Juju Pé-de-cana e a secura da lei Seca
Por Tadeu Nascimento
Juvenal
Cipriano, mais conhecido como Juju Pé-de-cana, foi barrado numa
Blitz da Lei Seca. Vinha ele da região mais etílica do Setor
Marista, lá pra duas da madruga, a procura de um outro boteco, agora no
último reduto de cachaceiros, no Jardim América, afim de dar
acabamento na sua tontura. O policial, depois de ordenar o nobre embriagado
a parar o veículo, o cumprimentou com um impessoal "boa
noite" e lhe perguntou se ele havia ingerido bebida
alcoólica e Juju tentando passar por sóbrio, saiu com essa:
- Quem, eu? Eu não, seu guarda, eu não bebo, a minha religião não permite!- no entanto, seu bafo exalava aroma de destilaria.
O policial quase nauseado com o vapor quente vindo da goela de Juju, lhe disse:
- O senhor concorda soprar o bafômetro?
- Quem, eu? Eu não, seu guarda, eu não bebo, a minha religião não permite!- no entanto, seu bafo exalava aroma de destilaria.
O policial quase nauseado com o vapor quente vindo da goela de Juju, lhe disse:
- O senhor concorda soprar o bafômetro?
-
Como?
- O senhor aceita soprar o bafômetro?
- Muito obrigado seu guarda! Eu não bebo, não fumo, não cheiro e nem sopro esse troço que o senhor acabou de falar!
O soldado, que também era simplório, entendeu que o condutor estava zombando com a sua cara, determinou:
- Se o senhor não soprar, "o senhor vai preso" por que o senhor está dirigindo embriagado e vai ter que resolver o problema na delegacia!
- Que isso, seu guarda, não faça isso comigo! Eu tenho família!...
- Eu também! E só estou cumprindo a lei!
- Graças a Deus, né, seu guarda!
- O senhor não sabia que é proibido dirigir depois de ingerir álcool?
- Seu guarda, eu não ingeri, não engoli e nem bebi álcool algum! Eu já disse para o senhor: eu não bebo! Eu juro!
- Muito obrigado seu guarda! Eu não bebo, não fumo, não cheiro e nem sopro esse troço que o senhor acabou de falar!
O soldado, que também era simplório, entendeu que o condutor estava zombando com a sua cara, determinou:
- Se o senhor não soprar, "o senhor vai preso" por que o senhor está dirigindo embriagado e vai ter que resolver o problema na delegacia!
- Que isso, seu guarda, não faça isso comigo! Eu tenho família!...
- Eu também! E só estou cumprindo a lei!
- Graças a Deus, né, seu guarda!
- O senhor não sabia que é proibido dirigir depois de ingerir álcool?
- Seu guarda, eu não ingeri, não engoli e nem bebi álcool algum! Eu já disse para o senhor: eu não bebo! Eu juro!
-
Por favor, o senhor saia do veículo!
Depois de olhar para o documento do veículo, o guarda continuou:
- Mas o senhor está bêbado, quase caindo- senhor Juvenal!
- Quem, eu?
- O senhor mesmo! E o senhor terá seu carro apreendido e terá que ir na nossa viatura para delegacia!
- Mas seu guarda, não faça isso comigo, eu tenho família!...
- Ordem é ordem, e eu não posso fazer nada! O senhor resolve com o delegado, lá na delegacia!
Entendendo que a vaca foi para o brejo, Juju Pé-de-cana só enxergou uma saída: a do caminho da propina:
- Seu guarda, quebra essa pra mim, pelo amor de Deus! O que o senhor precisar nessa vida eu ajudo o senhor!
O guarda com a sua merreca de salário, o Natal na semana seguinte e ele sem dinheiro para presentear a mulher e os filhos, pensou em aproveitar a oportunidade e fazer a feira! Mas se fez de difícil: "A multa é alta, então deve render uma boa grana, mas não posso dar uma de facinho! Ele vai ter que se espernear mais um pouco!" E o Juju Pé-de-cana, à beira do desespero, apelou:
Não vai me dizer que o senhor nunca dirigiu com uma cachacinha na cabeça?
E a conversa estava caminhando para a desmoralização quando o "seu guarda" quis resolver as questões de ambos. A do infrator etílico e a dele, o desprovido de grana para o Natal:
- Tudo bem, seu Juvenal...
- O senhor pode me chamar de Juju Pé-de-cana!
- Juju Pé-de-cana? Com esse nome, quer ainda que eu quebre essa para o senhor? Quando o delegado souber do seu apelido, ai sim, o senhor, além de ter o carro apreendido, ser multado em R$1.915, 00, ainda vai pegar uma cana arretada e só vai sair de lá depois de pagar uma fiança de lascar o cano! !
- Mas seu guarda, o senhor e eu estávamos indo tão bem!..
- Vamos deixar de conversa! Vamos ao que interessa: quanto o senhor pode me dar de presente?
- Presente?
- Presente, grana, dinheiro!
- Ah... dinheiro!.. agora o senhor falou a minha língua!
- Quanto? - sussurrou impaciente o guarda- para que ninguém percebesse a propina.
- Toma aqui, seu guarda..
Depois de olhar para o documento do veículo, o guarda continuou:
- Mas o senhor está bêbado, quase caindo- senhor Juvenal!
- Quem, eu?
- O senhor mesmo! E o senhor terá seu carro apreendido e terá que ir na nossa viatura para delegacia!
- Mas seu guarda, não faça isso comigo, eu tenho família!...
- Ordem é ordem, e eu não posso fazer nada! O senhor resolve com o delegado, lá na delegacia!
Entendendo que a vaca foi para o brejo, Juju Pé-de-cana só enxergou uma saída: a do caminho da propina:
- Seu guarda, quebra essa pra mim, pelo amor de Deus! O que o senhor precisar nessa vida eu ajudo o senhor!
O guarda com a sua merreca de salário, o Natal na semana seguinte e ele sem dinheiro para presentear a mulher e os filhos, pensou em aproveitar a oportunidade e fazer a feira! Mas se fez de difícil: "A multa é alta, então deve render uma boa grana, mas não posso dar uma de facinho! Ele vai ter que se espernear mais um pouco!" E o Juju Pé-de-cana, à beira do desespero, apelou:
Não vai me dizer que o senhor nunca dirigiu com uma cachacinha na cabeça?
E a conversa estava caminhando para a desmoralização quando o "seu guarda" quis resolver as questões de ambos. A do infrator etílico e a dele, o desprovido de grana para o Natal:
- Tudo bem, seu Juvenal...
- O senhor pode me chamar de Juju Pé-de-cana!
- Juju Pé-de-cana? Com esse nome, quer ainda que eu quebre essa para o senhor? Quando o delegado souber do seu apelido, ai sim, o senhor, além de ter o carro apreendido, ser multado em R$1.915, 00, ainda vai pegar uma cana arretada e só vai sair de lá depois de pagar uma fiança de lascar o cano! !
- Mas seu guarda, o senhor e eu estávamos indo tão bem!..
- Vamos deixar de conversa! Vamos ao que interessa: quanto o senhor pode me dar de presente?
- Presente?
- Presente, grana, dinheiro!
- Ah... dinheiro!.. agora o senhor falou a minha língua!
- Quanto? - sussurrou impaciente o guarda- para que ninguém percebesse a propina.
- Toma aqui, seu guarda..
E o guarda, falando quase inaudível, continuou:
- Devagar, devagar.... primeiro eu vou lhe passar o documento e o senhor me devolve o mesmo documento com o dinheiro por baixo!
E Juju devolveu-lhe o documento junto com a propina sem que ninguém percebesse.
E o guarda quando viu a quantia, esbravejou com os dentes travados:
- Que isso? Só cinquentinha, seu cara de pau?- devolvendo novamente o documento- Isso não dá nem para uma garrafa de vinho!
- Mas dá pra uma garrafa de pinga, seu guarda! Ah... ia me esquecendo, seu guarda: se beber não dirija! E cuidado com as blitz! Feliz natal, seu guarda! Feliz natal!
- Devagar, devagar.... primeiro eu vou lhe passar o documento e o senhor me devolve o mesmo documento com o dinheiro por baixo!
E Juju devolveu-lhe o documento junto com a propina sem que ninguém percebesse.
E o guarda quando viu a quantia, esbravejou com os dentes travados:
- Que isso? Só cinquentinha, seu cara de pau?- devolvendo novamente o documento- Isso não dá nem para uma garrafa de vinho!
- Mas dá pra uma garrafa de pinga, seu guarda! Ah... ia me esquecendo, seu guarda: se beber não dirija! E cuidado com as blitz! Feliz natal, seu guarda! Feliz natal!
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