segunda-feira, 28 de abril de 2014

Gabriel Garcia Marques 

Adeus, Mágico Gabo

 Por Tadeu Nascimento

                     Adeus, pai de José Acárdio Buendia.  Adeus, pai do cigano Melquíades que apresentou ao  menino José Arcádio  o então desconhecido e extraordinário  gelo. Adeus, pai de Aureliano Buendia que participou de cem guerras e perdeu todas. Adeus, pai da valente Dona Úrsula Buendia. Adeus, pai de Macondo, cidade fictícia, onde rola a historia dos Buendia.  Adeus, você pai de tantas histórias. Adeus, pai do realismo fantástico (também conhecido como realismo mágico). Adeus, pai de Florentino Ariza.  Adeus, pai de Fermina Daza. Só você para parir um "Amor nos tempos do cólera". Adeus, pai da história genial e comovente de um velho de 90 anos, em busca de um amor sem sexo no seu lindo "Memórias de minhas putas tristes". Um parêntese para esta última obra: as "Memórias" começam pelo inusitado: "No ano que completei noventa anos quis presentear-me  com uma noite de amor louco com uma adolescente virgem". O narrador é um jornalista que gastara toda sua vida nos puteiros de Cartagena e nunca havia amado alguém. Então encomendou o dito presente a uma cafetina conhecida de muitos anos.   E quando vê a  ninfeta nua e virgem, de nome Delgadina, apaixona-se por ela. Mas o que fazer aos noventa anos? Não tinha mais físico para o sexo e então passou a ama-la platonicamente.  Assim Gabriel Garcia Marques exalta o amor. Em qualquer idade!
                       Sei que você, meu herói, nem imagina quem sou, pois saiba,  que sou um daqueles meninos , que aos 15 anos  inaugurou suas leituras lendo  o realismo fantástico de um desconhecido Gabriel Garcia Marques que logo depois ficou conhecidíssimo como "o mágico". Você influenciou- e muito- uma geração!  Sua obra prima "Cem anos de solidão", reli cinco vezes, assim como reli pela quarta vez  o "Amor nos tempos do cólera". O "O outono do patriarca", retrato dos ditadores da América Latina é de um sul realismo comovente.  "Cândida Erêndida e sua vó desalmada" virou filme  com a brasileira Cláudia Ohana, no papel de Cândida. A heroína da estória teve, ainda menina, o azar de provocar um incêndio na casa da avó com quem morava. E por conta disso, sua avó a obrigou pagar o prejuízo fazendo sexo com todos que ali passavam. Acontece que a casa onde moravam era em frente a um quartel do exército! 
                        Aliás, meu herói, li toda sua obra, inclusive "Textos do Caribe". Não é a toa que você ganhou o prêmio Nobel de Literatura de 1982. Sem dúvida, você foi um dos maiores escritores do século XX. Vi a poucos meses o DVD  "O amor nos tempos do cólera"  e achei belíssimo. Pra quem não sabe, nesse filme, a também brasileira Fernanda Montenegro faz o papel de Trânsito Ariza, mãe de Florindo. Outra coisa importante é a trilha sonora que foi composta e interpretada pela  cantora colombiana Shakira, o que encaixou perfeitamente no  drama. Casamento perfeito. Lindo! Pra quem não viu, Gabo, está perdendo, assim como está perdendo se também não viu "Memórias de minhas putas tristes". Melhor lê-los, mas também é ótimo vê-los em filmes. Tudo seu vale a pena.
                      Desculpe o pleonasmo, mas agora que você partiu, ficamos,  sozinhos nessa Macondo da vida com saudade  do pai dos  "Cem anos de solidão".
                      Caro Gabo, o mundo perdeu um artista, mas literatura agradece a genialidade desse mesmo artista. Adeus, meu herói. Todavia, continuarei reler e reler a sua obra.

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