quinta-feira, 27 de agosto de 2009

roberto

O Abominável Roberto Jefferson

Por Tadeu Nascimento

Quando eu era menino pequeno- não em Barbacena- mas lá em Rio Verde- das Abóboras (me orgulho de ser abobrense)- eu ouvia- não só do meu pai- mas de outros senhores mais velhos que homem que é homem, teria que ter vergonha na cara. Que a palavra de homem honrado teria como garantia o seu fio bigode. Hoje me pergunto- acho que todo mundo se pergunta- até a que ponto um homem de bem se portaria irredutível diante da sedução de dinheiro desonesto? Existe uma grande hipocrisia rondando a nossas vidas atualmente. O que é honesto e o que não é. Pergunto: se apoiar, pactuar, se irmanar, avalizar e se colocar ao lado no mesmo palanque de um político corrupto- ainda mais um corrupto - confesso- é ser honesto? Não é o caso de “ser ou não ser ; eis a questão”; mas a evidência de desonestidade sim, pois existe clara intenção de ludibriar. Só para ilustrar: se você estiver num palanque com Osama Bin Laden, você é um monge ou um terrorista?

É o caso de quem apóia ou dá guarida a Roberto Jefferson. O ex-deputado, é o atual presidente do PTB Nacional (pode? neste Brasil de memória tão esquecível, pode!) Logo o PTB de Getúlio, de Jango, de Brizola e de Darcy Ribeiro. Roberto Jefferson, réu confesso do Mensalão e que se negou a dizer onde foi parar os quatro milhões de reais que recebeu do Valerioduto, (cadê o STF para julgar este meliante e fazê-lo ver o sol nascer quadrado?) esteve no fim de semana em Goiânia a prestigiar o partido que preside. Fotos pra cá, fotos pra lá com muitos políticos (meu Deus, que políticos!). Há de chegar o momento em que a opinião pública cairá de pau em cima de Roberto Jefferson e aí ninguém- absolutamente ninguém- pousará nem para tirar foto 3x4- ao lado do canastrão Roberto Jefferson.

É tão fácil esquecer ou subestimar a inteligência popular como, por exemplo, o caso do senador Sarney que, por estar de braços dados com Lula -e como não conseguem derrubar o presidente- se esperneia no patíbulo para escapar da guilhotina dos espertinhos, dos oportunos. Estes mesmos que antigamente estiveram bajulando o então presidente da República José Sarney, como o senador Heráclito Forte da antiga Arena, que tinha- até pouco dias- a filha do ex-presidente Fernando Henrique- que trabalhava no “home sweet home” isto é, em casa- como assessora (se alguém não delata, ela estaria até hoje no cargo!), enquanto outros simples mortais servidores teriam que bater ponto e trabalhar para receber seus salários; o senador Agripino Maia, ícone da ditadura, que esteve ao lado de Sarney por décadas- ou melhor, somente enquanto lhe interessava- agora prega-lhe os últimos cravos. O senador Arthur Virgílio que tinha um assessor estudando na Europa, (se não é delatado, o assessor não seria demitido e ainda estaria lá, gastando em euro, of course) prometeu restituir em doze parcelas o dinheiro, fruto do crime; além de custear o tratamento de saúde de sua mãe ( 700 mil reais), também no continente europeu (ambos às custas do senado). Realmente estamos num mundo de inversão de valores. Pobre quando comete um crime, apanha da polícia, fica mofando atrás das grades, mas o senador Arthur Virgílio tem a facilidade de parcelar a reparação do seu crime. Imagine o leitor: Se alguém roubar, acreditando (óbvio) que ninguém descobriria o seu crime, mas, todavia, se alguém descobrisse tal falcatrua, ele devolvesse o fruto do roubo (em doze parcelas!) e ainda fosse perdoado, seria o caos, mas Arthur Virgílio pode. Todos do PSDB e do Demo (aliás, o demônio só não entra com “notítia criminis” contra os Demo, por apropriação indébita do nome, “Demo”, porque o STF não tem nada santo, ao contrário, é muito suspeito).

Agora inventaram uma nova saída para o crime: se descobrirem e se o criminoso confessar o crime, este se tornará uma espécie de santo, um herói dos trouxas que é o caso de Roberto Jefferson. Voltando ao Sarney: Por que não o acusaram, não o execraram durante as suas outras duas gestões na presidência do Senado? Então os senadores não sabiam dos atos irregulares de Sarney enquanto presidente daquela casa por dezesseis anos? Cretinices à parte, os senadores não deveriam subestimar a população. Eis mais uma indignação: a OAB-Go patrocinou em 15/05/2008 Roberto Jefferson, para palestrar num simpósio contra corrupção. Com que moral? Por que a OAB se prestou a este papel ridículo e imoral de avalizar as palavras de um corrupto-confesso? Este indivíduo- como diria Jânio Quadros- é um ator – um grande ator, posto que seu palco é o tribunal do júri, onde ele brinca com o emocional dos jurados. Deveria, portanto, ter sua carteira de advogado cassada por ferir a ética, os bons costumes então tipificados no Estatuto da OAB.

Pra quem não sabe, existem vários links na internet execrando o ex-deputado e mensaleiro Bob Jefferson por picaretagem. A indignação é tanta que dezenas de internautas perguntam porquê dão tanto espaço a um meliante profissional tão renegado (basta entrar no Google). No mês de maio deste ano, num vôo da TAM de Brasília para o Rio de Janeiro, preparando-me para ocupar a poltrona a mim reservada, escutei uma voz conhecida, um carioquês arrogante, pensei: esta voz não me é estranha e então, logo a abominável criatura se revela ao passar com três assessores que mais pareciam com Mike Tyson, quase a me atropelar. O carioquês arrogante saía da boca de Roberto Jefferson, que se apresentava mal vestido e com o cabelo em desalinho, mas a arrogância imprimia a sua marca. Bati três vezes na madeira.

Esta semana num encontro regional do PTB-Go (e depois no programa do Paulo Beringhs, excelente apresentador) em 24 de agosto último, data coincidente com os 55 anos da morte de Getúlio Vargas, criador do PTB, partido este usurpado do herdeiro natural Leonel Brizola (na redemocratização) pela Dona Ivete Vargas, Gastone Righi e, por ele, claro, Roberto Jefferson- veio, este último, para vender (e para cobrar caro depois) a sua falsa influência. Quem não se lembra dele quando fazia parte da tropa de choque de Fernando Collor? Na época era tão gordo que seu apelido era rolha de poço. Hoje é um poço de rolos. Na entrevista com Beringhs se comportou como gato manhoso, quase um inocente, papel este de ator de pornô-chanchada de quinta categoria.

É impressionante como certas pessoas se identificam com outras. São Gambás cheirando gambás.

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