sábado, 9 de maio de 2009

Dona Colombina
Historiador Filadelfo Borges de Lima
borgeslima@ibest.com.br
Como é do conhecimento de todos os rio-verdenses que conhecem um pouco da história do nosso município, o major da Guarda Nacional, Frederico Gonzaga Jaime, duas vezes intendente desta cidade e duas vezes deputado estadual, nascido em Pirenópolis em 1873 e falecido na nossa cidade em 1935, deixou larga descendência oriunda do seu matrimônio com dona Muzarta e com outras mulheres.No meu livro "Lauro Martins" falo no Major Frederico, que dá nome à praça apelidada, equivocadamente, de Praça dos Coqueiros. Digo que esse apelido é equivocado porque lá não existem coqueiros, mas palmeiras-imperiais, plantadas, carinhosamente, pelo saudoso Altino Paraguai, no tempo da fértil administração do Paulo Campos (31.1.61 a 31.1.66), da qual foi auxiliar. Altino, um dos grandes benfeitores do futebol desta cidade e falecido há mais de cinco anos, contou-me que sentia-se indignado com a alcunha que deram a esse logradouro exatamente porque o público confunde coqueiro com palmeira-imperial.Frederico era neto do padre Luís Gonzaga de Camargo Fleuri, que presidiu a Província na quarta década do século XIX. Esse padre é um dos grandes vultos da história goiana. O sobrenome Jaime ou Jayme na família começa em um dos seus filhos, o João Gonzaga Jayme de Sá, que era o genitor do Frederico. Este, por sua vez, com Muzarta gerou a Dalila, o Garibalde e outros. Dalila, com Jerônimo Martins, gerou o Lauro Martins e seus irmãos, e Garibalde, mais conhecido por Fiúco Jayme, que gerou, com Garibaldina (dona Fiúca), o Gonzaga Jayme e seus irmãos. Gonzaga foi o vereador mais votado de Rio Verde em 1958, enquanto que seu primo Lauro Martins o fora em 1954. Lauro veio a ser prefeito. Iron, também Jayme, idem. O ex-presidente da Câmara Municipal, Aloísio Rodrigues (Lauro Martins também foi presidente desse Colegiado) é bisneto do Frederico, mas do relacionamento deste com Deoclides de Gusmão, pois é neto da senhora Colombina, fruto desse romance.Na história da família Jayme (ou Jaime) há incontáveis homens públicos. Inclusive o senador Gonzaga, um dos principais líderes goianos na República Velha, assassinado no Rio de Janeiro, quando exercia a senatória, no início de 1921, por Eustachio do Carmo, marido de Glória de Carvalho Castro, que flagrou o casal em adultério. Outro político de destaque foi Olímpio Jayme, presidente da Assembléia Legislativa de Goiás em 1966, e seu sobrinho paterno Frederico Jayme Filho, presidente dessa Casa, parece-me que na década de 1980. Enfim, no Estado e em Rio Verde é extensa a lista de políticos da linhagem do padre Luís Gonzaga de Camargo Fleury.A senhora Colombina Jaime, nascida em Rio Verde no dia 19 de março de 1919, foi o último dos filhos do Major Frederico a falecer (salvo se houver algum de paternidade ignorada). Ela voou para o Céu no 119º aniversário da Proclamação da República, ou seja, 15.11. 2008. O dia em que o automóvel chegou ao Sudoeste pela primeira vez (19.8.1918), Colombina completou 9 anos e 5 meses.Ela dizia que sua amiga mais próxima, do tempo de infância, era a Dadá. Não sei quem foi Dadá. Quem mo disse foi Célio Jaime, seu único filho varão e meu colega de hidroginástica. Ele o fez por meio de um resumo escrito que passou aos meus cuidados na manhã de 24 de novembro último, na academia onde desenvolvemos esses exercícios.Dona Colombina era viúva de Guilherme de Lima, o popular Nenê Guilherme, mineiro de Belo Horizonte e falecido há anos. Célio é gêmeo com Célia. Maria Tereza, Anésia e Carmem de Lourdes (Nenzinha) são as suas outras irmãs.Na juventude, Colombina ia ao cinema do seu padrinho Urcesino Gusmão. Era fã do Roberto Carlos. Deixou, além de filhos, dezesseis netos, dezoito bisnetos e sete trinetos. Todos se ufanam de serem seus descendentes.Não conheceu a riqueza material. Tanto que, durante quinze anos, foi passadeira de roupa no Hospital Santa Terezinha. A herança que ela deixou não provoca inimizade entre herdeiros, porque não é formada de rebanhos, dinheiro e terra, mas de virtude, e virtude é um patrimônio que ladrão não carrega, rato não rói, praga não devora.

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