quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011


Martinho da Vila
"Já tive mulheres de todas as cores... "


Cria da minha costela


Por Tadeu Nascimento


Antes era o nada. Aí, Deus criou o mundo. No sétimo dia, o criador, achando o mundo sem sentido, criou o homem. Mas para Ele o planeta ainda continuava sem graça. Então o Altíssimo entendeu que faltava pimenta. Nesse instante, Deus antecipou Machiavel: tirou do homem uma costela e fez a mulher. E deu a obra por encerrada. Pronto: estava criada a maior encrenca de todo sempre! Desde então, o macho, o homo- mais erectus do que sapiens-, não sabe viver sem a cria de sua costela, como canta Chico Buarque. Vive a cobrar eternamente o que lhe foi tirado no princípio do princípio. Dependência química de costela. É uma cobrança inconsciente, pois, depois de Adão, todo ser humano é gerado na barriga da mulher. E ainda, sob suas costelas. Entretanto, os cromossomos xx não entendem os xy e vice versa. E quase sempre vão às turras. Mas, assim como os homens, as mulheres são tanto quanto culpadas, pois cultivam a cultura machista: filho homem pode bolinar- e outras coisinhas mais- a filha do vizinho. Mas a filha há de se comportar como uma santa! Esse é o entendimento da mãe que age, conscientemente, de acordo com o pai, seu parceiro, que não é nada mais do que um filho da mãe. Conclusão: a mulher é tão machista quanto ao homem. Eis, a raiz dos conflitos! João Batista teve a sua cabeça exposta numa bandeja a pedido de Salomé. Sansão perdeu o cabelo e o tesão por Dalila. Nicéia Pitta pisou na goela de Celso Pitta.
Contudo, nunca entendi, ao certo, os símbolos dos dois sexos. O masculino representado por um círculo com uma seta para cima, tal qual um pênis pronto pra batalha e o feminino, por um outro círculo com uma cruz para baixo. Aí que não entendi. Por que uma cruz e ainda para baixo? Matutei todas as possibilidades. Seria, talvez, para lembrar que Jesus morreu na cruz, e como Ele, os homens seriam por elas crucificados de cabeça para baixo? Ou tal símbolo, representaria que as vidas delas são uma cruz? Nem tanto. Desde o tempo das cavernas as mulheres são mais longevas, posto que os homens sempre se expõem mais aos perigos da guerra e da caça, além de não se extravasarem (e nem desestressarem) como as mulheres com suas menstruações mensais. Todavia, garante a ciência que se trata da instintiva preservação da espécie, tanto que em quaisquer estatísticas de longevidade, de qualquer tempo, o homem vive menos do que a mulher. Insisti na pesquisa e encontrei uma justificatica que ainda não me conveceu: o círculo com a seta pra cima tem relação com Marte, deus da guerra, por isso, a seta (lança). Já o círculo com a cruz para baixo (Vênus), é uma alusão ao espelho de mão que se usava antigamente (com uma cruz abaixo do espelho redondo). Continuo desententido.
A vida é breve. Morre-se de susto, de bala ou vício. Morre-se de quaisquer moléstias. E ainda em pleno século 21, adentrando a Era de Aquário, a era do progresso humano, ainda morre-se e se mata por amor. "A vida é arte do encontro/ Embora haja tanto desencontro pela vida", declarou, viniciusmoraesmente, o poeta da paixão. E não adianta contestar, pois a vida é feita de momentos. É tudo que nos resta. A vida é muito breve para cometermos tolices. Tolices que podem estragar a relação e mais do que isso, quebrar o encanto. Como disse Marcel Proust: "O amor é uma maldição (ou loucura) que só se acaba quando se perde o encanto."
E assim, encanto vai, encanto vem. Martinho da Vila é perfeito quando canta "Mulheres". Então passam por nossas vidas mulheres de todas as cores, de várias idades, de muitos amores. Umas malucas, desequilibradas; outras confusas, de amor e de paz. Outras, arrogantes como águias na montanha; outras más como serpentes.

Desde os tempos imemoriais os relacionamentos têm sido assim. Quando se imagina que tudo vai bem como um lago manso, eis que se surge uma turbulência e carrega a paz para as profundezas. Até quando há de se insistir nesse desencontro? Até quando as deusas com TPM governarão essa eterna guerra dos sexos? Por fim, querida, cria da minha costela, tanto eu como você, somos todos filhos da mãe!

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