sexta-feira, 24 de abril de 2009

BARACK OBAMA E A ERA BEATLES
Por Tadeu Nascimento

Depois que os jornalistas do mundo todo noticiaram a surpreendente ascensão de Barack Obama à presidência do país mais poderoso do planeta, modestamente exponho aqui, a minha visão sobre este que a mim parece se revelar um grande estadista.
Quando da certeza de que o mundo não tinha mais jeito, surge um negro de nome afro/mulçumano que veio para ditar uma nova ordem mundial. Se os EUA pretendem ser a locomotiva do mundo é preciso atentar para algumas questões inevitáveis que antes o próprio governo americano virava o rosto. A questão ambiental, o desarmamento das nações e o fim da intolerância racial. Um país que se negou assinar o Protocolo de Kyoto sobre o aquecimento global; que tinha até o começo deste ano um vice-presidente que era o maior fabricante de armas do mundo, Dick Cheyne; que árabe algum põe os pés na América do Norte depois do “11 de Setembro de 2001”; um país, cujo governo-apenas 40 anos atrás- dava cobertura a Ku Kux Klan. Obama veio para quebrar paradigmas erguendo consigo as bandeiras de Martin Luther King e de Jonh Lennon. Embora o “Dream is over” seja o retrato da humanidade governada por belicosos como George W. Bush, Ariel Sharon, Tony Blair, Silvio Berlusconni de quaisquer épocas, este moço negro, de corpo oblongo, de voz firme, de sorriso largo e de olhar para o infinito promete dias de paz para todo planeta. Barack é a Boa Nova de um mundo desacreditado, carcomido pela ganância, pela autodestruição do planeta, pela imoralidade que rege o mundo capitalista. Quem imaginaria um ano atrás um negro no comando da maior economia do mundo? O mais otimista dos cientistas políticos jamais imaginaria.
Barack Obama tinha apenas 7 anos quando o negro Martin Luther King foi assassinado com um tiro no pescoço em abril de 1968 por um branco em Menphis, Tenessee. Luther King, era pastor norte-americano, prêmio Nobel da Paz, líder do movimento a favor dos direitos civis que lutou por melhoria da situação da comunidade negra, protestando contra a desigualdade racial. Em 1963 dirigiu uma marcha pacífica de Washington até ao Lincoln Memorial, onde pronunciou o famoso discurso “Eu tenho um sonho.” Três meses depois, 5 de julho de 1968, acontece o assassinato de Robert Kennedy. O mundo pegava fogo naquele ano de 1968: Na “Primavera de Praga” os tanques soviéticos fizeram jorrar sangue pelas ruas. No Vietnan a bomba de napalm queimava milhares de crianças e velhos. Aqui na “Terra Brasilis”, em 13 de dezembro o Congresso Nacional é fechado e centenas de idealistas amargaram cassetetes e choques elétricos nos porões da Ditadura. Um ano depois, a guitarra de Jimi Hendrix, e a voz rouca de Joe Cocker chamaram a atenção para o maior festival de Rock até então, o Festival de Hoodstock. No mesmo ano os Beatles se separariam, e Jonh Lennon, lançaria “Imagine” pedindo socorro à paz enquanto George Harrison cantava My Sweet Lord, uma oração pala pela harmonia entre os homens e anos depois, Paul Mccartney gravaria Ebony and Evory (ébano e marfim).
Obama é cidadão do mundo, tal qual uma salada de origem e de raças. Nasceu Em Honolulu, Havaí em 04 de agosto de 1961; Seus pais se separaram quando ele tinha 2 anos e sua mãe o levou para morar por 10 anos em Jacarta, Indonésia, onde ela se casou, desta vez com um indonésio. Seu pai nasceu no Quênia e sua mãe- uma mulher branca- no Kansas, EUA. Volta para o Havai e é criado pelos avós brancos. A origem paterna passa também pela religião muçulmana. Sua adolescência no Havaí foi marcada não por sua marcante trajetória escolar, mas também por anos de contravenção. Experimentou maconha e cocaína, conforme afirma sua autobiografia “Sonhos de meu pai: Uma história de raça e de herança”. Na disputa eleitoral questionaram o seu uso de drogas quando adolescente e ele, sem pestanejar desconcertou o entrevistador respondendo: Não há relevância alguma o caso de um jovem fumar maconha e ter experimentado cocaína para o fato de ser presidente dos EUA. Barack foi professor e defensor dos direitos civis em Chicago antes de ser eleito senador democrata por Illinois, em 2004. É um democrata dos novos tempos, que coloca sua mulher ao seu lado no palco dos eventos e não apenas nos bastidores.
De pronto, no seu primeiro dia na Casa Branca, dando o tom de uma nova era, determinou o fechamento de Guantánamo, Cuba, cuja prisão expunha atrocidades a prisioneiros de guerra. Obama mostrou a que veio e o mundo o viu com outros olhos: olhos com respeito para com aquele que no primeiro dia de governo agiu como estadista. Neste último domingo, 5 de abril, discursou numa praça em Praga (República Tcheca) no qual anunciou uma iniciativa para erradicar os arsenais nucleares no mundo, além de prometer que os EUA irão liderar esforços contra a mudança climática- leia-se o Tratado de Kioto (quanta diferença do seu antecessor, George Bush!). Nesta terça-feira, 07 de abril, Obama fez visita surpresa em Bagdá onde- quebrando o protocolo- misturou-se aos soldados que o abraçaram com grande entusiasmo onde depois, em discurso, prometeu retirar as tropas daquele país até 2010. Enquanto isso a direita empedernida americana acusa o presidente de expor os EUA ao perigo dos terroristas. O ex vice-presidente Dick Cheyne com a mais dura cara de pau, disse que foi um grande erro fechamento Guantánamo e que seria um desastre a saída das tropas do Iraque. A questão é quanto perderão em milhões de dólares com o esvaziamento da indústria bélica.
Obama é tudo ao contrário: Obama, filho de negro (justamente para quebrar o orgulho americano); Obama, mulçumano da raça dos terroristas; Obama da cor de Martin Luther King; Obama pacifista; Obama que veio unir o Ocidente ao Oriente; Obama que tomou para si a responsabilidade de ser o líder da campanha da preservação ambiental; Obama filho de pais separados; Obama que fumou maconha e cheirou cocaína como ele mesmo admitiu; Obama, filho do movimento hippie e de um sonho que teria acabado (Jonh Lennon se estivesse vivo o aplaudiria); Obama a esperança do mundo.

Tadeu Nascimento é servidor público e advogado
email: tadeunascimento10@hotmail.com

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