quinta-feira, 30 de julho de 2009
















Protógenes Queiroz e Tadeu Nascimento em São Paulo.





A vitória de Protógenes Queiroz

Por Tadeu Nascimento

Em 06 de outubro de 2008, escrevi o meu primeiro artigo neste Diário da Manhã com o título “Por que o STF protege Daniel Dantas?” onde abordei sobre o maior esquema de corrupção dos 508 anos da história do Brasil envolvendo todos os poderes, além da “benevolência” do Supremo Tribunal Federal. Até então, nenhum articulista de Goiás havia escrito a respeito. Em outras oportunidades voltei ao tema evidenciando o poder corruptor de Dantas, a orquestração diabólica contra o delegado federal Protógenes Queiroz (e contra o juiz federal da 6ª Vara Criminal de São Paulo Fausto de Sanctis). Diante dos últimos acontecimentos, é inevitável que eu volte a debater sobre tal assunto, apesar de que eu preferiria escrever crônicas, que são o retrato do dia-a-dia, até porque sobre política- como disse em uma crônica- é como bater em ferro frio. É muito difícil um escriba goiano de influência tendente a zero como eu interferir ou mudar alguma coisa neste país. Mas a minha indignação fala mais alto. Por isso insisto.

No dia 03 de julho último, o procurador federal Rodrigo De Grandis denunciou o banqueiro Daniel Dantas e mais 14 pessoas. A denúncia foi encaminhada ao juiz federal Fausto de Sanctis, o mesmo juiz que decretou as duas prisões de Daniel Dantas e que de imediato o presidente do STF Gilmar Mendes, o protetor dos malas e dos corrompidos, concedeu os dois habeas-mala ao banqueiro dono do Grupo Opportunity. Era a deflagração da Operação Satiagraha que se iniciou em 08 de julho de 2008 com a prisão de Daniel Dantas, do ex-prefeito Celso Pitta e do especulador Naji Nahas. Esta denúncia oferecida por De Grandis comprova as incidências de ações de gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e finalmente aponta Dantas como um dos grandes financiadores do “Valerioduto” que ficou conhecido como o escândalo do Mensalão, cujo inicio se deu na campanha da reeleição do então governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo, PSDB (ainda na era FHC) e depois, aos políticos do PT e os da base aliada. Agora com os fatos apurados muitos nomes surgirão à tona. Em entrevista à revista Carta Capital de 15 de julho último, Protógenes Queiroz disse ao repórter o que se pode esperar da Operação Satiagraha: “O Ministério Público pediu abertura de mais três inquéritos. Isso com todo material coletado durante a operação. O que vem pela frente, não tenha dúvida, é que vão aparecer nomes de altas autoridades da República e de políticos. Também vai ficar claro o envolvimento dos partidos políticos no esquema de Daniel Dantas. Está tudo no HD (disco rígido) apreendido pela Operação Chacal (em 2004, no computador central do Opportunity, no Rio)”. Causou estranheza que logo depois da Operação Chacal a então presidente do STF Ellen Gracie impediu a abertura dos tais discos rígidos, o que resultaria na descoberta das falcatruas no processo das privatizações o que seria uma hecatombe no meio político e que mancharia irremediavelmente o ex-presidente Fernando Henrique e o PSDB. Como a ministra foi indicada por FHC, assim como Gilmar Mendes, o disco rígido está lacrado. O que, depois de aberto, poderá ser uma verdadeira caixa de Pandora que mostrará as mazelas do governo FHC e do Grupo Opportunity.

Segundo o artigo publicado na Folha de São Paulo de 24/07/2009 a Polícia Federal pediu a abertura de novo inquérito na Operação Satiagraha no Pará para investigar clientes e terceiros ligados à Agropecuária Santa Bárbara Xinguara, braço agropecuário do Opportunity, além de aprofundar investigações sobre suposta prática de crimes financeiros, leia-se lavagem de dinheiro e de compras irregulares de terras na região. O grupo possui 500 mil hectares de terras. O governo do Pará deverá entrar com novas ações pedindo devolução ao Estado de cinco fazendas compradas pela Agropecuária Santa Bárbara Xinguara. São áreas estaduais cedidas para colonização e extrativismo vegetal, no caso, de castanhas. Os ocupantes não cumpriram os contratos de aforamento- destruindo os castanhais- e as “venderam” para o grupo de Dantas. Em setembro de 2008 o governo daquele estado havia feito o mesmo pedido à justiça em relação a duas propriedades da empresa na região de Marabá.

Importante se atentar para o papel do STF na questão do mala- banqueiro. Dantas foi condenado em primeira instância a 10 anos de cadeia por corrupção quando tentou corromper o delegado federal Paulo Victor Alves com um milhão de reais na mesma Operação Satiagraha. Dantas entrou com recurso e responde perante a justiça, claro, em liberdade. Agora com novas denúncias o povo brasileiro há de estar vigilante quanto ao esquema que fará tudo para livrar o banqueiro das grades. A questão é: Gilmar Mendes vai burlar a lei e a justiça livrando mais uma vez Dantas do xilindró? A revista Veja que não é de hoje se vende a quem pagar mais estará a serviço do Opportunity, assim como a Rede Globo que só divulga sob propina.
Há quem condene os atos da Polícia Federal como extensão do Estado Policial. A verdade é que alguns esquerdistas empedernidos guardam consigo os dias negros da ditadura. A Polícia Federal de hoje cumpre estritamente determinações judiciais. No caso da Satiagraha, Protógens Queiroz cumpriu ordens diretas do jovem juiz federal Fausto De Sanctis de 34 anos que não tem qualquer relação com a ditadura. A CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas (sob a presidência do deputado Marcelo Itagiba (PMDB/RJ) que recebeu 10 mil reais de Dantas para sua campanha) foi obrigada inocentar Protógenes Queiroz.

No dia 20 deste mês tive o prazer de conhecer pessoalmente o Delegado Protógenes Queiroz (e sua esposa) em São Paulo e com ele entabulei alguns minutos de conversa. O assunto não poderia ser outro: a Operação Satiagraha. Vi nos olhos do olhos do jovem delegado a simplicidade e o idealismo de um servidor federal honesto. Quem o assistiu em uma das três vezes em que esteve em Goiânia para ministrar palestras, há de confirmar esta minha impressão.

No Brasil existe uma enorme facilidade de inverter a verdade; o honesto passa ser o bandido e vice-versa. A revista Veja acusou levianamente em 1993 o ex-presidente da Câmara Federal Ibsen Pinheiro de ter em sua conta bancária um milhão de dólares que resultou no escândalo da CPI do Orçamento, onde o campeão da vigarice foi o deputado João Alves (que pra justificar a sua fortuna ganhou mais de mil vezes na loteria esportiva: “Deus é muito bom pra mim!”). Ibsen Pinheiro que poderia ser candidato a presidente da República foi obrigado a se renunciar. Quase 12 anos depois foi comprovado que Ibsen Pinheiro era inocente. Quem assinou esta matéria? O jornalista Luís Costa Pinto, à época editor da Veja em Brasília. Outra inversão vergonhosa: a OAB-Go patrocinou, em 15/05/2008, o corrupto-confesso Roberto Jefferson, deputado (PTB/RJ) cassado envolvido com o Mensalão, em um simpósio contra a corrupção. É demais. Daqui a pouco vão prender o Romário. Acusação: ser goleador, marrento, mulherengo e franco. Enquanto isto Daniel Dantas, Celso Pitta, Naji Nahas e outros estão flanando por aí gastando o meu, o seu, o nosso suado dinheirinho. Te cuida Romário, tem muito flamenguista, tricolor, botafoguense querendo te pegar!...


Tadeu Nascimento é servidor público e advogado

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