Cajuzinho rasteiro do cerrado
Gostosuras de minha infância
Por Tadeu Nascimento
De vez em quando a gente cai na armadilha
da memória e arranca de lá coisas do fundo baú. Hoje , por exemplo, no
café da manhã havia uma bandeija com bolos cortados em quadrados de cor
verde. Acho que o verde é devido a anilina. Lembrei-me da Padaria Natal
da minha pequena Rio Verde, ainda com 35 mil habitantes. Hoje sua
população é quase 6 vezes maior. Na padaria vendia-se o famoso "bolo de 3
cores". De repente me dei conta que muitas coisas boas não existem
mais. Assim como o bolo tricolor, não mais se encontram a brevidade e
nem o sonho (com pedaço de goiabada; os que existem hoje são com recheio
exagerado de doce-de-leite com trocentas mil calorias, e claro, muito
enjoativo). Havia também uma iguaria sem igual: a flor de côco.
Evidentemente com côco, mas em lascas, com leite moça. Em Goiânia, uma
senhora nascida em uma fazenda perto de Rio Verde , dona Felicidade
Guimarães (que nome interessante!), ainda vende essa rara e pequena
maravilha que é a flor de côco com leite moça. Sem exagerar é uma
felicidade. Seu nome e endereço se encontram no Google. A flor de côco
de Dona Felicidade tem sabor de infância. Vale a pena conferir.
E a saudade de coisas boas não param por aqui. No Bar do Ney na mesma rua, vendia-se sorvetes artesanais, feitos na hora, de creme holandês, de creme de ovos, de ameixa. Todos feitos sob o girar de uma hélice de uma máquina que engrossava o creme. Sorvetes na casquinha ou na taça com colherzinha de alumínio. Comia-se (ou tomava-se, como se dizia) também com Coca-Cola (vaca preta) e guaraná (vaca amarela). Tudo maravilha! Picolés de groselha e os também de 3 cores. No Bar do Ida Proto, na Rua Rui Barbosa e depois na Rua Edmundo Carvalho, fazia-se o sorvete de nome "Delícia" sabor de creme de ovos com abacaxi. O sorvete "Delícia" era o fino do fino!
No Bar do João Surdo (João Proto de Souza/ Confeitaria Zigue-zague) vendia-se um pudim que nunca comi igual: o famoso- pelo menos em Rio Verde- "Lambe o Dedo": oitava maravilha do mundo!
E a saudade de coisas boas não param por aqui. No Bar do Ney na mesma rua, vendia-se sorvetes artesanais, feitos na hora, de creme holandês, de creme de ovos, de ameixa. Todos feitos sob o girar de uma hélice de uma máquina que engrossava o creme. Sorvetes na casquinha ou na taça com colherzinha de alumínio. Comia-se (ou tomava-se, como se dizia) também com Coca-Cola (vaca preta) e guaraná (vaca amarela). Tudo maravilha! Picolés de groselha e os também de 3 cores. No Bar do Ida Proto, na Rua Rui Barbosa e depois na Rua Edmundo Carvalho, fazia-se o sorvete de nome "Delícia" sabor de creme de ovos com abacaxi. O sorvete "Delícia" era o fino do fino!
No Bar do João Surdo (João Proto de Souza/ Confeitaria Zigue-zague) vendia-se um pudim que nunca comi igual: o famoso- pelo menos em Rio Verde- "Lambe o Dedo": oitava maravilha do mundo!
Com as frutas
aconteceram o mesmo. Na casa do Sr. Carrinho Cunha (Carlos Cunha
Sobrinho) havia um "pé de manga Bourbon" cujas frutas tinham
grandes manchas pretas na casca e eram uma gostosura só. Hoje não se vê
mais mangas Bourbon com pintas... Na casa da Donana, em frente onde
hoje é o Tiro de Guerra, haviam jaboticabas graúdas e extremamentes
doces. As que que existem hoje ficam muito a desejar. Nunca mais
degustei mangas e jaboticabas como aquelas. Quantos anos não como
cajuzinhos do cerrado, não aqueles de cajueiros de 3 metros, mas
refiro-me aos pés de cajuzinhos "rasteiros" de 60 centímetros de altura.
Existiam milhares desses cajueirozinhos perto do aeroporto da cidade.
Mas como
tudo que é bom dura pouco, infelizmente o que era doce se acabou. Como
disse o escritor João Guimarães Rosa: "a felicidade se acha em horinhas
de descuido!" Deveria, pois, ter-me descuidado mais!
A gente só é realmente feliz quando menino. Pena que passou.