quinta-feira, 7 de julho de 2016


O maior hippie da história


 Por Tadeu Nascimento


                              Imagine como seria Jesus Cristo se ele vivesse nos dias de hoje! Em um lugar como Nova Iorque, por exemplo.  Naturalmente teria nascido num bairro mais pobre da cidade: o Bronx. Ou se fosse no Rio de Janeiro, numa favela como a Mangueira, Rocinha ou na miserável Pavãozinho.  Mas suponhamos que fosse americano do norte:  estaria ele, o cabeludo que seria o mais conhecido da história, peregrinando pelas quintas avenidas da mais importante metrópole do mundo vestido com a sua indefectível calça jeans desbotada, camiseta branca tipo hering, um tênis velho e acompanhado por um bando de hippies- alguns com violões e flautas penduradas ao pescoço-, distribuindo flores e  cantando mantras como "Faça amor, não faça guerra"! Seriam, vagabundos ou desocupados, segundo a visão da elite mais rica e também da polícia mais poderosa do planeta. E ao comparar essa hipótese com os dias de hoje, me causa náuseas, pensar que nas igrejas é um desfilar de roupas da última moda a reverenciar o humilde mestre Jesus!
              E voltando a vida moderna do mestre: nas suas andanças, faria suas pregações na porta do edifício da bolsa de valores de Nova Iorque, o centro financeiro do mundo, assim como fez  Jesus no templo de Jerusalém, há 2016 anos: “Dai ao tio San o que é do tio San e a Deus o que é de Deus!” Discutiria com os doutores e PHDs das universidades e, pasmem, com os líderes das igrejas evangélicas! E os banqueiros, claro, torceriam os narizes para Jesus e para aquele bando de vagabundos!  Dormiria ao relento com sua turma no Central Park, a despeito dos cassetetes dos guardas que os acordariam por dormirem em um lugar público, criado por Deus pai, assim como foi um dia no Jardim das Oliveiras!
             E quantos aos seus milagres, Jesus ao passar pelos guetos novaiorquinos, curaria os drogados, os cegos por dinheiro, os surdos e mudos da palavra de Deus e multiplicaria pães, peixes e vinho para os miseráveis das escadarias do Harlem- um bairro pobre de afro-americanos! Talvez tivesse acompanhado de uma ex prostituta e ex drogada, tipo Mary Madalene.
              E certamente, um dia, um mega milionário perguntaria a Jesus como faria para que ele chegasse a Deus, e o Divino mestre responderia: "Vende a sua fábrica, sua mansão, seus carrões, doa tudo aos pobres e siga-me!" Pronto: Jesus ofenderia gravemente o deus dinheiro!
              E Jesus seria denunciado a justiça pelo Wall Street, centro financeiro de Nova Iorque ou pelo Federal Reserv, o banco central americano, por ofensa ao deus dinheiro, ao capitalismo, além  praticar a vadiagem, formação de quadrilha e por curas que seriam papel da indústria farmacêutica! A Suprema Corte, óbvio, condenaria o Cordeiro de Deus! A sua prisão seria conduzida coercitivamente pela a CIA e o FBI! Um batalhão dos marines armados até os dentes escoltariam o sublime Jesus à  cruz elétrica!
              E pela Via Crucis  passaria pelo bairro do Brooklin, bairro judeu- portanto seus compatriotas (onde não o reconheceriam e o negariam por três vezes!)- o mais populoso da cidade, repletos de turistas até Manhattan, a vitrine do capitalismo!
              E na sua crucificação, estaria entre dois ladrões banqueiros, quem sabe, os donos do banco JP Morgan ou do L Brothers que o "Sublime Peregrino" os ensinaria a arrepender dos seus pecados!
              E claro, seria transmitido ao vivo para todo o planeta, via satélite! Sob o patrocínio da Coca-Cola e de uma dezena de megas empresas! Claro, estamos vivendo o "Estado Espetáculo!"
              E nos rincões mais humildes do Terra muitas lágrimas rolariam diante tamanha injustiça contra o  Filho do Homem!
              E o céu tremeria com a sua morte!
              E a estátua da Liberdade soltaria uma lágrima de luz! A lágrima que iluminaria o mundo! A luz que cega os ignorantes da verdade de Deus!
              E sem essa luz, a humanidade continuaria a mesma: desumana!

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