sexta-feira, 24 de abril de 2009

DE HOMEM PRA HOMEM


Por Tadeu Nascimento


Sejamos decentes. Esta coisa de macho pra macho é extremamente vulgar e pré-histórico. Mulher nenhuma deseja um troglodita. Pelo menos as normais como diria Nelson Rodrigues. Assim fosse, a natureza nos faria sem sentimentos, surdos, cegos e mudos. Com a liberação sexual, o macho- apenas macho- encontra-se em qualquer prateleira dos classificados de jornais e no universo da Internet. Agora, homem é outra história.

É mais que sabido que esta espécie está em extinção. O mercado está cheio de falsos homens, de fanfarrões, de idiotas vestidos de homens e de idiotas vestidos de idiotas. Depois do Viagra qualquer Zé Mané se julga o máximo. E com isso estamos cada vez mais tratando pessoas como mercadorias. Durmo com você hoje e amanhã, nunca a vi. No máximo, um oi tudo bem. Tudo bem vírgula, isto é muita filhodaputisse! Ninguém é algo descartável. Muitas, ou quase todas - no day after – hão de sentir-se trapos. Por isso, convenhamos, quase sempre, os melhores homens (e também as melhores mulheres), já tem o seu par e os demais perambulam pelas ruas. Lá no fim da vida, este protótipo de homem há de se humilhar por um carinho, um gesto, uma migalha de atenção. O seu retrovisor, se honesto, vai refletir o quanto foi imbecil. O que lhe sobrou da vida? Quem estará com este hominho-genérico no leito do hospital nas últimas horas? É preciso prestar atenção na vida.

Houve um tempo que era normal sair pelas ruas com uma arma no coldre. Era o argumento da força sobre a força do argumento. Aquele tempo arredio passou. 30 anos atrás, contava-se nos dedos o número de detentores de mestrado e doutorado em Goiânia, hoje são centenas. Tudo mudou, o mundo mudou, mas o bom gosto, os bons modos, a inteligência hão de continuar em voga. Sempre. Se os homens comuns dão mais valor a um corpo torneado, a um rostinho bonito, a uma bunda empinada, as mulheres são bem mais exigentes. À primeira vista, a beleza conta, mas se o cidadão é oco, a conversa morre por inanição. Na verdade buscam homens inteligentes, cultos e atentos. Que conheçam o mínimo de cinema, de música, de livros. Que reparam (nelas) o corte de um dedo nos cabelos. Que lhes abram a porta do carro. Que não se esqueçam das datas de mês e ano de quando começaram o relacionamento. Que saibam que um buquê e um jantar são passaportes para uma noite inesquecível. As mulheres são assim, querem ser valorizadas (está no DNA delas). Por que não? Quem não gosta de ser paparicado? Em resumo, isto é uma coisa tão antiga que as pessoas não se lembram mais do nome. Trata-se do verbo namorar. Substituíram-no por um tal de ficar - um engodo, uma auto-tapeação - onde se brinca com o sentimento alheio. Mal sabem os genéricos (homíneos), que muitos casamentos acabam por falta de namoro. Está lá, no Aurélio, que namorar é cortejar, cativar, galantear, ser doce, ser terno. Ficar é algo tão esdrúxulo que não há tempo para cativar, muito menos de ser doce. Pergunta-se: ser terno é nunca a vi, apesar de ontem?

Cá entre nós, um há um caminho mais curto pra conquistar uma mulher que um belo jantar? Que custe um ou dois dias de seu salário! E daí? As mulheres adoram. E dinheiro existe é pra isto mesmo, pra gastar com as coisas mais preciosas do mundo (homem pão-duro é um desastre). E depois, quem sabe- como prêmio- a noite poderá rolar maravilhosamente.

Conquanto, não apareça de tênis e camiseta e com o carro lameado de um rally. Não venda barato a sua imagem. Também não force a barra no primeiro dia. Saber esperar o dia seguinte, poderá render-lhe o título de cavalheiro e o melhor da festa. É bom estar sempre preparado, caso a coisa pegar fogo. Meias furadas, cueca desbotada, nem pensar. Perfume muito adocicado, ninguém suporta- lembre-se que você literalmente vai colar o seu rosto no dela. Convém não falar de seus dotes financeiros, isto é grossura. Nunca discuta política, mostre que você acredita só no trabalho e o que interessa naquele momento é ser feliz, mas favor não insistir em falar sobre vacas, vacinas ou preço da soja. Não se esqueça que ela está interessada em homem elegante e não num peão de rodeio! Seja alegre e bem humorado. Flores depois do amor vão subir- em muito- a sua cotação. Eis a receita que me passam as mulheres que conheço e que buscam seu pares. Como se sabe disso? Simples, é só se interessar em saber o que as mulheres querem dos homens e ter um mínimo de sensibilidade...

Na verdade passamos a vida inteira pensando nelas. Pelo menos nós, os héteros. Como poetizava o nosso professor Fernando Pessoa, “tudo vale à pena quando a mulher não é pequena”.

Tadeu Nascimento é funcionário público e advogado

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