quinta-feira, 17 de dezembro de 2009


"A Face Oculta das Nádegas"



A Influência do Bumbum na humanidade


Por Tadeu Nascimento



Dizia Rubem Braga que a diferença entre crônica e artigo é que a crônica é contar um caso e o artigo é explicar o caso. Na prática a diferença é pouca, pois não sei limitar o que é um, o que é outro. O fato é que quando quero escrever uma crônica, acabo escrevendo um artigo. Pesquisando a respeito, conclui que não existe crônica sem explicação. Indiretamente o cronista explica o caso. Digo isto porque me considero cronista e não articulista. No meu conceito, articulista é aquele que escreve coisas com carga de notícia, que se preocupa em informar ao leitor coisas boas e ruins. Mais ruins, do que boas. Já a crônica é algo leve, sem a rigidez da notícia. Abre-se o jornal e lê-se críticas ao presidente, ao governador, ao senador, ao prefeito e ainda os acontecimentos políticos. Tudo isto é artigo. A crônica é o recreio, a pausa, o relaxe entre a dureza da notícia e as farpas daqueles que de um modo ou de outro, brigam pelo poder.

Entre o escândalo dos Panetones dos Demos de Brasília e o palavrão do presidente, dizendo que vai tirar o povo da merda, uma reportagem chamou-me a atenção que resultou nesta crônica. Trata-se de um livro e de um documentário – ambos com o mesmo nome- que foram lançados no último dia 9 de dezembro em Paris e que levam o título de “la Face Cacheé des Fesses”. A editora está investindo pesado e espera faturar muito “argent” (grana) com as obras.

Caros leitores, numa tradução livre, o referido título significa “A Face Oculta das Nádegas”, cuja pretensão é demonstrar a influência da bunda na humanidade. Isto mesmo, sem hipocrisia e direto ao assunto: os autores concluíram, depois de 18 meses, uma investigação séria e ao mesmo tempo engraçada. Começa por uma referência a revista semanal “L’Express” que descreveu o bumbum como a parte mais subversiva da anatomia humana. O livro cita também Jean Paul Sartre, o grande filósofo do existencialismo quando cunhou esta máxima: “A pátria, a honra, a liberdade nada existe: o universo gira em torno de um par de nádegas!” A imprensa francesa comenta que o lançamento deste livro e também do documentário são as melhores obras deste fim de ano. São a cereja do bolo natalino e que ambos vão dar o que falar.

Tem razão os autores do livro. É grande a influência do bumbum na história da humanidade. Aliás, sempre pensei nisso. Cleopátra, que segundo uma moeda antiga de Roma- que traz sua face- prova que era uma mulher feia. Mas como pode uma mulher feia fazer curvar-se o homem mais poderoso do mundo que era Julio Cesar e ainda fazer de Marco Antônio seu amante e vassalo ao ponto de se matar por ela, a rainha morena do Egito? Imagine os habitantes de Roma que era o centro do Universo daquele tempo, indagando o que tinha a mulata do Nilo que as branquelas romanas não tinham? O que fez ela para Julio Cesar se apaixonar? E depois com o seu amigo general Marco Antônio acontecer o mesmo? Os gregos fizeram a maior guerra do mundo contra os troianos, onde morreram mais de 100 mil homens, por causa da princesa Helena que o príncipe troiano Páris raptou. Com milhares de mulheres aos seus pés por que estes homens poderosos se curvaram por estas duas mulheres?

O rei Luis XIV construiu o Palácio de Versalles para encantar a voluptuosa Madame Pompadour, que segundo os historiadores tinha um furor...Napoleão Bonaparte também deu um palácio para Josephine que o traia constantemente. O príncipe Shah Jeahan construiu o magnífico Palácio Taj Mahal para abrigar sua amada, a princesa Mumtaz Mahal. É o poder que certas mulheres tem que faz a humanidade andar pra frente.

Aqui do lado de baixo do Equador, mais precisamente na terra do Pau Brasilis, onde miscigenação fala mais forte e que o negro tem sua contribuição importante com seu “gen” africano, mais precisamente da nação dos Akibundos- daí a origem da palavra bunda, pois as negras escravas tinham traseiros avantajados- deixou-nos de presente a fama de termos as mulheres mais sensuais do planeta. Com isto, restou uma verdade: todo mundo tem nádegas mas nem todo mundo tem bunda. Quando se refere a bunda, há de se compreender um complexo de curvas que começa na cintura e termina nas coxas. A bunda propriamente dita é o núcleo, e sozinha não faz verão. Quando Luis Gonzaga compôs “Cintura fina, cintura de pilão” queria ele dizer que para ter nádegas bonitas é preciso, antes de tudo, ter cinturinha de pilão. Assim como a formiga tanajura, para ter volume nos glúteos é preciso ter cintura. Garrincha- que nunca foi Mané- jogou para escanteio o Botafogo pra ficar, digamos, com o par de nádegas de Elsa Soares, que tinha um vozeirão e uma silueta mais poderosa ainda.

A atriz Juliana Paes, com seu 98 centímetros de quadril, comprovou que o talento da cintura para baixo tem mais valor que o talento do pescoço para cima e para o deleite dos telespectadores, mostrou a sua belíssima retaguarda- nua- na praia numa novela global- que a fez famosa e rica, a custa do quê mesmo? Da bunda. Fernando Collor e a sua frase que nunca foi publicada: “Meu reino por um par de nádegas da Tereza Collor!” Perdeu o reino. Por causa de um frontispício do par de nádegas de Lilian Ramos, o insosso Itamar Temperamental Franco, o presidente pão de queijo, cantou todos os sambas enredo de todas escolas de samba no carnaval do Rio de Janeiro.

Loucos ou não. Por causa de um traseiro moreno de uma plebéia, o Príncipe de Gales, Eduard VIII, filho de Jorge V, abdicou-se do trono da Inglaterra para viver com a fogosa Wallis Simpson em 1936. Charles, o atual Príncipe de Gales trocou a angelical princesa Diana Spencer pelos segredos da sem-bunda Camila Parker. Eduard pode ter sido louco, mas não foi tantã como seu parente Charles que entende mesmo é de caneta Parker e não entende nada de...bundas.

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