quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Mickey Hourke e Kim Bassinger em "9 e 1/2 Semanas de amor"



NO AMOR, TEM QUE HAVER PEGADA

Por Tadeu Nascimento


Tudo na vida, pra dar certo, é preciso vontade. No amor, para mim, esta vontade, está escondida na misteriosa química que atrai os casais. No embate homem-mulher é preciso ter pegada. Caso contrário, o amor esfria e bye-bye o tesão de um pelo outro. É quando o tesão sai pela porta da frente e o amor pela janela. Convém se concentrar nos detalhes. Pra isso o ser humano é dotado de sensores em várias partes do corpo. Na boca, nos lóbulos das orelhas, no pescoço, nos joelhos, etc. Há, pois, de se incendiar os corpos! Não há limites entre os amantes, posto que são governados pela audácia e pela liberdade. Pela luxúria e pela entrega. Prevalece-se a fome de um pelo outro. Que maravilha!
É a melhor parte da vida!
Mas como explicar casais que- aparentemente- entre si, não tem nada ver? Casais, não só contrários, mas, desconexos: mulher bela como homem feio; baixinha com altão; loiro com escurinha; inteligente com desprovida de neurônios; coroa com moça vinte anos mais nova e rapazinho com balzaca. Ela ama MPB, o cidadão, música sertaneja; ele é fanático por futebol, ela adora cinema e teatro . Nesses casos, longe a quetão de interesses escusos do poder do dinheiro, pois conheço gente que trocou a harmonia de uma vida a dois, aparentemente perfeita, sem problemas financeiros, por um relacionamento de uma vida modesta, sem grana, porém feliz. Conheço uma comunista convicta que se apaixonou por um defensor do capitalismo selvagem e ele por ela. Vai entender! Quantos casais se separam e partem em busca da felicidade e acabam encontrando-a em pessoas totalmente diferentes daquelas que sempre sonharam e se unem a esses seres carentes de beleza, de dinheiro e até com filosofias de vida diametralmente opostas? Conheci certa vez, uma madame que deixou o marido e o conforto de sua bela mansão (além de muita grana do banco) para fugir com um caminhoneiro! E com ele, vive, até hoje, numa boléia de caminhão, rodando Brasil afora.
Lembro-me da milionária Patricia Hearst, neta do magnata das comunicações Willian Randolph Hearst (cuja biografia se baseia Cidadão Kane, filmado em 1941 por Orson Welles) que foi sequestrada em 1974 pelos membros do Exército Simbionês de Libertação, se apaixonou por um dos seus algozes (Síndrome de Estocolmo) e passou também a sequestrar e roubar bancos! Não é o máximo, em se tratando de amor? Quem pode explicar esses fatos? Para mim, só resta uma única explicação: a química! Para os místicos, almas afins. Para os materialistas, apenas o par de chinelos que calça o outro. Mas vai se saber o que se rola sob os brancos dos lençóis; o prazer que se exala desses corpos incandescidos; o relaxe, depois de abrandado o fogo que incendeia os seus corpos e por último, o amor- de ambos- saciado!
Mas... se um dia um desses relacionamentos se rompe, por qualquer motivo, só restará o que está gravado a ferro e fogo nas suas memórias e que ficará até os últimos suspiros de suas vidas: a glória de um dia ter sido feliz. Pois se trata de um tempo em que viveram, sob uma perigosa dependência química: a mais bela, porém, a mais alucinógena e a mais voraz: o amor enquanto paixão.

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