969, enquanto morriam soldados aos montes no Vietnã, John Lennon com Yoko Ono, fazem uma campanha a favor da paz, com o título "Make love, not war", ficando nus (e fazendo amor) por uma semana, em um hotel em Amsterdan. Fotografias de Jonh e Yoko nus ganharam repercussão mundial. Meses depois, John devolveu a medalha MBE (membro do Império Britânico) que ele havia recebido da rainha Elizabeth II em novembro de 1969, em protesto contra o envolvimento britânico na guerra da Biafra e contra o apoio dado aos Estados Unidos na guerra do Vietnã. Lennon foi assassinado em dezembro de 1980 por um fã. Em 9 de outubro de 2010, John faria 70 anos.
Como tudo tem fim, os Beatles se separam em junho de 1969. Em carreiras solo, Lennon gravou a antológica "Mother" e Paul, "Another day". Logo depois Lennon lança o maravilhoso album "God" que traz a faixa "Love". Paul também lança o seu "Raim". George Harrison grava a bela "My sweet lord" e Ringo Star, "I don't come easy". Lennon chega ao ápice com "Imagine" e depois "Woman", duas belíssimas canções.
Os Beatles mudaram o mundo: influenciaram Caetano, Gil (criadores da Troplicália) os Mutantes; Raul Seixas, os Novos Baianos (os primeiros que viveram em comunidade hippie), Roberto Carlos e outros astros tupiniquins. São notórios acordes dos Beatles nas sequências melódicas em canções de outras bandas como Queen (de Fred Mercury), The Who, Led Zeppelin, Pink Floyd, U2, e tantas outras. É comum ouvir obras dos Beatles executadas por sinfônicas e filarmônicas de todo o planeta. Coisa impensável (principalmente pelos conservadores) nas décadas de 60 e 70.
Decididamente, não dá para imaginar o mundo sem os Beatles.
Ás vezes, penso que os Beatles, sob o comando de John Lennon eram (ainda são) avatares, seres iluminados que vem ao mundo para colocar ordem no caos.
Imagine o mundo sem "Imagine":

"Imagine there's no coutries, ,
I t isnt hard to do,
Nothing to Kill or die for,
No religion too, ,
Imagine all the people
Living life in peace..."
(John Lennon, 1971)

("Imagine que não há nenhum país,
Não é difícil imaginar,
Sem nenhum motivo para matar ou morrer,
E nem religião também,
Imagine todas as pessoas
Vivendo em paz")

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