quinta-feira, 20 de junho de 2013

Blue Jeans

Ave, blue jeans!

 Por Tadeu Nascimento 



    Se Jesus estivesse hoje perambulando por aí (perambulando no melhor dos sentidos), na certa estaria vestido com uma calça blue jeans e talvez com uma camiseta branca tipo Hering. Pois, é evidente que ninguém, em pleno século XXI,  se vestiria com os trajes do ano zero de nossa era. Pergunto então, qual seria a roupa que o mestre usaria no ano de 2013, depois dele próprio? Não dá pra imaginar Jesus de terno e gravata! Por sua natureza humilde, Jesus usaria uma roupa simples. Possivelmente um blue jeans. E pensando bem, o jeans é a roupa mais interessante que existe. A mais simples, a mais democrática, pois tanto o pobre quanto o rico fazem dele a sua segunda pele. Talvez porque a calça jeans e camiseta branca sejam a expressões maiores das palavras liberdade e simplicidade.

                 Num outro sentido, o binômio jeans e camiseta talvez seja uma espécie de resposta aos conservadores de terno e gravata que se enclausuram nos escritórios das grandes cidades, visando grana. Uma espécie de provocação inconsciente. Se existisse o blue jeans à época da Revolução Francesa, certamente seria o traje- também inconsciente- dos sans-culottes (revolucionários que auto se denominavam os sem culotes, pois culotes eram as calças apertadas usadas pelos nobres da corte), pois encaixaria perfeitamente como roupa de batalha contra a nefasta nobreza. Uma bandeira pró-igualitarismo. Mas sem o cunho do comunismo. Liberdade por liberdade.


                 O sociólogo norte-americano Daniel Akst escreveu em 2009, no Wall Street Journal, que o blue jeans é uma profunda contradição de um aspecto da sociedade ocidental, sobretudo da burguesia: "Como é possível que a burguesia se vista de um modo que não representa o que ela é?" Mas é justamente, o contraditório que a juventude busca. Uma rebeldia contra a própria burguesia. É do próprio veneno que se produz o antídoto. E foi sempre assim. A Revolução francesa não fora feita pelos burgueses? Pois bem, a calça jeans e camiseta branca seriam a "personificação" do legado francês "Liberté, égalité, fraternité". O mesmo Daniel Akst, afirma no mesmo artigo que "há uma linha direta entre a queda da Bastilha e o blue jeans". Eis, a grande sacada desse sociólogo!


                 Fica ainda uma outra análise sobre essa calça azul com rebites: o de contornar, mais do que qualquer outra roupa, o corpo da mulher. E até a do homem. A capa do álbum dos Rolling Stones, lá por volta de 1975, traz um rapaz, talvez Mick Jagger, pois não aparece o rosto, dentro de um jeans desbotado, bastante apertado, revelando o volume de suas partes íntimas. Marylin Monroe, em 1946, aparece num painel publicitário vestindo um blue jeans com o umbigo à mostra, moda que fixaria 50 anos depois. E a moda do blue jeans pegou. E ficou. E eis que se tornou um dos maiores símbolos do século XX. E continua sendo, no atual século.


                Quem nunca teve uma calça jeans? Quando aqui chegou a famosa calça Lee, foi como uma febre contagiosa! No início, só playboy filho de barão usava.  Mas nas telas de cinema surgiam James Dean e Marlon Brando lançando moda para o mundo inteiro. Mas eis que chegaram os Beatles. Pronto, o blue jeans entra para calçada da fama. Desde então foi o sonho de consumo de toda a minha geração! E o índigo blue virou até versos de músicas: “.../ a velha calça desbotada ou coisa assim... ('Detalhes' de Roberto Carlos)”. Fiquei imensamente feliz quando minha mãe deu-me uma. E eu a vestia como se eu fosse um beatle, mas infelizmente roubaram-na no varal. Depois veio a calça Lewis, ainda mais bonita. Roubaram-na também. Contudo, podem continuar me roubando que não abandonarei a simpática e revolucionária calça azul com rebites, pois mesmo hoje, com os meus cabelos gris, continuo usando o bom e universal blue jeans.


               Quer ser diferente? Seja como todo mundo, use jeans!

2 comentários:

  1. Nada tão confortável e sempre moderno como o "Jeans".

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  2. O jeans representa mais do que foi dito, amigo!
    É sensualidade a flor da pele, arranca de olhares discretos aos mais pervertido... O conjunto da obra : jeans, curvas e nádegas
    liberam a imaginação e os encorajam às mais inusitadas, ruins, divertidas e até mesmo eternas cantadas, rsrsrs...







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