quarta-feira, 26 de outubro de 2011


Bye bye, Capitalismo



Por Tadeu Nascimento


Foi uma longa espera, mas agora está acontecendo. O capitalismo está ferido de morte. Quando atinge a classe média do mundo todo; quando tiram dos bolsos daqueles que sempre tiveram bons empregos e geladeira recheada; quando se vê que se restarão somente a classe rica e classe pobre, aí o bicho pega! É o que está acontecendo nos EUA e na Europa! Não custa lembrar que a Revolução Francesa só foi possível quando a classe média da época, a burguesia, foi para as ruas lutar contra a realeza e contra as corporações. Não é mais possível a concentração de riquezas nas mãos de poucos. Nas principais países desenvolvidos e em desenvolvimento sopitam manifestações populares contra o capitalismo. Se nunca as manifestações populares obtiveram êxito, foi porque estas eram diversas e próprias de cada país. Mesmo assim, em 1968 uma grande onda mundial de revoltas populares mudou o rumo do planeta, embora não conseguissem vencer o capitalismo. Nos Estados Unidos, as grandes passeatas foram contra a Guerra do Vietnan; na França pela reforma política; na Thecoslováquia contra a ditadura soviética; no Brasil contra a ditadura militar. Eram revoltas diversas.
As verdades absolutas que defendem o capitalismo caminham para o brejo. Depois que instalaram o satélite de comunicação na órbita terrestre, não há mais verdade que se esconda e nem mentira que se perdure. O hacker australiano Julio Assange dono site Wiki Leakes, foi preso em Londres por divulgar documentos sigilosos sobre a Guerra do Afeganistão, mensagens pessoais da ex-candidata a presidente dos EUA, Sarah Palin e o pior, publicou no seu site cerca de 250 mil documentos sigilosos da diplomacia americana em novembro de 2010. Não adianta prendê-lo, ou mesmo matá-lo, outros ocuparão seu lugar. Não há dúvida que o mundo tornou-se uma aldeia.
A comunicação ficou mais ágil que as conversas de um cidadão com seu vizinho de rua. O que acontece em Tókio fica-se sabendo na mesma hora em Chique-chique no Ceará, em Cumari em Goiás, em Uruguaiana no Rio Grande do Sul, em Mombain na Índia. São as redes sociais, como Facebook, Orkurt, Twiter e outros caminhos da Internet como Youtube, Hotmail, Gmail etc. interagindo a humanidade. Elas são tão importantes nas vidas dos cidadãos como é o pão de cada dia. E não há censura que segure! Por conseqüência, centenas de milhares de pessoas saíram às ruas na Europa e nos Estados Unidos neste sábado e domingo (15 e 16 de outubro/2011) para protestar contra o sistema bancário global (leia-se capitalismo) tudo por conta das redes sociais. A onda de insatisfações lastra como rastilho de pólvora! O padrão de vida caiu (e tende a cair ainda mais) em quase todo planeta! Daí as revoltas. Na Grécia, contra o arrocho salarial e o desemprego instituídos pelo governo para salvar bancos- com o dinheiro do contribuinte- em nome de salvar a economia- e com isso a população enfrenta a polícia e promove quebra-quebra de vidraças das instituições bancárias. Na França, contra o governo que protege os bancos (Nicolas Sarkoszy está prestes a perder a sua reeleição para o candidato socialista). Na Espanha a greve dos Indignados toma conta das grandes cidades. Em mais de 100 cidades americanas há revoltas contra o sistema financeiro. Em Nova York, milhares de manifestantes cercam o centro financeiro de Wall Stret, clamando -pela primeira vez- por aumento de impostos para os ricos para solucionar a crise que naufraga os EUA. Até a sólida Alemanha enfrenta greves porque o governo salvou o segundo maior banco do país. O grito é um só: contra o capitalismo que aí está!
Atenção, senhores políticos, banqueiros e donos de incorporações! Em 2008 o ex-presidente da bolsa eletrônica Nasdaq, Bernard Madoff, deu um tombo no sistema financeiro americano em 110 bilhões de dólares e foi condenado a 150 anos de prisão! Golpe maior do qualquer outro no Brasil. O mundo mudou. Em Brasília, na porta do Congresso; em São Paulo, ao longo da av. Paulista; no Rio, na Av. Atlântica etc. As passeatas tupiniquins ainda são contra a praga da corrupção, pelo fato da crise ainda não ter chegado por aqui, mas a hora que chegar... A verdade é que pela primeira vez na história, em todo o planeta, milhões de pessoas (sem bandeiras partidárias) protestam em sincronia contra o capitalismo desumano, onde cada vez mais o rico enriquece e o pobre empobrece. E no mesmo balaio a revolta contra políticos que optam- quase todos- pelos banqueiros em detrimento do eleitor. Em suma: privatizam os lucros e socializam os prejuízos! Quem não se lembra do famigerado PROER do governo de FHC que injetou milhões de reais para salvar o Banco Econômico, o Banco Nacional e outros e mesmo assim, esses mesmos bancos quebraram? Não tem cabimento um diretor de banco receber salários de R$ 300 mil reais/mês para que depois, o governo banque suas quebradeiras! Os governos salvam os bancos com o dinheiro do povo! Tem sido sempre assim e o povo... Bem... o povo, como de costume, que se lasque!
Não tenho vocação para adivinho, mas sei que uma nova ordem vem aí! O capitalismo, mos moldes que aí está, a nos explorar até a alma, está agonizando! Com certeza virá um capitalismo sem as presas vampirescas que sempre sugaram o povo. Talvez um socialismo menos utópico, mais realista e sem as mãos pesadas como as de Stalin. A escravatura não caiu? Quando imaginaríamos um negro na Casa Branca? Uma presidente do Brasil? Em cada banco de escola não terá um computador? Alguma coisa está prestes a acontecer. E ai, meu caro, os homens do dinheiro terão que devolver o excesso antes que seja tarde demais. Ou através de impostos sobre grandes fortunas ou através de revoltas que podem desaguar na terceira guerra mundial- e o barco está mais para uma nova revolução! Não é difícil deduzir que terão que entregar os dedos para não perderem os braços. Quem viver verá!
Neste momento em que escrevo esta crônica, madrugada de 26/10, nos Estados Unidos, a pátria do capitalismo, continuam protestos contra a ganância e a corrupção. Houve confrontos com policiais e centenas de manifestantes foram presos na Califórnia, Georgia e New York
Os governantes que lançaram o satélite, se soubessem no que ia dar, jamais fariam o que fizeram e nós estaríamos ainda escrevendo em um teclado de uma velha máquina de escrever Olivetti...

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