quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Os bem casados: The spirit and ectasy


Os bem casados

Por Tadeu Nascimento

Tem pessoas que são predestinadas a viver uma com as outras por longos períodos para construírem juntas histórias de glórias. Separadas, teriam destinos bem diferentes dos trilhados na vida real e ninguém saberia dizer se teriam sucesso ou não em suas carreiras solo. Juntas se completariam umas às outras como aconteceram a alguns pares de cabeças pensantes que ajudaram a humanidade a seguir adiante. Não estou falando de matrimônios, de casais que conjugam o axioma “felizes até que a morte os separe” e sim de pessoas sem enlaces matrimoniais, sem filhos entre eles, mas que conseguiram unir suas almas em prol de um determinado fim. Poucos sabem, por exemplo, que o famoso automóvel Rolls-Royce leva o nome de seu dois criadores, no entanto dá- se a impressão que se trata de uma única pessoa. Os ingleses Charles Stewart Rolls e Frederick Henry Royce criaram em 1906 o automóvel mais cobiçado do mundo (a Presidência da República possui um, ano 1953, doado pela rainha Elizabeth II ao governo de Getúlio Vargas, usado desde então nas posses de presidentes e Erasmo Carlos, na década de 70 se orgulhava em possuir um). Foram tão felizes nas suas cumplicidades que alem de carros, a empresa fabrica turbinas para o novo Airbus A 380, maior avião comercial do mundo. O símbolo da marca é uma escultura de uma sofisticada lady com asas, chamada de The Spirit of Ectasy”, que fica sobre o capô, presa por um cabo de aço ao radiador que a protege de “colecionadores” larápios. Hoje a Rolls-Royce pertence ao grupo BMW.

É também o caso da união bem sucedida de Wilhelm Maybach e Gottlieb Daimler criadores da Mercedes-Benz. Estes alemães inventaram o primeiro verdadeiro automóvel (1885), cujo motor era criação do amigo Karl Benz (considera-se Karl Benz o inventor do automóvel moderno). Antes dele era apenas uma engenhoca fabricado por Henry Ford que foi o primeiro a fabricar em escala industrial. Maybach e Daimler logo inventaram a corrida de velocidade e patrocinaram o cônsul austríaco Emil Jellinek para pilotar o carro. Este pintou no carro o nome da filha Mercedes. Houve um terrível acidente e os fabricantes resolveram homenagear o piloto e o construtor do motor batizando o invento de Mercedes-Benz. Uma curiosidade: a estrela de três pontas dentro de um círculo, símbolo da marca, representa as três maiores forças do planeta: terra, ar e água. A Marca da estrela continua viva, embora o controle acionário tenha mudado de mãos. Hoje a Mercedes-Benz é dirigida pela Volkswagen.

Outro enlace famoso é o dos inventores do revólver Smith&Wesson mais conhecido no Brasil como “Shimitiuesson” ou simplesmente “Shimite”. Horace Smith e Daniel Baird Wesson inventaram o revolver de repetição em 1857, depois de terem inventado, três anos antes o cartucho metálico. Com o evento da Guerra Civil americana foram estimulados a inventar o calibre 44. Em 1873 Smith se aposenta e Wesson compra a sua parte na sociedade e dá continuidade a fabricação da arma mais famosa da história. Em 1944 o seu sucessor cria a Magnum 44, imortalizada no cinema por Clint Eastwood nos filmes de Dirty Harry. A empresa passou a fabricar também lanternas, calçados para soldados, relógios e uma ampla linha de facas e canivetes.

Outro “casamento feliz foi o do polaco Antony Patek com o francês Adrien Philippe. Criaram em 1933 a mais famosa marca de relógios de pulso do mundo: Patek Philippe. Esta dupla conquistou mais de750 prêmios, incluindo 187 primeiros lugares. A apreciação de qualidade destes relógios é unânime: monarcas, presidentes, papas e milionários ostentam em seus respectivos pulsos a marca da Cruz de Calatrava (símbolo da Patek Philippe). É bom lembrar que o brasileiro Santos Dumont foi o inventor do relógio de pulso. Cansado da falta de praticidade dos relógios de bolso quando da necessidade de saber o tempo acima do chão enquanto manejava seus inventos, Dumont encomendou ao seu amigo Louis-Francois Cartier um relógio para o pulso. Voltando a qualidade de relógios, os dez mais valiosos do mundo são da marca Patek Philippe. O “Supercomplication” de 1933 é avaliado em 11 milhões de dólares, o equivalente a 7 milhões de euros (19 milhões de reais)- o mais caro do mundo e está exposto no museu Patek Philippe em Genebra. Na outra ponta, os relógios da Patek de preços mais acessíveis ficam em torno de 11 mil euros (26 mil reais).

Assim como na vida marital (homens e mulheres casados ou não) são raros os relacionamentos duradouros. Restam Roberto e Erasmo Carlos que ano após ano, vem batendo recorde, com mais de quatro décadas de casamento musical (todas suas músicas são de autoria da dupla). Uma parceria tão bem sucedida que dificilmente um dia será superada. Lennon e McCartney, por exemplo, foram muito felizes por 15 anos, mas a máxima “dreams is over” infelizmente não deixou.

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